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Ação em parceria com Itaipu leva ao campo práticas integrativas em saúde

Projeto Bem Viver é realizado pelo Instituto Latino-Americano de Agroecologia Contestado (ICA), com apoio da Binacional, por meio do Programa Itaipu Mais que Energia

Por: Redação Fonte: Assessoria/Itaipu Binacional
07/04/2025 às 11h00
Ação em parceria com Itaipu leva ao campo práticas integrativas em saúde
Ednubia Ghisi e Comunicação Bem Viver.

Uma doença nunca está localizada. Isso é o que afirmam profissionais da saúde que trabalham as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) – abordagens associadas às relações humanas e à atenção ao entorno do paciente. No Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta segunda-feira, 7 de abril, as Pics representam um olhar diferente: em vez de particularizar, tratam a saúde de forma total, considerando o contexto e não só o problema.

As Pics podem ser definidas como ações terapêuticas que atendem o ser humano na sua integridade, na dimensão física, psicológica e afetiva – significam também uma conquista da saúde popular, que fortalece a conexão entre ser humano, meio ambiente e sociedade. Há uma ligação intrínseca à agroecologia pela visão de totalidade de mudança de relações e de um modo de vida alternativo. 

Estas práticas fazem parte da Política Nacional do Sistema Único de Saúde, e são denominadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI). No SUS, elas podem estar presentes em 29 procedimentos e práticas, entre elas fitoterapia, homeopatia, biodança, bioenergia e aromaterapia. 

Com o objetivo de multiplicar e enraizar o acesso a estas práticas, o Projeto Bem Viver realiza cursos e intercâmbios voltados especialmente a pessoas do campo. Das cerca de 50 pessoas participantes, de todas as regiões do Paraná, a maioria são mulheres. As formações garantem um encontro entre a Agroecologia e a Saúde Popular, e fortalece a atuação das Pics em comunidades da reforma agrária. 

O projeto é realizado pelo Instituto Latino-Americano de Agroecologia Contestado (ICA), em parceria com a Itaipu Binacional, por meio do Programa Itapu Mais que Energia, alinhado às políticas públicas do Governo Federal, e com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Foz do Iguaçu, e o Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

São cerca de 130 horas de aulas teóricas e práticas, além de visitas a campo, como a realizada ao Horto Medicinal da Itaipu, em Foz do Iguaçu, e o Centro Popular de Saúde Yanten, em Medianeira, no segundo semestre do ano passado. 

Pics e o cuidado integral da saúde

O Sistema Único de Saúde pode se articular a conhecimentos tradicionais para o bem-estar. As Pics, nesse sentido, são um conjunto de ações que tratam da questão física e psicológica das pessoas; não abordam apenas os sintomas – ou mesmo o problema –, mas também a raiz do problema, que não está limitada ao corpo.

De acordo com o Dicionário de Agroecologia, publicado pela editora Expressão Popular, as Pics têm uma ampla diversidade: “além das plantas, destacam-se o uso de crenças, religiosidade, alimentação saudável e práticas de prevenção à saúde”.

A farmacêutica Ana Carla Prade está entre as profissionais que ministraram aula durante a primeira etapa do curso das Pics, realizada em julho de 2024, na Escola Latino-Americana de Agroecologia Ana Primavesi, no assentamento Contestado, na Lapa. "A gente pensa em utilizar um medicamento ou uma metodologia para sanar aquela dor daquele estômago. Quando a gente pensa esse olhar dentro da saúde integrativa, eu vou investigar quais são as causas que estão levando ao adoecimento do estômago dessa pessoa e que, muitas vezes, pode estar vinculado a questões emocionais e preocupações", explica Prade, que atua no SUS de São Bento do Sul, onde coordena o programa Farmácia Viva e o Centro Municipal de Práticas Integrativas em Saúde.

“Não é simplesmente a dor de estômago, tem todo um contexto que eu posso atender com as Práticas Integrativas, tratando por exemplo o estômago dessa pessoa com uma planta medicinal, tratando a questão emocional. É um exemplo de uma prática simples, de baixo custo, acessível, que as pessoas podem se beneficiar muito e que tem dentro do SUS.”

Prade também destaca que a saúde popular é capaz de acessar pessoas e territórios que a saúde institucionalizada não chega – do campesinato, por exemplo. Nesse sentido, há uma questão estrutural em torno da saúde popular, além das práticas culturais que representam uma potência dos territórios e das tradições camponesas.

