A bancada do PT negocia, nos bastidores, a indicação de um nome para uma eventual vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) em troca do apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara.
A negociação tem sido feita com o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que pretende anunciar em breve apoio a Hugo Motta na disputa pela sua própria sucessão no comando da Câmara, em fevereiro de 2025.
A ideia do PT seria emplacar um nome na vaga do atual ministro do TCU Augusto Nardes, caso ele tope antecipar sua aposentadoria. Ele só completa 75 anos em 2027, quando teria de se aposentar compulsoriamente.
Por ora, lideranças petistas têm evitado falar publicamente sobre o assunto. A coluna apurou, contudo, que ao menos dois nomes do PT são citados como possíveis candidatos a uma vaga de ministro no TCU.
Um deles é o atual líder do partido na Câmara, Odair Cunha (MG), nome petista que mais agradaria Lira. A outra cotada seria a presidente nacional do PT, a também deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
Uma eventual indicação da Gleisi por acordo, avaliam petistas, poderia ser uma “saída honrosa” para ela do comando do PT em meio à disputa interna na legenda. O mandato dela como chefe da sigla acaba em junho de 2025.
Por outro lado, há uma avaliação de que o nome de Gleisi enfrentaria mais resistência para ser aprovado pela Câmara, a quem cabe a indicação para a vaga de Augusto Nardes no TCU.
Além de Hugo Motta, outros dois candidatos à sucessão de Lira disputam o apoio do PT: Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), que já foi o preferido do atual presidente da Câmara, mas acabou preterido.
Na semana passada, Augusto Nardes, que é ligado ao partido de Lira, pediu a palavra no final de uma reunião da Organização Latino-americana e do Caribe de Tribunais de Contas para se despedir.
“Gostaria somente de fazer um agradecimento por todo tempo que trabalhei como todos vocês, praticamente 20 anos. (…) Me vou com o coração partido, mas não vou esquecer jamais amigos como vocês”, disse, com a voz embargada.
Ministros do TCU ponderam, contudo, que o ministro já se despediu em outros eventos internacionais e, até agora, não renunciou ao cargo. “Ele faz acenos contraditórios”, diz um integrante da Corte de Contas.
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