Pesquisadores do Centro de Pesquisas Paleontológicas "Llewellyn I. Price" da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) anunciaram a descoberta de uma nova espécie de peixe fóssil, o Britosteus amarildoi. Este achado, datado de aproximadamente 80 milhões de anos, no final do Período Cretáceo, representa a primeira espécie de peixe do Cretáceo encontrada no Triângulo Mineiro e expande nosso conhecimento sobre a diversidade da fauna aquática pré-histórica.
O Britosteus amarildoi é um peixe de pequeno porte, com menos de 50 centímetros de comprimento, focinho curto e arredondado, e mandíbula com dentes cônicos adaptados para capturar pequenas presas. Seus fósseis, incluindo ossos do crânio, mandíbulas com dentes e escamas, foram encontrados no sítio paleontológico Fazenda Três Antas, em Campina Verde.
A descoberta do Britosteus amarildoi é o resultado de 13 anos de pesquisa. Os primeiros fósseis foram encontrados em 2011, e desde então, a equipe de pesquisadores brasileiros e argentinos, incluindo membros da UFTM, do Museu Argentino de Ciências Naturais "Bernardino Rivadavia" e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), trabalhou na coleta, preparação e análise dos fósseis. O estudo completo foi publicado em janeiro de 2025 no Journal of South American Earth Sciences.
A descoberta do Britosteus amarildoi é um marco para a paleontologia brasileira. Ela enriquece nosso entendimento sobre a evolução dos peixes Lepisosteiformes, um grupo que hoje está restrito à América do Norte, América Central e Caribe, mas que no passado era muito mais diverso e amplamente distribuído. Além disso, a descoberta abre novas possibilidades para estudos sobre a paleobiogeografia e as relações evolutivas de peixes fósseis.
O nome Britosteus amarildoi é uma homenagem a dois colaboradores importantes da paleontologia brasileira. O gênero Britosteus homenageia o professor Paulo Brito, paleontólogo renomado por suas contribuições ao estudo de peixes fósseis. O epíteto específico amarildoi homenageia Amarildo Martins Queiroz, ex-proprietário da Fazenda Três Antas, que colaborou com os pesquisadores e descobriu os primeiros fósseis de crocodilos no local.
A Fazenda Três Antas tem se revelado um verdadeiro tesouro paleontológico. Desde 2011, o sítio tem sido palco de descobertas significativas, como os crocodilos pré-históricos Campinasuchus dinizi e Caipirasuchus mineirus, e agora, o Britosteus amarildoi. Essas descobertas reforçam a importância da região para a pesquisa paleontológica e a compreensão da história da vida na Terra.
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