Sirlei Moraes, integrante da coordenação do Setor de Saúde do MST, explica a importância do curso para fortalecer a prevenção e os cuidados com a população do campo. “No Paraná temos áreas que não têm ainda o agente comunitário do município, então quem faz o papel do cuidado somos nós mesmas, nossas famílias”. 

A camponesa faz parte de um coletivo de produção 100% agroecológica no assentamento Guanabara, em Imbaú, onde vive com a família. Ela reforça a urgência da superação do modo de produção agrícola com veneno, sem respeito à natureza e sem relações humanas justas. “A agroecologia hoje é um dos pontos fundamentais dentro da nossa discussão. Agroecologia é saúde, saúde é agroecologia". 

Multiplicadoras da Saúde Popular

A Unidade Básica de Saúde (UBS) Chica Pelega, no Assentamento Contestado, é considerada uma referência de integração entre as Pics e o atendimento a partir da medicina tradicional. A UBS foi uma conquista coletiva das famílias assentadas e hoje conta com uma sala de terapias populares, como a auriculoterapia, e com um horto medicinal. 

Maria Natividade de Lima é integrante do Coletivo de Saúde do MST do assentamento Contestado e faz parte do coletivo que garante as PICS na UBS Chica Pelega. Ela tem mais de 30 anos de atuação em torno da Saúde Popular, e enfatiza o papel da alimentação como um primeiro caminho para a prevenção. Maria explica que há um ciclo de envenenamento, seja por agrotóxicos, seja por medicamentos. 

“Ingestão de comida envenenada e de água contaminada levam o povo a ingerir medicamentos alopáticos, que também envenena. Tratam só dos sintomas e não vão na causa, por isso defendemos a farmácia viva, o respeito, diálogo e solidariedade, não para só produzir lucro”, diz. 

Nesse sentido, a profissional associa a proteção da saúde à proteção da natureza. “A água deve ser de qualidade e não pode ser contaminada por agrotóxico, temos que aprender a proteger as cabeceiras de rios para abastecer as famílias com água limpa.”

Educanda do curso e moradora do assentamento Eli Vive, de Londrina, no norte do estado, Cláudia Feltrin, conta que as Pics resgatam saberes populares – o uso das plantas, práticas tradicionais como as parteiras e benzedeiras, por exemplo. A saúde total considera as condições materiais de vida do paciente: 

“A saúde não é a ausência de doença, é na verdade ter nossos direitos, que sempre são negados. O direito a ir e vir, à moradia, ao saneamento básico, à água de qualidade. [...] É não esquecer a ancestralidade. Minha vó era benzedeira, foi daí que me interessei pelas plantas medicinais. Eu a via fazendo os chás, benzendo, fazendo as garrafadas para o pessoal.” 

Entre os temas tratados do curso estão a produção de ervas medicinais e de mudas, coleta, processamento, armazenagem e a identificação de ervas medicinais nativas. Musicoterapia e dançaterapia, oficinas de sabão líquido, tintura e pomada, o aprofundamento do estudo sobre Educação Popular em Saúde. 

O curso acontece por meio da Pedagogia da Alternância, com atividades conjuntas de formação e práticas nas comunidades. Outras duas etapas ocorreram na Escola Milton Santos de Agroecologia, localizada em Maringá, em outubro do ano passado, e no Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), em Rio Bonito do Iguaçu, em março deste ano. 

A última etapa do curso será em junho, no Campus da Unioeste em Foz do Iguaçu. Como parte do processo de formação, as educandas estão fazendo um inventário da realidade, com levantamento de dados e informações, que darão vida a uma cartilha sobre a saúde popular, ervas medicinais e terapias alternativas de maior uso na comunidade. Também estão em construção três hortos medicinais comunitários, que serão fonte de mudas e ervas, para ampliar o acesso aos fitoterápicos. 

Fortalecimento da agroecologia 

A capacitação em torno da Saúde Popular faz parte de um conjunto de ações voltadas ao fomento de práticas agroecológicas no Paraná realizadas pelo Projeto Bem Viver. Além do curso das Pics, há ações específicas de reflorestamento, formação para produção de Sistemas Agroflorestais, cursos sobre linguagens artísticas e de comunicação.
Informações: Comunicação Bem Viver.

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