O Governo Federal lançou nesta segunda-feira (30) o Catálogo de Máquinas para a Agricultura Familiar (versão junho de 2025), durante a solenidade de anúncio do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/26, no Palácio do Planalto, que contou com a presença da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e de seus quatro diretores. A publicação, organizada pela Empresa, é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e parceiros, com o objetivo de atender às necessidades dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais de todo o Brasil.
De forma objetiva e categorizada por funcionalidades de uso no campo, o catálogo faz parte dos Programas Mais Alimentos, Nova Indústria Brasil e de Pesquisa e Inovação para a Agricultura Familiar (PNPIAF). Todos os equipamentos reunidos são financiados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), destinado a estimular a geração de renda e a melhoria do uso da mão de obra familiar.
A participação da Embrapa, como organizadora do catálogo disponibilizado aos agricultores familiares, atende à demanda do MDA, por meio de um termo de execução descentralizada (TED), que resultou na realização de um mapeamento nacional sobre usos e necessidades diagnosticados em seminários e oficinas regionais, com a presença de segmentos representativos das diversas cadeias produtivas.
Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, foi importante a contribuição da Empresa, que representa a pesquisa e inovação na agricultura. “A agricultura familiar está entre as prioridades do nosso trabalho e ajudar nas ações que contribuam com a mecanização dos estabelecimentos agrícolas faz parte das estratégias que vão facilitar o incremento da produtividade e redução da penosidade no campo”, disse. Na foto ao lado, ela acompanha o lançamento do evento de lançamento do Plano Safra da Agricultura familiar, no qual a Embrapa é citada várias vezes por sua contribuição ao setor.
“Trata-se de um setor que ainda enfrenta muitas dificuldades, principalmente em função do alto custo de maquinários e a oportunidade de ter acesso a produtos desenvolvidos de acordo com a realidade rural do pequeno produtor significa o reconhecimento do que representa esse setor não só para a economia mas para a segurança alimentar brasileira”, afirmou.
De acordo com o IBGE, o País possui 3,9 milhões propriedades de agricultura familiar, representando 77% de todos os estabelecimentos agrícolas. Por outro lado, o índice de mecanização da agricultura familiar é muito baixo. Cerca de 13% de todos os estabelecimentos rurais utilizam tratores para a realização das operações agrícolas, com indicadores ainda mais críticos nas regiões Norte e Nordeste, com 3,7% e 1,5% de uso de tratores, respectivamente.
Além da Embrapa, o catálogo contou com o apoio da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, do Simers - Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implentos Agrícolas do Rio Grande do Sul, e da Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, que contribuíram no fornecimento e compilação das informações.
O conteúdo reúne equipamentos que podem ser financiados que vão desde tratores agrícolas a equipamentos para preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita e máquinas para horticultura, mandiocultura, cafeicultura, forragicultura, produção de grãos e ainda máquinas chinesas em fase de testagem no Brasil. O catálogo também contempla máquinas voltadas à sociobiodiversidade e tecnologias assistivas (TA), desenvolvidas para promover autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social de pessoas com deficiência no meio rural — um avanço significativo para ampliar a acessibilidade e equidade no campo.
De acordo com o analista Henrique Carvalho, da Gerência-Geral de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, responsável pela coordenação do conteúdo do Catálogo de Máquinas para a Agricultura Familiar, o trabalho foi construído em parceria com representantes do setor, que apresentaram suas necessidades e indicaram as formas de incentivar e apoiar as atividades do campo. “O acesso ao conhecimento e à tecnologia foi o ponto de partida para que esse esforço se revertesse em uma estratégia concreta em benefício da agricultura familiar”, afirmou.
Além da elaboração do catálogo, a Embrapa contribuiu com a primeira ata de registro de preços, voltada à aquisição de máquinas e implementos agrícolas adaptadas para famílias de produtores, lançada pelo MDA. O objetivo da ata é ser uma vitrine de soluções prontas para parlamentares indicarem os recursos em um processo que já conta com fornecedores qualificados, preços definidos e prazos estabelecidos.
