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Itaipu promove capacitação em Agroecologia para comunidades rurais do Paraná

Capacitações integram o projeto Bem Viver, uma parceria com o Instituto Latino-Americano de Agroecologia Contestado (ICA)

Por: Redação Fonte: Assessoria/Itaipu Binacional
11/03/2025 às 14h26 Atualizada em 11/03/2025 às 14h44
Itaipu promove capacitação em Agroecologia para comunidades rurais do Paraná
Fotos: Divulgação/Equipe Bem Viver

Camponesas e camponeses de mais de 30 cidades do Paraná vêm participando, nos últimos meses, de uma série de cursos técnicos em Agroecologia, que têm como objetivo fortalecer essa prática nas comunidades rurais do estado. A capacitação é realizada por meio do Projeto Bem Viver, uma parceria entre o Instituto Latino-Americano de Agroecologia Contestado (ICA) e a Itaipu Binacional, por meio do Programa Mais que Energia, alinhado ao Governo Federal.

 

 

A formação abrange desde aulas práticas de conhecimentos aplicados, como o uso de alternativas para o controle de pragas, com misturas naturais ou com a biodiversidade da cultura, até discussões teóricas sobre a agroecologia como forma de resistência e luta pela reforma agrária popular e instrumento de transformação social.

 

 

No total, são 60 participantes, distribuídos entre a Escola Milton Santos (EMS), em Maringá; o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), em Rio Bonito do Iguaçu, e a Escola Latinoamericana de Agroecologia (ELAA), na Lapa.

 

 

Luciano José Carneiro, morador da comunidade Cacique Cretã, em Palmas, participou do curso no Ceagro. Desde o começo, ele se apaixonou pela proposta: “É algo, assim, instigante, que faz você querer fazer as coisas cada vez mais, produzir com qualidade, com saúde, e implantar o quanto antes, porque implantando o quanto antes você começa a já mostrar pra outros moradores da comunidade que isso é possível, é viável, também rentável, e vai contribuir não só para nós, de casa, a família, mas também para toda a natureza”.

 

 

Segundo a engenheira florestal e coordenadora do projeto Bem Viver, Priscila Monerat, “estamos presenciando muitos episódios relacionados ao caos climático, e parte desses desequilíbrios está relacionado a um tipo de agricultura que desmata, que usa muito veneno, que planta em monocultura. Ao contrário desse modelo, a agricultura camponesa tem respostas para esses dilemas, que é a produção de alimentos em quantidade e qualidade sem destruir os bens comuns”.

 

 

Para a educadora, os cursos ajudam a qualificar o trabalho que os camponeses já fazem, ou seja, amplia a produção de alimentos saudáveis e contribui no cuidado com a natureza. Há, na agroecologia, essa cosmologia – uma variedade de saberes de origens diferentes, sejam produções científicas, práticas camponesas ou indígenas.

 

 

Temas como a história da agroecologia, as políticas públicas para a agricultura familiar e assentados da reforma agrária, a relação entre agroecologia e gênero, o enfrentamento às práticas do agronegócio, a importância da proteção da biodiversidade, também fizeram parte dos cursos.

 

 

Os estudantes aprenderam na prática técnicas de saúde popular, funcionamento de cooperativas – no manejo dos produtos, na pós-colheita e na estratégia de articulação entre cooperativas –, preparo de fertilizantes naturais e caldas feitas com ingredientes simples, para fortalecer as plantas e melhorar a qualidade do solo, meliponicultura (criação de abelhas-sem-ferrão), a criação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), como forma de produzir alimentos e ao mesmo tempo proteger a natureza, entre outras atividades.

 

 

Gisele Fernanda Mouro, zootecnista e professora do Instituto Federal do Paraná (IFPR) - Campus Ivaiporã, trabalhou, durante a formação, a meliponicultura – com o enfoque nos benefícios da polinização no cultivo e na preservação de espécies – e a homeopatia, que, segundo a pesquisadora, se constitui como ferramenta imprescindível para a criação de animais a partir de princípios agroecológicos.

 

 

O objetivo do curso é transformar as comunidades de onde vêm as camponesas e os camponeses: “A ideia é que voltem para o seu local de origem e possam causar algum tipo de transformação. Por isso existe o tempo-comunidade e o tempo-escola, dentro do currículo”, conta. O IFPR é parceiro na realização do curso na Escola Milton Santos, onde também está sendo gestada uma nova formação, aprofundando os estudos em bioinsumos e homeopatia.

 

 

Fortalecimento da agroecologia

 

 

O curso de capacitação faz parte de um conjunto de ações de fomento à agroecologia no Paraná realizadas pelo projeto Bem Viver. Além do curso de Auxiliar Técnico em Agroecologia, há ações específicas em torno da saúde popular, das linguagens artísticas e da comunicação.

 

 

O reflorestamento de áreas degradadas e a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) também fazem parte do projeto. Em oficinas com famílias camponesas, mais de 26 mil mudas foram plantadas em cerca de 30 mil metros quadrados – o equivalente a 40 campos de futebol. A ação chega a comunidades da reforma agrária e povos indígenas. Para a continuidade da multiplicação da agroecologia, estão sendo construídos três viveiros de mudas nativas e dois hortos medicinais, previstos para serem inaugurados este ano.

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