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Venezuela rompe com Paraguai e acusa Argentina de desestabilizar país

Atritos com países da região ocorre às vésperas de posse de Maduro

07/01/2025 às 12h48
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
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© Reuters/Maxwell Briceno/Reprodução proibida
© Reuters/Maxwell Briceno/Reprodução proibida

O governo da Venezuela determinou a retirada dos seus representantes diplomáticos do Paraguai após o presidente do país, Santiago Peña, declarar que Edmundo González foi o vencedor da eleição do ano passado, defendendo a posse do opositor no próximo 10 de janeiro.

Há poucos dias da posse do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031), o chefe do Executivo, em Caracas, acusou o governo da Argentina de articular ações de desestabilizações no país, o que incluiria a tentativa de assassinato a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez.

Enquanto isso, o opositor Edmundo González, que alega ser o vencedor da eleição presidencial de 2024, se reuniu com autoridades em Washington, incluindo o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, e o assessor de Segurança Nacional do presidente eleito Donald Trump, Mike Waltz.

FILE PHOTO: Venezuelan opposition presidential candidate Edmundo Gonzalez looks on on the day he casts his vote in the country's presidential election, in Caracas, Venezuela July 28, 2024. REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria/File Photo
FILE PHOTO: Venezuelan opposition presidential Edmundo Gonzalez. REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria/File Photo - REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodção

Já o México reforçou que enviará representante para posse de Maduro. “Nossa postura é o que está na Constituição, com todos os governos do mundo, a auto determinação dos povos. No caso da Venezuela, irá um representante na posse e não vemos porque não deva ser assim. E isso corresponde aos venezuelanos e não ao México definir”, afirmou a presidente Cláudia Sheibaum nessa segunda-feira (6).

Apesar de não terem reconhecido a vitória de Maduro por causa da não publicação dos dados eleitorais detalhados, a Colômbia e o Brasil devem enviar representantes para a posse. No caso do Brasil, o envio da embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, depende de convite por parte do governo venezuelano.

De acordo com Caracas, mais de dois mil convidados internacionais já estão no país para acompanhar a posse de Maduro entre representantes de governos, movimentos socais e culturais. 

Paraguai

Em relação ao Paraguai, o rompimento das relações ocorreu após o presidente Santiago Peña defender a posse do opositor. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela defendeu que a posição de Peña viola o princípio do direito internacional de não intervenção nos assuntos internos de outras nações.

Rio de Janeiro (RJ), 18/11/2024 - Presidente do Paraguai, Santiago Peña chega para cumprimento dos líderes do G20. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Rio de Janeiro (RJ), 18/11/2024 - Presidente do Paraguai, Santiago Peña. Foto: Ricardo Stuckert/PR - Ricardo Stuckert/PR

“É lamentável que governos como o do Paraguai continuem a subordinar sua política externa aos interesses de potências estrangeiras, promovendo agendas que visam minar os princípios democráticos e a vontade dos povos livres”, afirmou o ministério venezuelano.

Em nota, o governo paraguaio reforçou sua posição a favor de González e exigiu a retirada do embaixador de Caracas do país em 48 horas. “[O governo do Paraguai] reconhece o senhor Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República Bolivariana de Venezuela”, diz a nota oficial de Assunção.

Argentina

O governo Maduro acusou o governo Argentino de estar por atrás de ações de desestabilização política da Venezuela, incluindo um suposto plano para assassinar a vice-presidente do país, Delcy Rodriguez.

Maduro afirmou que os serviços de inteligência venezuelano identificaram as ameaças contra o país que ocorrem desde o ano passado. “Nesse período, a inteligência popular, policial e militar capturou 125 mercenários de quase 15 nacionalidades que vinham fazer atividades terroristas em Venezuela”, disse o presidente venezuelano, posteriormente corrigido de que os mercenários seriam oriundos de 25 nacionalidades.

A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, durante coletiva de imprensa em Moscou, Rússia.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez - Maxim Shemetov/Reuters/Direitos reservados

Ainda segundo Maduro, a Argentina está por trás de planos para desestabilizar o país. “O governo argentino está envolvido nos planos violentos de atentar contra a paz da Venezuela. Assim eu denuncio. Todos os processos estão judicializados e em altíssimo nível de investigação”, afirmou.

O governo de Javier Milei não comentou as acusações até a publicação desta reportagem. O governo argentino tem sido um dos principais críticos do governo venezuelano e tem dado amplo apoio ao opositor Edmundo González. No último sábado (4), Milei recebeu González em Buenos Aires.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, Edmundo González recebeu o apoio do presidente Joe Biden, que o chamou de “presidente eleito da Venezuela”. O presidente dos EUA defendeu “uma transferência pacífica de poder para o verdadeiro vencedor da eleição presidencial”.

A chancelaria venezuelana repudiou a posição oficial dos EUA. “É grotesco que um governo de saída, como o de Joe Biden, mergulhado no descrédito político e marcado por um legado de fracassos nacionais e internacionais, insista em apoiar um projeto violento que já foi derrotado pelo voto popular e pela democracia revolucionária do povo venezuelano”, afirmou o governo de Caracas.

Após se reunir com o assessor de Trump, Mike Waltz, González informou que conversaram sobre os protestos que a oposição tem convocado para a próxima quinta-feira (9), um dia antes da posse de Maduro. “Ele nos garantiu que os Estados Unidos, e o mundo, estarão alerta sobre o que suceda em nosso país”, afirmou em uma rede social.

Edmundo González tem defendido a ação de militares da Venezuela contra o governo e promete regressar ao país antes do dia da posse, marcado para sexta-feira (10). Até então, o político estava exilado na Espanha. Por sua vez, o governo Maduro promete prender González caso regresse ao país.

Entenda

A oposição da Venezuela e parte da comunidade internacional, como Estados Unidos e a União Europeia, além de organismos internacionais e eleitorais, têm apontado que a eleição venezuelana descumpriu as regras do país ao não realizar auditorias previstas e não divulgar os dados por mesa eleitoral, como sempre ocorreu. 

Os atos que contestaram o resultado eleitoral após o dia 28 de julho de 2024 levaram a dezenas de mortes e mais de dois mil presos. Nas últimas semanas, a justiça venezuelana liberou mais de mil detidos nas manifestações.

Por sua vez, o governo defende que as eleições foram ratificadas pelas instituições do país, tanto o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), quanto o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). Com isso, tem exigido que a oposição respeite a decisão dos tribunais e que os governos estrangeiros não interfiram nas questões internas da Venezuela. 

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