Entre os itens que poderão ser adquiridos estão motocultivadores, microtratores e tratores de pequeno porte, além de implementos como roçadeiras, arados, debulhadores, plantadeiras, carretas agrícolas, pulverizadores, entre outros, todos com especificações adaptadas à agricultura familiar. A ata poderá ser utilizada para a compra de até 1.874 unidades, num total de mais de R$ 75,5 milhões, sendo mais uma das entregas realizadas pelo MDA no Plano Safra 2025/2026.
O conteúdo do Catálogo pode ser acessado aqui
Falta de recursos não impede agricultor de superar desafiosAos 73 anos, o ex-produtor rural de Piratini (RS) Joaquim Kurz é um exemplo que quem conhece bem o dia a dia do campo, das dificuldades e atropelos para manter a produção e ainda ter agilidade para administrar o tempo na lida da propriedade. A falta de recursos para aquisição de equipamentos não foi impedimento para superar os desafios. Para ele, o ditado que diz que “a necessidade é a mãe da providência” virou meta de vida. Com formação até a 4ª série do antigo Primário, mas muito bom de desenho e matemática, inventou tudo o que precisou e hoje é proprietário de uma pequena metalúrgica, administrada pelo filho Márcio, único dos três que abraçou a missão de dar continuidade ao trabalho do pai.
“Ela diminui os custos de produção e aumenta a área plantada em até oito vezes em comparação ao plantio convencional manual”, completa. Inicialmente, o protótipo do equipamento foi pensado como solução para a silvicultura, mas acabou destinado ao plantio das forrageiras BRS Kurumi e BRS Capiaçu. Equipado com itens de segurança, permite a aplicação de adubo/fertilizantes em linha, ao lado e sob as mudas, colmos e/ou toletes. Joaquim Kurz também foi premiado pelo equipamento Preguiçoso, no Prêmio Afubra/Nimeq, uma promoção da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e o Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Universidade Federal de Pelotas (Nimeq/Ufpel), com o apoio da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Preguiçoso é uma auxiliadora de plantio e foi a segunda colocada entre as melhores invenções para a agricultura familiar. Saiba mais sobre a plantadeira de mudas de forrageiras: Plantadeira de mudas de forrageiras aumenta a produtividade do trabalho em até oito vezes |
Cerimônia no Palácio do PlanaltoEvento reuniu centenas de agricultores familiares no Palácio do Planalto O Governo Federal destinou R$ 89 bilhões para a agricultura familiar no Plano Safra 2025/26. O montante engloba políticas de crédito rural, compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica, garantia de preço mínimo, entre outros mecanismos, com juros variando entre 0,5% a 8%. Do total, R$ 78,2 bilhões são para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), aumento de 3% em relação aos R$ 76 bilhões disponibilizados na temporada 2024/25. Paulo Teixeira, ministro do MDA, destacou as novas linhas de financiamento do Plano Safra para a agroecologia, quintais produtivos e irrigação. “O governo brasileiro tem o compromisso de soberania alimentar no país, por isso estamos investindo recorde nos planos safras da agricultura familiar nos últimos três anos”, afirmou. Ele destacou o crescimento de contratos no Plano Safra, com um aumento de 300 mil contratos. “O Plano Safra precisava ser nacional e tivemos um aumento de 90% de financiamento para o Nordeste, 33% no Norte e 40% no Sudeste, explicou, lembrando que foram identificados aumentos no financiamento do leite, café, arroz, frutas, suinocultura, avicultura e hortaliças. Teixeira fez referência à Embrapa Agrobiologia como exemplo de pesquisa em quintais produtivos que por mês oferece uma renda ao agricultor na faixa de 4 a 5 mil reais, em meio hectare de quintal produtivo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também assinou o decreto que institui o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos, o Pronara. A iniciativa vai reunir ferramentas de pesquisa, informação, monitoramento de resíduos, além de assistência técnica e extensão rural e bioinsumos, para reduzir o uso de agrotóxicos e ampliar a produção sustentável de alimentos saudáveis pela agricultura familiar. |
Kátia Marsicano
Assessoria de Comunicação (Ascom)
Contatos para a imprensa
imprensa@embrapa.br