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Com brasileiro, Rotary aproveita brechas para crescer na China

Rotary trabalhando juntos por um mundo melhor

22/01/2025 às 14h17
Por: Redação Fonte: Folha de São Paulo
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Mário César Martins de Camargo, do Rotary Club de Santo André, estado de São Paulo, Brasil, foi escolhido pela Comissão de Indicação para ser o presidente do Rotary Internacional em 2025-26.
Mário César Martins de Camargo, do Rotary Club de Santo André, estado de São Paulo, Brasil, foi escolhido pela Comissão de Indicação para ser o presidente do Rotary Internacional em 2025-26.

O presidente eleito da organização americana Rotary International, o brasileiro Mário César de Camargo, esteve em Pequim e Xangai na semana passada para dar os primeiros passos num projeto de crescer no país. A rede global presta serviços em áreas como saúde e, segundo suas publicações, "promove paz e compreensão no mundo por meio da comunhão de líderes empresarias, profissionais e comunitários".

"O nosso desafio é a China", diz Camargo. "Tem expressão em todas as áreas, tecnologia, manufatura, compra de insumos do Brasil, compra do mundo, exportações. Para se ter uma ideia, a gente tem 1 milhão e 200 mil sócios, no mundo. Na China, 570."

Ele descreve a legislação chinesa para organizações não governamentais como "um mistério", citando outras entidades com dezenas de milhares de sócios no país. Diz que "os chineses estão percebendo que estabelecer regras rígidas é impeditivo ao crescimento da própria China".

Além de avançar no país e na Ásia em geral, Camargo afirmou que pretende conter a saída de membros nos Estados Unidos e demais países de língua inglesa, além de ampliar o apelo à participação de jovens.

As primeiras ações devem ser voltadas para intercâmbio estudantil, de ensino médio, tanto de jovens chineses para o exterior como de estrangeiros para a China. Pós-pandemia, Pequim vem adotando medidas para estimular a presença de estrangeiros, inclusive estudantes.

Camargo, 67, foi ele próprio intercambista nos EUA. Antes de se voltar à organização, foi presidente por décadas da Gráfica e Editora Bandeirantes e da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), além de vice da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Na China, sublinha que não falta "gente com capacidade financeira", membros potenciais da organização, visando ações humanitárias.

Ele se reuniu nesta semana com representantes de uma organização privada de caridade, de Xangai, e outra voltada para incapacitados, de Pequim, de caráter nacional, em busca de parceiros para atuar como "porta de entrada" no país. Também esteve no Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do Brics, em Xangai.

Camargo ainda não tem as áreas a serem priorizadas no país, mas cita como modelo os esforços contra a poliomielite no Afeganistão e no Paquistão, país que também visitou. "A gente é campeão no programa de erradicação da pólio, ainda que haja resistência religiosa e política nesses dois bastiões", diz.

A doença não é problema na China, acrescenta. "Eu vim investigar", diz o executivo brasileiro, sobre qual será o foco de ação no país. Uma possibilidade é ambiente, prioridade tanto para Pequim como, desde 2020, para o Rotary. "Os chineses têm uma mentalidade gradativa, de testar, fazer um piloto, o que é também a nossa filosofia."

Em relação a intercâmbio, diz que já deixou como tarefa, para os membros em Pequim e Xangai, abrir o programa para conectar a China "ao resto do mundo", no âmbito da organização. Em parte, reconhece, porque "é o mais fácil", dado o alcance já existente. Acrescenta que "o Brasil é uma potência em termos de intercâmbio" e será parte do esforço.

Questionado sobre o contraste de regimes políticos, responde que "o nosso estatuto é claro: a gente não tem partido, não tem raça, não tem preconceito econômico, é uma entidade que tem que se manter aberta, equidistante". Cita novamente o Afeganistão: "Nós estamos negociando a vacinação das crianças com o Talibã".

 

Camargo descreve o fato de ser brasileiro como uma vantagem. "O Brasil é visto como um país pacífico, com valores de cordialidade mundial. A gente sabe que a nossa realidade é difícil, mas, aqui fora, ele tem uma imagem, que eu aproveito para promover esse relacionamento. Ou seja, me ajuda o fato de ser brasileiro."

Sobre as viagens que vem fazendo pela Ásia e outras partes do mundo, diz que não é comum para os presidentes e presidentes eleitos da organização. "Sou um pouco fora da curva, tenho interesse em culturas diferentes. E em cada lugar tem uma oportunidade e um obstáculo."

Nascido em Santo André (SP), ele já mora em Evanston, perto de Chicago, nos EUA, onde a organização surgiu em 1905 e mantém sua sede. É considerado o primeiro clube voltado a "serviço civil" no mundo, tendo se expandido primeiramente para países como Canadá e Reino Unido.

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