Foz do Iguaçu vive uma virada histórica no combate à dengue. Dados do primeiro trimestre de 2025 mostram uma queda de 96,8% nos casos confirmados em comparação com o mesmo período do ano passado: de 14.313 para apenas 449. Os óbitos, que chegaram a nove em 2024, estão zerados neste ano, e os casos graves passaram de 91 para 11.
A transformação é resultado de uma política pública integrada que combina limpeza urbana intensiva, educação em saúde e o uso de biotecnologia. À frente dessa estratégia está o prefeito general Silva e Luna, que coordenou, ainda em 2020, a articulação nacional para incluir Foz do Iguaçu no programa de combate à dengue com o uso do método Wolbachia, quando era diretor-geral da Itaipu Binacional.
“O nosso trabalho é diário, coordenado e baseado em ciência, dados e compromisso com a vida”, afirma o prefeito. Ele reforça que o sucesso só é possível com continuidade e integração de frentes. “Os resultados mostram que estamos no caminho certo.”
Entre janeiro e março deste ano, a prefeitura intensificou a limpeza urbana, realizando 476 podas de árvores — contra 43 no mesmo período de 2024 — e removendo mais de 4.800 toneladas de entulho. Equipes também atuaram em imóveis abandonados, com ingressos forçados em casos de risco sanitário.
“O mosquito da dengue se aproveita do descuido. Nosso trabalho é impedir que ele tenha espaço para se multiplicar”, diz o coronel Jorge Ricardo Áureo Ferreira, secretário executivo do gabinete do prefeito e coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Dengue.
A mobilização social também tem papel central. Só nos primeiros meses de 2025, cerca de 3.300 moradores foram alcançados por atividades educativas promovidas pela Divisão de Vigilância Ambiental do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
“A escola é nosso campo de ação mais transformador. As crianças aprendem e multiplicam esse conhecimento em casa”, afirma Renata Defante Lopes, coordenadora técnica do setor.
Tecnologia e planejamento de longo prazo
O método Wolbachia, adotado em Foz do Iguaçu, consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão da dengue, zika e chikungunya. A iniciativa é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio do Ministério da Saúde.
A biofábrica de mosquitos foi inaugurada em julho de 2024, e as liberações dos Wolbitos — como são chamados os Aedes com Wolbachia — começaram em agosto. Até o fim de março deste ano, mais de 34 milhões de mosquitos já haviam sido soltos em metade do território iguaçuense.
Embora o impacto direto ainda esteja sendo medido, a expectativa é de que o método ajude a consolidar a redução dos casos nos próximos anos. “A tecnologia leva um tempo para fazer efeito, mas essa estratégia, pensada com antecedência, será fundamental no médio e longo prazo”, diz Renata.
Para o coronel Áureo, a atual política municipal é uma continuidade estratégica. “O mosquito com Wolbachia não faz tudo sozinho. É a política pública integrada que garante os resultados.”
Cobertura total com Wolbachia será alcançada no segundo semestre
Com a primeira etapa de implantação do método Wolbachia concluída — cobrindo 50% do território —, o prefeito Silva e Luna afirma que a meta agora é expandir o alcance para 100% da área urbana de Foz do Iguaçu ainda em 2025. Para isso, o município manterá a biofábrica em funcionamento e as liberações diárias dos mosquitos. A expectativa é que a cobertura integral seja atingida no segundo semestre, consolidando Foz como referência nacional na aplicação da biotecnologia contra arboviroses.
“A tecnologia, como o método Wolbachia, potencializa os resultados, mas é a união entre gestão pública e população que sustenta a transformação. Seguiremos trabalhando juntos, com responsabilidade e compromisso, para alcançar a cobertura total e consolidar Foz como referência nacional no enfrentamento às arboviroses”, finaliza o prefeito General Silva e Luna.