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Um novo bioinsumo, desenvolvido a partir da combinação de bactérias promotoras de crescimento, tem potencial para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de diferentes tipos de pastagens no País. Resultado de uma parceria público-privada entre a Embrapa Agrobiologia (RJ) e a empresa Agrocete, o produto — com lançamento comercial previsto para 2026 — é de amplo espectro e pode ser aplicado em variados tipos de pastagens e sistemas produtivos, incluindo gramíneas. Com potencial multiforrageiro, a nova tecnologia biológica também pode contribuir para a recuperação de áreas degradadas e a redução do uso de fertilizantes químicos na pecuária brasileira.
O inoculante é composto por três estirpes bacterianas, incluindo o Bradyrhizobium, já conhecido pelo sucesso em culturas como a da soja, além do Azospirillum — microrganismo capaz de fixar nitrogênio atmosférico e estimular o desenvolvimento de gramíneas — e de uma terceira estirpe ainda em validação do gênero Nitrospirillum, que em testes laboratoriais apresentou alta eficiência na promoção de crescimento de raízes e de fixação de nitrogênio.
“O diferencial desse produto é que vai atender tanto ao pecuarista que maneja as pastagens de modo tradicional, quanto àquele que pretende investir na mitigação de gases de efeito estufa por meio do uso do consórcio da gramínea com a leguminosa, ou mesmo ao produtor que investe na Integração Lavoura-Pecuária (ILP)”, explica Bruno Alves, pesquisador da Embrapa Agrobiologia.
Segundo o pesquisador Jerri Zilli, que também integra a equipe da Embrapa Agrobiologia responsável pelo desenvolvimento do bioinsumo, o objetivo foi formular um produto de amplo espectro, que atue positivamente sobre as principais leguminosas forrageiras recomendadas para consórcios. “Em casa de vegetação, os resultados mostraram aumento superior a 30% na biomassa da leguminosa com o uso do inoculante, o que impulsionou os testes de campo e os planos de registro comercial”, destaca.
Outra vantagem é que o inoculante poderá ser útil mesmo em áreas onde não há leguminosas. Isso porque devido a sua formulação, o bioinsumo estimula também o crescimento de gramíneas, o que garante um retorno interessante mesmo para quem mantém pastagens exclusivamente com gramíneas, como a braquiária, por exemplo. “Mesmo nesse caso, o inoculante proporciona economia na aplicação de nitrogênio, o que representa um ganho real para o produtor”, explica Zilli.
Para a indústria, trata-se de um avanço estratégico com grande potencial de mercado. “O fato de ser um inoculante multiforrageiras é determinante para o desenvolvimento e comercialização do produto biológico. A possibilidade de aplicá-lo em diferentes tipos de pastagens garante mais praticidade e economia ao pecuarista”, afirma Andrea Giroldo, diretora da Agrocete.
O investimento da Agrocete no desenvolvimento do bioinsumo está alinhado com a necessidade de soluções sustentáveis para o setor. Segundo ela, hoje, mais de 70 milhões de hectares no Brasil possuem pastagens de baixa produtividade e diferentes níveis de degradação. “Para expandir a produção bovina com menor impacto ambiental, é essencial melhorar a qualidade e produtividade das pastagens sem aumentar os custos para o pecuarista”, complementa.
O cronograma atual prevê que o novo produto esteja disponível para o mercado em 2026. Até lá, os pesquisadores da Embrapa e a equipe técnica da Agrocete seguirão conduzindo os estudos agronômicos necessários para validar a eficácia e a segurança do inoculante multiforrageiras no campo.
Atualmente, cerca de 18,5% da área total do território nacional estão ocupados por pastagens (159 milhões de hectares), dos quais 78% estão sob degradação intermediária a severa. São quase 100 milhões de hectares de pastagens degradadas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos é na pecuária bovina (4,7 milhões). O País é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).
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Ana Lucia Ferreira (MTb 16.913/RJ)
Embrapa Agrobiologia
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