Você não foi destinada a consumir sua existência na defensiva, protegendo-se das dores que moldaram sua jornada. Seu chamado transcende a mera sobrevivência às cicatrizes; você foi criada para manifestar a plenitude da mulher sonhada pelo céu antes que as agruras do mundo a ferissem.
Aquela versão antiga – incessantemente buscando aprovação, sufocando as lágrimas e carregando o fardo da culpa até em seus silêncios – essa mulher cumpriu seu ciclo.
No encontro transformador com Jesus, não houve um mero aprimoramento da sua antiga identidade. Houve uma ressurreição, o despertar de uma nova mulher, radicada em uma verdade libertadora:
Eu não sou a rejeitada, mas a escolhida. Eu não sou a esquecida, mas a amada. Eu não sou a difícil de amar, mas a filha. Eu sou herdeira, pertencente ao Reino.
Essa nova mulher não emerge do esforço exaustivo da auto-construção, mas da rendição graciosa. Ela floresce no espaço onde o controle é abdicado, as máscaras são desfeitas e as armas são depostas, em um reconhecimento profundo: "Deus, meu anseio vai além de uma vida melhor; eu almejo viver o propósito que o Senhor traçou para mim."
Mas como se processa essa cura profunda?
A cura irradia quando a mulher abandona a ilusão de uma fortaleza solitária. Ela se permite reconhecer suas feridas na presença de Deus, não como motivo de vergonha, mas como um convite à restauração divina.
A cura se manifesta na entrega daquilo que foi ocultado por anos, na decisão firme de não mais se curvar às narrativas distorcidas da dor. É permitir que o toque redentor de Jesus alcance as áreas mais sensíveis e evitadas da alma.
A cura floresce na troca do orgulho pela vulnerabilidade, da máscara da autossuficiência pela dependência do Espírito Santo, do medo do abandono pela segurança inabalável da filiação celestial.
A cura não reside no esquecimento do passado, mas na permissão para que Deus, a partir da cruz, reescreva a história – uma história redimida, que não mais se define pela dor.
Essa cura é um processo contínuo, um florescer diário. Não porque a jornada se torna isenta de desafios, mas porque, em cada tropeço, há a confiança renovada de retornar ao colo do Pai, encontrando ali refúgio e renovação.
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:17)