Cultura Itaipu
Inspiração indígena vai compor mural artístico no Gramadão da Vila A
A árvore da vida, desenhada pela indígena Laiza Kunha Yva Lopes, inspirou a artista franco-colombiana Alexandra Arango a criar parte do mural artístico “Entre água, entre mundos”, que será pintado no Gramadão da Vila A, em Foz do Iguaçu (PR), a partir de sexta-feira (24). A obra faz parte do projeto Nuances Rythmées, que une artistas brasileiros e franceses e integra a programação do Ano Brasil-França 2025. A Itaipu é apoiadora da iniciativa.
22/10/2025 10h53
Por: Redação Fonte: Itaipu
Alunos do Colégio Estadual Indígena Teko Ñemoingo trocam experiência com os artistas. Fotos: Sara Cheida
Alunos do Colégio Estadual Indígena Teko Ñemoingo trocam experiência com os artistas. Fotos: Sara Cheida

Nesta terça-feira (21), Laiza e outros estudantes do Colégio Estadual Indígena Teko Ñemoingo, na comunidade Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu (PR), participaram de uma oficina de desenhos com as artistas do Nuances. Durante a aula, elas puderam explicar a inspiração para os painéis que serão grafitados no muro do Corpo dos Bombeiros, próximo ao Gramadão. Serão quatro artes formando um mural com mais de 100 metros de comprimento.

A oficina também aconteceu nas comunidades Tekoha Itamarã e Tekoha Añetete, de Diamante D’Oeste (PR), e reuniu todos os estudantes que participaram da ação: eles fizeram desenhos – como a árvore da vida, de Laiza – usando sua verve artística para retratar a própria cultura. Os desenhos foram enviados às artistas do projeto Nuances, que vão incluir os valores dos povos indígenas no painel.

A árvore da vida da Laiza vai inspirar uma das obras

“Eu desenho desde pequena, e gosto de retratar personagens, natureza, animais. Neste aqui da escola, eu quis fazer uma homenagem aos animais resgatados”, explicou Laiza. A “árvore da vida” é uma referência à Operação Mymba Kuera, promovida pela Itaipu há 40 anos para resgatar os animais após o enchimento do reservatório.

A artista Alexandra explica que a árvore não fazia parte da ideia original, mas ela resolveu incluir em seu projeto após ver o desenho de perto. “Eu nasci na Colômbia e queria retratar o Rio Cauca, que atravessa o país, então trabalhei com o tema água que é importante aqui também. Mas eu quis vir aqui na comunidade, para modificar um pouco e mostrar uma arte que seja mais fiel à realidade”, disse.

De acordo com João Francisco de Lima, da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu, o envolvimento das comunidades indígenas em um projeto de arte de rua teve o objetivo de promover a integração e a troca de saberes. “Seis artistas indígenas vão para Foz do Iguaçu para auxiliar na pintura do mural e vão estar presentes na inauguração para entenderem que eles também fazem parte dessa arte que foi construída.”

Para a diretora do colégio, Delia Takua Martines, o ensino da arte é fundamental para desenvolver a autoestima das crianças e valorizar os dotes artísticos. “Os alunos indígenas estão muito envolvidos com a parte visual, por isso, a gente tenta ensinar mostrando os conceitos. E, quando descobrimos alunos que são bons desenhistas, estimulamos que cada um faça os desenhos que contam histórias e valorizem nossa cultura”, explicou.