"O governo federal estuda medidas para auxiliar os produtores de leite. Essas medidas precisam acontecer imediatamente, tanto em relação a algo que equilibre melhor o preço do leite, como em relação a medidas que possam diminuir os custos da produção e aumentar as condições de renda do agricultor e da agricultura", disse Zeca Dirceu que considera "gravíssima a situação do leite no Paraná".

"Isso passa, é claro, por medidas que o governo já tem adotado, como a renegociação de dívidas e a liberação de recursos para mais investimentos e para mais custeio, com condições de juros, carência e prazos diferenciados", completou o deputado.

A crise em relação aos preços defasados, segundo Zeca Dirceu, deve se estender a outros estados produtores de leite e tem preocupado sobremaneira o parlamento brasileiro e o governo federal. "Tenho dialogado em Brasília com os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) e até mesmo com a Receita Federal, que deve fiscalizar as importações. Também tenho conversado com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e com a equipe mais próxima, inclusive do presidente Lula", adiantou.

"Fica aqui, mais uma vez, o meu compromisso com esse setor tão importante, que tanto emprego gera e que tanto movimenta a economia, principalmente dos pequenos municípios no Paraná e no Brasil", completou.

Agravante
Para os produtores, como os integrantes da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar de Salto do Lontra, o valor pago ao produtor de leite está muito baixo, variando entre R$ 2,40 e R$ 2,90 o litro, valor frequentemente insuficiente para cobrir os custos de produção (ração, energia, insumos). "A principal causa apontada para a crise é a entrada massiva e descontrolada de leite em pó importado, principalmente do Mercosul (Argentina e Uruguai). Esse produto, reconstituído em leite líquido, compete diretamente com o leite in natura paranaense, pressionando os preços para baixo", explica o deputado.

No Paraná tem mais um agravante. Diferente do padrão histórico, o preço do leite no estado cai durante o período da entressafra de inverno, quando normalmente deveria aumentar, o que acarreta mais prejuízos aos dos produtores.

Na Assembleia Legislativa, debates vêm acontecendo na tentativa de propor soluções para mitigar os impactos da crise junto aos setores produtivos paranaenses. Os parlamentares concordam sobre a necessidade de dialogar com o governo federal por medidas adicionais para proteger o setor. "O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil (4,6 bilhões de litros/ano), e a cadeia leiteira tem grande importância para a economia estadual. 

Produção inviável
A Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar de Salto do Lontra, da região sudoeste do Paraná, aponta que nos últimos meses, os agricultores familiares têm enfrentado fortes quedas no preço pago pelo litro de leite, ao mesmo tempo em que os custos de produção permanecem elevados, em razão do aumento dos insumos, energia, combustíveis, medicamentos e manutenção das propriedades", afirmou em carta enviada ao deputado.

"Tal cenário tem tornado a atividade leiteira inviável economicamente, colocando em risco a principal fonte de renda de centenas de famílias cooperadas, que dependem do leite para sua sobrevivência e para manter o ciclo produtivo ativo", reiteram.

A cooperativa pede que os órgãos do governo federal, em especial o Ministério da Agricultura, implementem  medidas emergenciais e estruturantes de valorização da produção leiteira, garantindo preço justo ao produtor e condições mínimas de sustentabilidade econômica para a agricultura familiar.