O Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL) concluiu na última sexta-feira (18) a sexta etapa do projeto Lean nas Emergências, iniciativa do Ministério da Saúde que visa combater a superlotação nas unidades de pronto atendimento do SUS. Com coordenação da Beneficência Portuguesa de São Paulo e apoio dos hospitais Moinhos de Vento (RS) e Sírio-Libanês (SP), o programa aplica métodos da indústria para tornar o fluxo hospitalar mais eficiente e centrado no paciente.
As atividades deste encontro começaram na quinta-feira (17) e tiveram como foco principal a integração dos profissionais médicos às mudanças estruturais que vêm sendo implementadas desde novembro do ano passado, quando o projeto foi iniciado no HMPGL. A metodologia Lean (termo em inglês que significa "enxuto") promove a revisão de processos internos para eliminar desperdícios e ampliar a capacidade de atendimento com os recursos já existentes.
“A grande causa da superlotação não está apenas no volume de pacientes na entrada, mas na dificuldade de liberar leitos internamente”, explicou o médico-consultor José Arthur, representante da Beneficência Portuguesa em Foz. “O Lean atua exatamente nisso: identifica gargalos, corrige rotinas ineficientes e capacita as equipes locais a manter melhorias contínuas.”
Segundo ele, cerca de 70% a 80% da superlotação nos prontos-socorros brasileiros se deve à baixa rotatividade de leitos. Em Foz, indicadores como tempo médio de permanência, taxa de ocupação e tempo de resposta vêm melhorando progressivamente. “A maturidade organizacional do hospital cresceu muito. Os profissionais lidam com mais segurança com situações de alta demanda, e os pacientes estão sendo atendidos de forma mais célere e resolutiva”, afirmou.
Ao todo, o projeto Lean prevê oito visitas presenciais, a última delas com a apresentação oficial dos resultados. Entre cada etapa, a equipe de consultores mantém contato contínuo com os gestores e profissionais de saúde locais, promovendo acompanhamento remoto e suporte técnico. Um grupo de multiplicadores internos foi formado e treinado em São Paulo para sustentar as mudanças e garantir que os avanços se mantenham no longo prazo.
Além de atuar na reorganização dos fluxos internos, o projeto promoveu o empoderamento da enfermagem, a reavaliação de tarefas administrativas e a qualificação dos protocolos de alta. A diretora-geral do hospital, Ielita Santos, comemora os resultados e reforça a importância da colaboração entre as equipes.
“O Hospital Municipal de Foz é referência para mais de 400 mil pessoas da região. Quando conseguimos reorganizar os nossos processos e melhorar o atendimento sem aumentar custos, é a população que sente a diferença. O Lean nos mostra que é possível fazer mais, fazer melhor e cuidar das pessoas com mais eficiência e dignidade”, afirmou Ielita.
Com pouco mais de seis meses de execução, o desempenho do HMPGL já se destaca entre os 20 centros de saúde que participam do programa em todo o Brasil. “Na reunião nacional dos consultores, os dados de Foz foram considerados excelentes. Isso é reflexo do empenho de cada profissional aqui dentro. Ainda temos desafios pela frente, mas estamos no caminho certo”, disse José Arthur.
A próxima etapa do projeto ocorre nas próximas semanas, com novo diagnóstico e comparação dos indicadores atuais com os coletados no início da implementação. A última visita presencial está prevista para ocorrer até o fim do ano.