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Está disponível para a sociedade a versão atualizada do mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil, na escala um para 500 mil (1:500.000), que indica em nível regional o potencial das terras para uso com lavouras, em três níveis de manejo, ou para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural. Os estudos que resultaram na classificação da aptidão agrícola em todas as regiões brasileiras foram desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Solos (RJ) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aporte financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Apresentação oficialO novo mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil será apresentado na solenidade de 50 anos da Embrapa Solos, nesta quarta-feira (28/05), a partir das 9h30, no Teatro Ecovilla Ri Happy – Sala Tom Jobim, na Rua Jardim Botânico, 1008, Rio de Janeiro (RJ). |
O mapa está disponível gratuitamente na plataforma da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo) e no Portal de Dados da Plataforma Tecnológica do PronaSolos. O ativo cartográfico subsidiará o direcionamento de políticas públicas relacionadas ao uso da terra e tomada de decisão, em escala regional, para conservação e sustentabilidade da atividade agrícola. A atual versão é apresentada como uma segunda aproximação, ainda devendo passar por mais uma etapa de revisão e aprimoramento para complementação e melhor adequação das informações disponibilizadas.
Pela metodologia adotada, as terras foram avaliadas quanto às possibilidades de aproveitamento agropecuário tendo em vista suas qualidades naturais e a viabilidade de melhoramento das condições agrícolas por meio do emprego de insumos e aplicação de diversas práticas de manejo, em distintos níveis tecnológicos.
Para as diferentes classes de solo, foram avaliadas as possíveis interações entre os atributos mais relacionados aos cinco fatores limitantes ao uso agrícola das terras: deficiência de fertilidade, deficiência de água, deficiência de oxigênio (ou excesso de água), suscetibilidade à erosão e impedimentos à mecanização. No caso da avaliação da aptidão para silvicultura foi considerado, adicionalmente, o fator limitante “impedimentos ao enraizamento”.
Para cada um desses fatores, explicam os pesquisadores, foram atribuídos graus de limitação – nulo, ligeiro, moderado, forte, muito forte, extremamente forte e intermediários –, que expressam o grau de desvio das terras em relação a uma situação ideal. Levando em consideração as diferentes condições socioeconômicas ao alcance do agricultor, foram considerados na avaliação três níveis de manejo (A, B e C), que representam distintos níveis tecnológicos: o primeiro deles (o nível A) contemplando apenas o emprego de técnicas simples e rudimentares; o nível B, para o qual estão previstos recursos tecnológicos intermediários, adequado a produtores de média capacidade de investimento; e o nível C, correspondente à agricultura moderna altamente tecnificada, com aplicação intensiva de capital e tecnologia.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Amaury de Carvalho Filho, essa diferenciação permite identificar o potencial de uso das terras tanto para pequenos produtores rurais, com baixo grau de instrução e descapitalizados, como para agricultores de nível médio e também para a agricultura em escala empresarial. “Assim, por exemplo, uma determinada área com condições topográficas ou de solo desfavoráveis ao emprego de máquinas e implementos agrícolas pode não ser apropriada para a implantação de lavouras altamente tecnificadas, que requerem grande escala de produção, mas em contrapartida pode apresentar boas condições para o uso com agricultura familiar, em nível tecnológico mais baixo, possibilitando boa rentabilidade com modesto emprego de capital”, explica.
A classificação da aptidão agrícola prioriza as possibilidades de usos mais nobres da terra, como é o caso das lavouras, seguida de usos menos intensivos.
Para cada condição de manejo especificada no procedimento metodológico adotado – níveis A, B e C – foram identificadas as classes de aptidão agrícola “boa”, “regular” ou “restrita” para o uso com lavouras dos solos que ocorrem nas distintas unidades cartografadas no mapa. Por outro lado, caso o solo apresente condições inadequadas para exploração com culturas agrícolas, foram avaliadas as possibilidades de usos menos intensivos, referentes a pastagem plantada, pastagem nativa e silvicultura. “A avaliação para exploração florestal, ou silvicultura, no nível mais avançado (nível C) foi incorporada como uma inovação à metodologia utilizada. É um diferencial em relação aos trabalhos anteriores”, acrescenta Carvalho Filho.
O pesquisador reforça que um ponto importante da metodologia é a apresentação em formato digital da classificação da aptidão de maneira conjunta, indicando, ao mesmo tempo, o potencial das terras para uso com lavouras nos três níveis de manejo ou para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura, em nível tecnológico médio ou alto, ou pastagem nativa.
“Resumindo, esse mapa de aptidão agrícola das terras do Brasil apresenta a classificação para diferentes tipos de uso e níveis tecnológicos de exploração. Assim, para cada unidade espacial delimitada no mapa, e para os seus respectivos solos, são indicadas as classes de aptidão ‘boa’, ‘regular’ ou ‘restrita’ para lavouras nos três níveis de manejo, para pastagem plantada, para silvicultura ou para pastagem nativa, expressando o máximo potencial de uso agrícola de suas terras em nível regional”, detalha o pesquisador.
Outra indicação é a falta de viabilidade do aproveitamento agrícola de determinadas áreas (classe inapta), caso não apresentem condições mínimas de sustentabilidade econômico-ambiental, devendo ser destinadas à preservação da natureza ou a algum outro tipo de uso não agrícola.
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O mapa de aptidão agrícola das terras está disponível gratuitamente na plataforma da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo). Acesse pelos links abaixo:
O mapa também está disponível na plataforma tecnológica do PronaSolos, na aba Zoneamentos/Interpretações.
Suporte à tomada de decisão e subsídio a políticas públicasDevido à grande extensão territorial do Brasil e ao caráter generalizado das informações sobre os solos e condições ambientais que embasam a interpretação realizada, o mapa de aptidão agrícola é apresentado na escala 1:500.000, considerada pelos pesquisadores mais adequada para representação do potencial de uso das terras. Por isso, sua aplicação é indicada para planejamentos de caráter regional – estados, regiões administrativas e grandes bacias hidrográficas. Nessa escala, os cientistas do solo destacam que as informações do mapa nacional de aptidão agrícola podem ser usadas, por exemplo, para fins de direcionamento de atividades agropecuárias e alocação de recursos e regionalização de incentivos, ou mesmo para definição da distribuição de redes viárias de escoamento da produção, priorização de estratégias conservacionistas em áreas mais vulneráveis à degradação e também como subsídio a zoneamentos diversos. “Além disso, este mapeamento pode ser utilizado na avaliação do potencial de expansão da produção agrícola em nível municipal ou de microrregiões geográficas, assim como para direcionamento e adequação de projetos de extensão rural ou, ainda, para identificação de áreas preferenciais para preservação e formação de parques”, salienta o pesquisador da Embrapa José Francisco Lumbreras. Dois programas de estado que devem ser diretamente beneficiados são o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos) e o Programa Nacional de Zoneamento de Risco Climático (Zarc). “Mesmo com a limitação inerente à pequena escala deste mapa de aptidão agrícola do Brasil, cujas unidades espacializadas abrangem áreas extensas, de no mínimo mil hectares, o que torna inviável sua aplicação direta para tomada de decisão em nível de fazendas, as informações podem ser utilizadas por cooperativas rurais e associações de produtores, ou mesmo por proprietários de áreas maiores, como instrumento auxiliar para avaliações de adequação e riscos de insucesso de empreendimentos agropecuários”, pondera Lumbreras. |
Fernando Gregio (MTb 42.280/SP)
Embrapa Solos
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