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Novos zoneamentos climáticos vão ampliar a produção de batata voltada ao mercado e à indústria

O Zarc da batata leva em conta a realidade do sistema de produção

Por: Redação Fonte: Embrapa
27/05/2025 às 11h33
Novos zoneamentos climáticos vão ampliar a produção de batata voltada ao mercado e à indústria
Foto: Paulo Lanzetta
  • O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anuncia hoje (27/5) duas novas portarias do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) direcionadas ao cultivo da batata no Brasil.
  • As orientações, baseadas em pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, indicam áreas mais propícias ao cultivo, considerando o mercado fresco (mesa) e a produção de matéria-prima para a indústria.
  • As portarias padronizam as orientações em âmbito nacional, em substituição aos zoneamentos por estados, vigentes até o momento.
  • Essa nova metodologia, unificada para todo o País, ajuda a identificar novas áreas com potencial produtivo, como foi o caso de regiões em condições de altitude elevada na Bahia.
  • Os documentos consideram ainda as principais ameaças climáticas à produtividade do tubérculo, como temperaturas extremas e volumes de precipitação inadequados.

 

Dois novos estudos de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) vão impulsionar o cultivo de batata no Brasil, com foco no consumo in natura e no processamento agroindustrial. As portarias, elaboradas com base em estudos realizados pela Embrapa, foram publicadas hoje (27/5) pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) e oferecem ao setor produtivo orientações sobre áreas com maior probabilidade de sucesso para o desenvolvimento das lavouras, levando em consideração especificidades do cultivo com foco no mercado fresco (mesa) e na produção de matéria-prima para a indústria.

A principal diferença entre as duas finalidades diz respeito ao ciclo da cultura - o período desde o plantio até a colheita - o que reflete em diferentes potenciais produtivos e padrões de qualidade. No caso da batata de mesa, o ciclo da cultura é interrompido em torno de 90 dias para que o tubérculo se desenvolva para atender às exigências do mercado, especialmente quanto à aparência. Já para a indústria, em que o tamanho e a qualidade intrínseca dos tubérculos são as principais exigências, o ciclo vai de 120 até 130 dias.

“A batata para o mercado fresco é interrompida em torno de 90 dias porque a intenção é que apresente aparência, com pele lisa, para agradar o mercado. E para a indústria é necessário deixar crescer bastante e completar o ciclo de maturidade, que é quando atinge o máximo de matéria seca e o mínimo de açúcar. Essas são as qualidades intrínsecas para dar um produto de boa qualidade, como crocância e cor clara. Nesse caso, não importa que a pele fique mais áspera”, explica o pesquisador Arione Pereira, responsável pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa.

O Zarc da batata não considera cultivares específicas, mas leva em conta a realidade do sistema de produção, que tende a ser similar em grande parte das regiões produtoras no Brasil. O manejo, que interrompe a maturação natural das plantas antes do período para atendimento a necessidades específicas, faz com que as diferenças na produção entre as cultivares - geralmente ligadas ao comprimento do ciclo - não sejam importantes ao estudo.

“O zoneamento não considerou diferenças entre as cultivares em função do ciclo da cultura ser definido pelo manejo no sistema de produção”, afirma o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) e um dos responsáveis pela elaboração do Zarc, Carlos Reisser Júnior. Esse é um dos motivos que justifica a necessidade da elaboração de estudos separados considerando as diferentes aptidões das batatas.

Principais riscos enfrentados pela cultura

No caso da batata, aspectos climáticos, como as temperaturas extremas (altas ou baixas) e volume de precipitação inadequado são os principais fatores de risco que provocam a morte das plantas ou a redução excessiva na produtividade. Especificamente com relação às chuvas, períodos de seca têm impacto direto nas lavouras, mas podem ser contornados com o uso de irrigação. Já o excesso de chuvas, por sua vez, além do encharcamento, causa danos considerados indiretos, favorecendo o surgimento de doenças nas plantas e nos tubérculos.

Outros fatores climáticos importantes dizem respeito a reduções nos níveis de radiação e à incidência de granizo e geada. Além disso, também são considerados como critérios auxiliares no estudo aspectos como qualidade do solo, altitude e estimativa de produtividade das áreas, indicando regiões com maior ou menor potencial produtivo. Para a elaboração do zoneamento, essas condições são levadas em consideração ao longo de todo o ano, com definição dos níveis prejudiciais quanto a cada uma delas, de maneira a se estabelecer as classificações de risco de perda.

 

Zoneamento nacional ajuda a identificar novas áreas com potencial de cultivo

As novas portarias substituem os antigos Zoneamentos Agroclimáticos da batata, que eram realizados por estados produtores. A partir da publicação delas, o trabalho apresenta os resultados por municípios, considerando todas as regiões do País, a partir de busca na plataforma Painel de Indicação de Riscos do Mapa, ou via aplicativo Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital (SP).

A nova metodologia, unificada para todo o País, também ajuda a identificar novas áreas com potencial produtivo, como foi o caso de regiões em condições de altitude elevada na Bahia. Por serem climaticamente propícias, essas áreas apresentam risco climático dentro dos níveis aceitos nos Programas de Seguro Rural (PSR) e de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), mesmo que não abriguem tradicionalmente a cultura. Isso não era previsto nos estudos anteriores. No entanto, Reisser destaca a necessidade de realizar testes e considerar outros fatores, como disponibilidade de água e de mão-de-obra qualificada na região, bem como mercado e logística de distribuição, por exemplo, antes da implantação de novas áreas.

Para a consulta, produtores rurais e demais atores ligados ao setor selecionam o município de interesse e o sistema sinaliza quais as datas indicadas para o plantio, caso a área seja propícia ao cultivo, indicando também variações de riscos de perda de 20%, 30% e 40%. Variáveis como altitude da área e tipo de solo são levadas em consideração, bem como a finalidade do plantio. O cálculo indica risco menor em regiões de baixa precipitação para áreas com sistema de irrigação já instalado.

Para o pesquisador, essas informações são fundamentais, porque mostram as melhores épocas para se produzir com menores riscos. “É uma orientação para o sucesso do produtor”, afirma. Além disso, o Zarc organiza o sistema de produção nacional para que os interessados tenham um balizador para evitar riscos excessivos. “O estudo é realizado pela Embrapa, com a colaboração de especialistas de outras organizações, e é também utilizado pelo PSR, Proagro e sistema de seguro particular, o que mostra a importância dessa ferramenta”, justifica.

 

Estudo realizado em parceria

O trabalho para a elaboração do Zarc da batata foi coordenado pela equipe da Embrapa Clima Temperado, onde também é realizado o Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, responsável pelo desenvolvimento de novas cultivares. O portfólio da empresa abriga cinco cultivares lançadas desde 2012 - três em processo de adoção -, e está avançando. Representa hoje cerca de 7% das cultivares disponíveis no mercado nacional, com materiais que conciliam produtividade com diferentes aptidões culinárias.

Ainda contribuíram na validação do estudo pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF), que também faz parte do Programa de Melhoramento, e da Embrapa Agricultura Digital, responsável pelo banco de dados onde estão armazenados os dados ligados ao zoneamento. Outra parceria importante foi da Associação Brasileira da Batata (ABBA). A entidade deu apoio às equipes de pesquisa na articulação com produtores e indústrias para construção da metodologia e validação dos dados junto aos elos do setor produtivo.

 

Fotos da matéria: Paulo Lanzetta

 
 

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

Contatos para a imprensa

Telefone: Telefone: (53) 3275-8188

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