Nesse 8 de janeiro, que deve ser lembrado como uma data da democracia, para que nunca mais se repitam os atos violentos de 2023, também deve servir de marco para que possamos, novamente, pensar sobre os rumos do nosso país e refletirmos sobre os caminhos que nos levaram àquele clima de tensão.
Muitas feridas abertas ainda precisam ser fechadas, as instituições consolidadas, embora também repensadas. O desafio do Brasil pós-janeiro de 2023 é de se reencontrar com a sua própria história.
Saindo um pouco do óbvio e do trivial, o governo federal precisa lidar com o déficit e atingir as metas estipuladas pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. É ótimo que o Brasil volte a crescer, que as obras estejam sendo retomadas, que o salário mínimo tenha voltado e ter ganhos reais e a inflação esteja sob controle. Todavia, longe de qualquer fiscalismo de goela, é urgente que o Brasil consiga controlar as suas contas. Em 2023, o rombo nas contas públicas foi de R$ 119,6 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. Temos um vizinho passando por dificuldades extremas, tomando medidas extremas. O caso da falência do Estado argentino deve servir de alerta - guardadas as devidas proporções, é claro.
Assim, mantendo o fundamental, que é a democracia, podemos voltar a pensar em crescimento econômico, distribuição de renda, política externa e, inclusive, criticar o que precisa melhorar, o que está certo ou errado no governo. Esse é o papel da oposição, da situação e todo cidadão brasileiro. É esse o espírito republicano que deve permear a política. Que esse 8 de janeiro sirva para recordar o que passou, construir um futuro que passe por novos caminhos e que aquilo que passou nunca mais se repita.