A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, participou na noite desta quinta-feira (20), em Campinas (SP), da Plenária Final do Festival de Ideias “Poder e Prosperidade em um Mundo Multipolar”, organizado pela Internacional Progressista, pela Phenomenal World e pelo Transforma – Unicamp, que reuniu conferencistas e estudantes.
O evento composto por painéis, plenárias e discursos abertos e gratuitos teve como objetivo apresentar aos participantes perspectivas sobre a ordem mundial e o debate sobre o papel do Brasil diante das mudanças no mundo atual.
Em seu discurso na abertura da Plenária, Gleisi Hoffmann fez um alerta sobre a ameaça da extrema direita que está em ascensão em todo o mundo e citou como exemplo o que ocorreu na Europa nos anos 20 e 30, quando o nazifascismo foi responsável por desencadear uma das maiores e mais letais guerras mundiais.
Gleisi fez questão de destacar o papel fundamental da economia como um dos fatores de crescimento da extrema direita no mundo, ao contrário do que pensam alguns setores.
“É a economia, essencialmente, que faz a diferença para que a extrema direita esteja crescendo no mundo. É o neoliberalismo, é a retirada de direito das pessoas, são os retrocessos que nós estamos vivendo, esses planos de contenção. Como é que você pode ter um governo que não se preocupa com emprego, com desenvolvimento, com renda, com salário e achar que esse governo vai se sustentar? A não ser que seja um governo da extrema direita, que utilize a perseguição, que utilize a repressão, que se vai transformando numa ditadura porque é assim que acontece. E nós vivemos uma experiência no Brasil recente, que foi do governo do Bolsonaro”, ressaltou Gleisi.
Ela lembrou os métodos que hoje são utilizados pela extrema direita, principalmente através da internet.
“Aí não é só a violência usada pelo Estado, é a violência incentivada para que uns usem contra os outros, para que as pessoas se intimidem, para que as pessoas não lutem, para que as pessoas se paralisem. É assim que age a extrema direita, ela retira direitos, e obviamente ela faz também a disputa ideológica, faz a disputa de ideias. Lá na década de 20, de 30, essa disputa de ideias era feita nos rádios, as famílias se reuniam, eram coletivas. Hoje não, nós temos as redes sociais, o WhatsApp, o recebimento de mensagem individual que fica na cabeça da pessoa. E é difícil depois você fazer esse debate”, alertou.
A presidenta nacional do PT ressaltou os desafios vividos pelo atual governo que, segundo ela, “é muito diferente dos primeiros governos do presidente Lula. É outra realidade, outra realidade do Congresso Nacional, que é absolutamente conservador”. Ela lembrou, no entanto, das vitórias obtidas recentemente, como o caso da PEC das Praias e contra o PL do Aborto, e afirmou que existe espaço para se fazer a disputa de ideias na sociedade.
“Foi uma disputa política feita pelas mulheres, pelo movimento que foi às ruas, e que discutiu que a gente precisa fazer essa disputa. Aliás, igual na privatização da PEC da praia também, também foi uma derrota da extrema direita. Então, veja, nós temos o espaço pra fazer disputa política, mas essa disputa política, ela tem que estar junto na condição de sustentar que o governo possa fazer aquilo que ele se propôs e que disse na campanha”, afirmou.
Gleisi também mencionou a questão da taxa de juros do Banco Central e rebateu a argumentação de que existe uma “crise fiscal” no país.
“A ofensiva que a gente tem hoje sobre o governo do presidente Lula na questão econômica é muito grande. Vocês viram que precedeu, antes da reunião do Banco Central, quando especularam que o país tinha uma crise fiscal. Nós não temos uma crise fiscal. Nós saímos de um déficit de 2,29% no ano passado e a gente está próximo de um déficit zero”, argumentou.
“Como assim crise fiscal? E aí eles começam a dizer que tem que acabar com o piso constitucional da saúde, com o piso da educação, desvincular o salário mínimo da Previdência. Isso tem que ser mobilizador na sociedade, se nós não fizermos um movimento, eles vão tirar. Porque nós não temos maioria no Congresso Nacional. É só com a movimentação e a mobilização social que nós vamos conseguir fazer esse enfrentamento”, conclamou Gleisi.
Gleisi falou ainda sobre o problema da desigualdade social no Brasil e no mundo e que é o principal fator para o crescimento de uma extrema direita mundial.Ela destacou a importância do encontro promovido pela Internacional Progressista como mais uma frente de enfrentamento a essa ameaça.
“O maior problema que nós temos, no Brasil e no mundo, continua a ser a desigualdade. Seja da desigualdade entre as pessoas, entre as regiões, entre os países. Enquanto isso persistir e a gente não enfrentar essa situação, nós vamos ter sempre a extrema direita rondando a nossa porta. Por isso que é muito importante esse encontro aqui, com gente de outros países que faz a luta, para que possamos dar as mãos”, observou.
Gleisi ressaltou as importantes vitórias recentes do campo progressista. “É importante a vitória da Cláudia Scheinbaum no México, é importante a gente ter o governo da Bolívia, nós vamos ter agora a eleição no Uruguai, a Frente Amplio está na frente, nós temos que ajudar os nossos irmãos a eleger o governo progressista novamente. Enfim, nós temos que dar as mãos porque essa luta não é uma luta só nacional, ela é uma luta internacional”, enfatizou.
Participaram também da mesa de abertura da plenária lideranças políticas da esquerda internacional como Marco Ominami,do Chile, fundador do Grupo de Puebla; a senadora Esperanza Martinez, da Frente Guasú do Paraguai; Alberto Garzon Espinosa, do partido Esquerda Unida da Espanha; Rander Ismael Peña, deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela; Samuel Andrés Pérez Alvarez, membro do Partido Semilla da Guatemala e Paula Coradi, presidenta do Psol. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e o pré-candidato do PT à prefeitura de Campinas, Pedro Tourinho, também participaram e discursaram na Plenária Final.
Da Redação da Agência PT
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