A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), reagiu à nova denúncia envolvendo o relatório Focus, que é divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC). Gestores de fundos e economistas participantes do boletim do BC, de acordo com Pedro Cerize, fundador da Skopos Investimentos, combinaram os resultados anteriores entre eles para influenciar as decisões da autarquia. Gleisi descobriu que o caso foi apurado pela Justiça.
“Gravíssima a nova denúncia de que o relatório Focus, do BC, é manipulado pelos agentes do mercado financeiro. Foi o próprio gestor de um desses fundos, Pedro Cerize, da Skopos, que revelou a fraude. É o mercado que manda no BC 'autônomo'. É crime e tem que ser investigado”, afirmou a presidente do PT, por meio da rede social Bluesky.
Cerize fez as revelações durante o painel Cenário Brasil – Oportunidades e Riscos, no Convex Day 2024. Na ocasião, o gestor também comentou a perda de remuneração do BC. “O mercado financeiro forma grupos que se organizam para 'ajustar' o relatório Focus e influenciar as decisões do Banco Central. É tudo combinado. Eles já sabem o que fazer. Essa é a grande farsa que ninguém expõe”, definindo.
“'Você ajusta o relatório Focus, eu também ajustei…' Está tudo articulado entre eles, e o Banco Central, por dolo ou inocência, acaba sendo demorado”, acrescentou.
O fundador da Skopos Investimentos comparou ainda a atuação do BC com o Federal Reserve (FED), o banco central estadunidense, que costuma pautar as decisões sobre as taxas de juros aqui no Brasil, conforme os relatórios do Comitê de Política Monetária (Copom) .
“Você nunca verá o Federal Reserve anunciar que vai cortar os juros na próxima reunião e não cumprir. O FED jamais faria isso. E o nosso Banco Central fez isso três vezes e ainda fala de renovação? Ele não tem substituição nem para um planejamento de 30 dias”, disparou.
Após recente denúncia feita pelo economista Eduardo Moreira, do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), o Ministério Público (MP) entrou com uma representação interna, junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), para a “adoção das medidas possíveis a identificar eventual desvios específicos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa Selic”.
Assinado pelo subprocurador-geral do MPTCU, Lucas Furtado, o documento aponta para uma “grande influência” das projeções do relatório Focus, “elaborado a partir de pesquisas macroeconômicas realizadas por diversas instituições, tais como bancos, consultorias, corretoras”, que “podem ter interesse na manipulação do índice para ganhos próprios e privados indevidos e em prejuízo aos interesses públicos e ao erário”.
Na última reunião, o Copom decidiu elevar a Selic ao patamar de 10,75%, uma das mais altas taxas de juros praticadas em todo o mundo, mesmo com o bom desempenho da economia sob a administração Lula.
Da Redação , com Fundação Perseu Abramo e Dinheirama
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