Desde a hora em que você acorda, você é responsável por tomar algumas decisões. Apertar o “botão de soneca”? Sapato ou sandália? Levar guarda-chuva ou não? Essa tarefa não acaba até a hora de dormir. Não à toa, são tantas decisões (e microdecisões) em um dia, que a impressão é que você se torna mais indeciso à medida que ele passa.
Essa impressão tem fundamento. Pelo menos, segundo a neurociência, que explica que os mecanismos do cérebro responsáveis pela tomada de decisão, não sabem priorizar. Aí, o que acontece é que as pequenas escolhas vão gastando sua energia ao longo do dia. Então, quando você precisa decidir algo grande, sente-se esgotado – e indeciso.
O coach, autor e proprietário do site Dreams Around The World, Dan Johnston, concorda:
“Não é apenas a quantidade de decisões que tomamos, mas por quanto tempo as ponderamos. Todo circuito aberto drena seus recursos finitos, então, quando você chega às novas decisões, é natural que se sinta totalmente indeciso.”
Não é só isso. O site Inc., que fez uma matéria sobre a habilidade de tomar decisões, aponta que o medo do arrependimento é um agravante – mesmo nas pequenas escolhas.
“Às vezes, até mesmo a escolha de um sabor de sorvete pode se tornar uma decisão emocionalmente carregada e, embora pareça boba, em última análise, decorre de um sentimento de medo”, afirma Ari Zoldan, autor do texto do Inc. e CEO do Quantum Media Group.
Medo, este, fruto de uma dificuldade em colocar os eventos em perspectiva e avaliar suas consequências, de fato. “No esquema das coisas, há pouquíssimas coisas das quais realmente nos arrependeremos ao relembrar”, conclui Zoldan.
Para te ajudar a melhorar sua habilidade de tomar decisões – confira algumas dicas para gastar menos energia com as escolhas que não são importantes. “Salve o medo de se arrepender quando precisar e use-o para ajudá-lo a fazer a escolha mais inteligente possível”, diz o CEO.
Zoldan fala em “satisfice”, um híbrido das palavras “suffice” e “satisfies”, inglês para “bastar” e “satisfazer”. Quando a escolha é pequena – tão pequena quanto escolher se você deve escrever com caneta preta ou azul, por exemplo -, guie-se pelo que te agrada.
“Pessoas felizes são aquelas que estão felizes com o que têm, não aquelas que têm mais”, destaca ele. Pode ser que você não tenha a melhor caneta, mas se ela te satisfaz, é o bastante.
Fazendo compras, defina uma faixa de preço, tamanho, cor, estilo, e se baseie nas suas preferências para escolher.
Se a compra é online, fica mais fácil: utilize os filtros disponíveis nos e-commerces. Online, Zoldan aconselha escolher um dos itens que precisa por vez. Não só é mais rápido, como mais fácil para o cérebro.
A premissa em que o autor se apoia para explicar como facilitar suas decisões de compras pode ser aplicada em outras situações. Se você tem preferências ou necessidades, já comece limitando com base nelas.
Consulte um profissional do campo em que você está com dificuldades para escolher algo. Mas não seja dependente da opinião alheia, faça sua própria pesquisa.
Você pode se aproveitar da informação dos outros – colegas, especialistas, parentes – e limitar as opções. Ou, ao contrário: limitar sozinho as opções e decidir com base na opinião externa.
Outra dica para melhorar sua habilidade de tomar decisões é definir limites de tempo para as escolhas.
“Se você tem tempo ilimitado para decidir, você o usará para ponderar sobre todas as opções possíveis. Limite-se a um pensamento rápido e decisivo”, explica o coach Johnston.
Avalie cada situação e defina um prazo apropriado, de acordo com sua importância. Para escolher seu pedido no restaurante, cinco minutos pode ser suficiente. Para escolher seu próximo destino, pode ser preciso mais de semanas.
A psicoterapeuta Dr. Robi Ludwig aconselha relembrar suas escolhas do passado. “Quando temos muitas escolhas, isso pode aumentar a ansiedade e o ruído em nossa cabeça. Não é incomum ficar confuso sobre qual direção tomar – o que é certo ou o que é errado. Então, pode ser útil se concentrar nas decisões que você tomou no passado, e usar isso como uma diretriz para ajudá-lo.”
Desenvolver sua habilidade de tomar decisões é importante porque as escolhas são parte de todas as etapas da vida (pessoal e profissional). Siga essas dicas – e implemente as suas próprias “regras” de boas práticas – e deixe mais energia e tempo livres para as decisões que realmente importam.
Por Suria Barbosa
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