Implementado para garantir um processo de matrícula mais equilibrado e eficiente em todo o Estado, o Sistema Estadual de Georreferenciamento de Escolas e Alunos (Segea) é uma tecnologia já consolidada no processo de matrículas da rede estadual de ensino do Paraná. Utilizada desde 2004, a ferramenta passou por aperfeiçoamentos ao longo dos anos e se tornou estratégica para a definição das áreas de abrangência, priorização por proximidade e distribuição automatizada dos estudantes conforme a capacidade das instituições de ensino.
Para o processo de matrículas de 2026, o sistema trará uma importante novidade: além de organizar as matrículas dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio da rede estadual, o Segea também passará a ser utilizado pelas redes municipais de São José dos Pinhais, Araucária, Pinhais, Colombo, Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, e Cascavel, no Oeste.
Esses seis municípios já tinham sido incluídos no projeto-piloto de implementação da ferramenta durante os processos de matrícula do ano de 2025 e agora terão efetivamente acesso à tecnologia para a gestão das vagas da educação infantil e do ensino fundamental I, ampliando a integração entre as redes municipal e estadual.
Desenvolvido pela Celepar (Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná) e operado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), o Segea utiliza dados de GPS e uma base única de endereços residenciais, desenvolvida em parceria com a Copel e a Sanepar, o que possibilita o mapeamento preciso tanto das unidades escolares quanto das famílias. A plataforma cruza informações de matrícula, residência e oferta de vagas, garantindo uma gestão mais transparente e racional do fluxo escolar.
A cessão da ferramenta aos municípios foi anunciada pelo Governo do Estado, como parte de um pacote de R$ 235,3 milhões em novos investimentos para a educação paranaense. A iniciativa estreita a cooperação entre o Estado e as prefeituras contribuindo para a construção de um padrão unificado de ensino.
“A nossa meta é garantir que o aprendizado das crianças seja contínuo e de qualidade desde a creche até o ensino médio, com um padrão unificado de ensino em todo o Paraná. Essa integração entre as redes municipal e estadual é essencial para que nenhum aluno tenha perdas no processo educacional”, afirma o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda.
“Com a expansão do Segea para os municípios, as famílias passarão a contar com um sistema mais justo e eficiente, que considera a localização da residência, a disponibilidade de vagas e a capacidade das escolas, contribuindo para reduzir deslocamentos, otimizar o fluxo escolar e ampliar o acesso a uma educação pública de qualidade desde os primeiros anos”, acrescenta.
Segundo o coordenador de Planejamento de Obras Escolares da Seed-PR, Valter Miguel Claro da Silva, além de organizar matrículas o georreferenciamento apoia o planejamento da infraestrutura escolar e orienta decisões sobre ampliação de unidades ou construção de novas escolas.
“Por meio dos dados georreferenciados, podemos prever a necessidade de construção de novas escolas, por exemplo, estimando também o quantitativo de salas de aula necessárias para atendimento aos estudantes em instituições de ensino na proximidade das suas residências”, diz Silva. “Dessa forma, os dados do Segea aliados a outros fatores, como os dados da expansão habitacional e população do município, constroem um cenário fidedigno em relação à necessidade de expansão da estrutura física da rede estadual de ensino em cada região do município”.
GESTÃO EFICIENTE – Os resultados consolidados pelo Anuário da Educação Básica do Brasil, publicado em setembro pelo instituto Todos Pela Educação, evidenciam o impacto positivo do Segea na rede estadual: de 2014 a 2024, o Paraná reduziu a taxa de abandono escolar nos anos finais do ensino fundamental de 2,7% para 0,2%, enquanto no ensino médio a queda foi de 6,8% para 1,3%.
Experiências adotadas em grandes centros urbanos e estudos internacionais também apontam ganhos expressivos com esse tipo de tecnologia. Pesquisas europeias mostram que ferramentas baseadas em georreferenciamento diminuem o tempo de deslocamento dos estudantes, favorecem o bem-estar e contribuem para melhores resultados de aprendizagem.
Para o Instituto Ayrton Senna, que há três décadas monitora a qualidade educacional no país, a permanência escolar está diretamente relacionada a boas estratégias de planejamento de rede, fator que o Paraná vem fortalecendo por meio do programa Educa Juntos, voltado à cooperação entre Estado e prefeituras.
Com a adoção do Segea pelos municípios, além de aprimorar a organização das vagas da educação infantil e dos anos iniciais, abre-se caminho para uma integração mais robusta entre as bases de dados municipais e estaduais, facilitando o planejamento territorial e orientando decisões futuras sobre expansão e adequação da infraestrutura escolar.