Esta história contém detalhes que alguns leitores podem considerar perturbadores.
Um homem foi a julgamento na França por drogar e estuprar repetidamente sua mulher, bem como por providenciar que dezenas de outros homens a estuprassem.
O réu, chamado Dominique P, de 71 anos, é acusado de recrutar estranhos online para irem até sua casa e abusarem sexualmente da vítima por mais de uma década.
A mulher estava tão fortemente sedada que não sabia dos abusos repetidos, dizem seus advogados.
A polícia identificou pelo menos 92 estupros cometidos por 72 homens. Cinquenta foram identificados e acusados e estão sendo julgados ao lado do marido.
A vítima, agora com 72 anos, só soube do abuso em 2020, após ser informada pela polícia.
O julgamento será "uma provação horrível" para ela, disse seu advogado Antoine Camus, pois será a primeira vez que ela verá evidências em vídeo do abuso.
"Pela primeira vez, ela terá que viver os estupros que sofreu ao longo de 10 anos", disse ele à agência de notícias AFP.
Dominique P foi investigado pela polícia após um incidente em setembro de 2020, quando um segurança o pegou filmando escondido sob as saias de três mulheres em um shopping center.
A polícia então encontrou centenas de fotos e vídeos de sua esposa em seu computador, nos quais ela parecia estar inconsciente.
As imagens supostamente mostram dezenas de agressões na casa do casal. O abuso teria começado em 2011.
Os investigadores também encontraram chats em um site no qual Dominique P supostamente recrutava estranhos para irem à casa deles e estuprar sua esposa.
Ele admitiu aos investigadores que deu à esposa tranquilizantes poderosos, incluindo um medicamento para redução de ansiedade.
Ele é acusado de participar dos estupros, filmá-los e encorajar os outros homens a usar linguagem degradante, de acordo com os promotores.
A polícia não encontrou nenhuma evidência de que Dominique teria recebido algum pagamento.
Dentre os estupradores acusados - com idades entre 26 e 74 anos -, alguns participaram até seis vezes, de acordo com os promotores.
A defesa deles é que eles estavam ajudando um casal a viver suas fantasias, mas Dominique P disse aos investigadores que todos sabiam que sua esposa havia sido drogada sem o conhecimento dela.
Um especialista disse que seu estado "estava mais próximo de um coma do que de dormir".
Dominique P, que disse ter sido estuprado quando tinha nove anos, está pronto para enfrentar "sua família e sua esposa", disse sua advogada Beatrice Zavarro à agência de notícias AFP.
Ele também foi acusado de assassinato e estupro em 1991, o que ele nega, e de uma tentativa de estupro em 1999, que ele admitiu após um teste de DNA.
O julgamento, que está sendo realizado no Parc des Expositions em Avignon, no sul da França, deve durar até 20 de dezembro.
Na segunda-feira, dia de abertura do julgamento, a mulher compareceu ao tribunal apoiada por seus três filhos, informou a AFP.
Camus, seu advogado, disse que ela poderia ter optado por um julgamento a portas fechadas, mas "é isso que seus agressores teriam desejado".
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