O vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT-PR), defendeu nesta segunda-feira (03) a retomada do debate sobre a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola no currículo básico das escolas brasileiras. A proposta foi discutida durante uma reunião técnica entre parlamentares brasileiros e membros da Comissão de Educação do Congresso de Deputados da Espanha, realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília.
O encontro teve como tema o “Debate sobre políticas públicas educacionais e intercâmbio de experiências com parlamentares da Espanha” e contou com a presença da embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, e do ministro conselheiro da Embaixada, Juan José Escobar Stemmann. Também integraram a comitiva espanhola os deputados Guillermo Hita Téllez, presidente da Comissão de Educação do Parlamento espanhol, Óscar Clavell López, María Luz Martínez Seijo, Joseba Agirretxea, Juan Antonio Valero Morales e Etna Estrems Fayos, além de assessores e representantes do governo espanhol.
Durante o debate, Zeca Dirceu destacou o papel estratégico da língua espanhola para o Brasil, tanto do ponto de vista educacional quanto econômico e cultural. “Estamos cercados por países que falam espanhol e temos relações comerciais intensas com eles. A Espanha, inclusive, é um dos maiores investidores no Brasil. É fundamental que a nossa juventude tenha acesso a essa língua, que aproxima povos e amplia oportunidades”, afirmou.
O parlamentar lembrou que o espanhol já foi obrigatório no ensino médio brasileiro desde a Lei nº 11.161, de 2005, mas perdeu esse status com a reforma do ensino médio em 2017, durante o governo de Michel Temer. Desde então, o idioma passou a ser optativo, cabendo às escolas e redes de ensino decidir sobre sua oferta conforme seus recursos e prioridades. A nova lei do ensino médio, que começou a ser implementada neste ano, manteve essa regra, determinando que o espanhol seja oferecido “de forma adicional, como opção preferencial, na medida das possibilidades das redes de ensino”.
Zeca Dirceu ressaltou que há um movimento crescente no meio educacional para que o tema volte à pauta. “Fizemos o compromisso de retomar essa discussão na Comissão de Educação e trabalhar para que o espanhol volte a integrar de forma estruturada a formação dos estudantes brasileiros. O idioma é uma ponte com nossos vizinhos latino-americanos e um instrumento de ampliação de oportunidades”, destacou.
O presidente da Comissão de Educação do Parlamento espanhol, Guillermo Hita Téllez, elogiou o diálogo e manifestou interesse em fortalecer a cooperação entre Brasil e Espanha na área da educação. “Viemos conhecer como se realiza o ensino do espanhol no exterior e encontramos no Brasil um lugar apropriado para isso. A viagem tem sido muito proveitosa”, afirmou.
O encontro também discutiu políticas públicas educacionais, intercâmbio de experiências pedagógicas e a possibilidade de ampliação de parcerias acadêmicas e culturais entre os dois países. Para Zeca Dirceu, a reunião reforça a importância de um diálogo constante com nações que compartilham laços históricos e culturais com o Brasil. “Mais do que uma questão curricular, o ensino do espanhol representa um compromisso com a integração regional, com a cultura e com a formação de uma juventude preparada para um mundo cada vez mais globalizado”, concluiu.