Verões muito quentes de um lado, enchentes de outro. Em diferentes lugares do mundo as pessoas vem sentindo os efeitos dos eventos climáticos adversos. Diante dessa realidade, a busca de soluções para adaptar a infraestrutura utilizada nas diferentes regiões é premente.
Nicolas Pinaud, vice-diretor de assuntos financeiros e empresariais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), concedeu uma entrevista exclusiva para o site G20 Brasil na qual explicou o conceito de infraestrutura resiliente e a importância de se repensar a forma como construímos, especialmente nas cidades, diante do atual desafio das mudanças climáticas.
A OCDE é uma organização internacional que trabalha para construir políticas que promovam prosperidade e oportunidades, sustentadas pela igualdade e bem-estar. Em cooperação com atores políticos e cidadãos estabelece normas internacionais baseadas em evidências para encontrar soluções para os desafios sociais, econômicos e ambientais.
O Brasil tem sido um parceiro ativo da OCDE desde a década de 1990. O país desempenhou um papel importante no apoio à expansão do trabalho da OCDE com a América Latina e o Caribe, tendo atuado como copresidente do Programa Regional da OCDE para a América Latina e o Caribe durante os anos 2019-2022.
Confira a entrevista.
O que significa ter uma infraestrutura resiliente?
Bem, o conceito de infraestrutura resiliente ao clima é um tipo de infraestrutura capaz de absorver eventos climáticos grandes e extremos. Podemos pensar em furacões, por exemplo: a infraestrutura vai poder resistir e absorver esse tipo de impacto intenso, o que torna possível para as comunidades se recuperarem depois de tal desastre. Também podemos pensar tipicamente na proteção costeira contra inundações. São infraestruturas que garantem a continuidade da economia e a capacidade das pessoas de se recuperarem após um desastre.
A infraestrutura resiliente é uma resposta para o desafio da mudança climática?
Este tipo de infraestrutura não mitiga as alterações climáticas. Elas estão lá para se adaptarem às mudanças climáticas. Portanto, se quisermos enfrentar as alterações climáticas, precisamos de pensar na mitigação. Reduzir as emissões de carbono é mitigação. Adaptação é diferente. Na verdade, isto parte do fato de que certamente parte desta mudança climática é inevitável e ocorrerá de qualquer forma. Então, na verdade, eu diria que a resposta será um tipo de mudança muito grande. Portanto, precisamos ter infraestruturas que sejam resilientes e resistentes às alterações climáticas e precisamos realmente trabalhar nisso.
Qual o papel do G20 para ajudar na cooperação entre os países para desenvolver essas infraestruturas e enfrentar as mudanças climáticas?
O G20 tem realmente um papel crítico a desempenhar. Em primeiro lugar, para chegar a um acordo sobre uma espécie de entendimento comum sobre qual é o desafio quando se trata de mudanças climáticas e, mais especificamente, sobre como as infraestruturas podem ser ajustadas e adaptadas às alterações climáticas. Portanto, em primeiro lugar, é necessário ter um entendimento comum do desafio.
O segundo aspecto é encontrar soluções políticas para que os países do G20 trabalhem em estreita colaboração com organizações internacionais como a OCDE, o FMI, o Banco Mundial e outros. E como podemos dividir as respostas políticas a esses desafios e fazer um intercâmbio de boas práticas entre os países. Também devemos reunir conhecimento analítico para definir melhores políticas para enfrentar os desafios com precisão.
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