
A edição 2026 do Ganhando o Mundo, maior programa de intercâmbio para estudantes de redes públicas da América do Sul, será marcada por uma importante novidade: 10% dos 2 mil estudantes selecionados são beneficiários do Bolsa Família. Os estudantes vão cursar um semestre letivo em cinco países de língua inglesa: mil viajarão para o Canadá, 300 para a Irlanda, 300 para a Nova Zelândia, 200 para o Reino Unido e 200 para a Austrália. Os primeiros embarques começam no início de janeiro, enquanto os demais serão escalonados a partir do segundo semestre.
Esse critério foi incluído em edital para garantir que estudantes de famílias simples também tenham condições de garantir participação. Ele permite que estudantes viajem para um outro país com bolsa de estudo para começar a mudar a realidade das famílias.
Com participantes de todos os 399 municípios paranaenses, o programa também seleciona estudantes com base no desempenho em sala, no resultado alcançado em avaliações como a Prova Paraná Mais e na frequência escolar. Na cerimônia que marcou o pontapé inicial da edição 2026, no final de novembro, em Curitiba, o secretário estadual da Educação, Roni Miranda, destacou que a iniciativa abre portas para estudantes que, em sua maioria, nunca tiveram a chance de viajar para fora do País.
“O Ganhando o Mundo é uma política pública que transforma vidas. Estamos falando de estudantes de todos os 399 municípios do Paraná, muitos deles muito humildes e que nunca tiveram a oportunidade de sair do País. Ao selecionar alunos pelo desempenho e pela frequência escolar, o programa reconhece o esforço, a dedicação e o compromisso com a escola, ao mesmo tempo em que amplia horizontes”, afirma.
Entre os intercambistas selecionados está Gustavo Henrique Proença Oliveira, 15 anos, de Bituruna, na região Sul do Estado, que embarca para o Canadá no início de 2026. A família é inscrita no Bolsa Família. Ele se preparou ao longo de todo o ano para o processo, mantendo bom desempenho escolar e reforçando o estudo do inglês. A viagem será sua primeira experiência fora do Brasil.
“Tenho procurado me preparar para essa viagem, estudando inglês diariamente e também pesquisando bastante sobre o Canadá para ter uma noção melhor sobre como vai ser minha rotina por lá”, diz.
O jovem não esconde a expectativa. “É a primeira vez que vou sair do Brasil, andar de avião, então é tudo novo para mim”, diz. Ele afirma ainda que deseja servir de inspiração para outros alunos de sua escola, mostrando que é possível alcançar o objetivo do intercâmbio.
Outra estudante selecionada é Jhenifer Macedo de Souza Gonçalves, de 15 anos, aluna do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Presidente Castello Branco - Premen, em Toledo, no Oeste do Paraná. Ela embarca para a Nova Zelândia no segundo semestre e passou o 9º ano inteiro acompanhando atentamente os requisitos do edital, desde certificados e notas mínimas até presença em sala, superior a 85%. “Desde o começo do ano eu me planejei para ter tudo isso certinho, listado, para poder me inscrever no 1º ano”, explica.
Para Jhenifer, participar do programa significa uma chance de transformar perspectivas pessoais e até profissionais. “O Ganhando o Mundo é uma oportunidade realmente única, principalmente para famílias com renda baixa, porque você vai ter tudo custeado pela Seed. É uma oportunidade que você não pode perder.” Ao ser selecionada, Jhenifer disse ter vivido um momento que resume meses de dedicação. “Fiquei muito feliz quando fui chamada e tinha preparado tudo para que isso pudesse acontecer. Estou muito realizada.”
GANHANDO O MUNDO – Criado em 2022, o Ganhando o Mundo consolidou-se como a maior iniciativa pública de intercâmbio da América do Sul. O programa permite que estudantes de 15 a 18 anos da rede pública estadual cursem um semestre letivo em países de língua inglesa, com todas as despesas custeadas pela Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR). A edição de 2026 será a mais ampla já realizada: os 2 mil participantes elevarão para 4.540 o total de jovens atendidos desde o lançamento da iniciativa, com investimento acumulado superior a R$ 500 milhões.
O pacote de apoio inclui alimentação, hospedagem, transporte interno, emissão de passaporte e vistos, passagens aéreas, exames médicos, vacinas, seguro-viagem, matrícula e mensalidade na escola estrangeira, além de material didático, uniforme e documentação acadêmica. Cada estudante também recebe um auxílio mensal de R$ 800 durante o intercâmbio.
O compromisso, porém, não termina com o retorno ao Brasil. Os intercambistas seguem sendo acompanhados pela Seed para desenvolver projetos interdisciplinares nas escolas de origem. Esse trabalho estimula a troca de conhecimentos, multiplica as experiências vividas e permite que a transformação pessoal dos participantes reverbere na comunidade escolar.