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Consumo de IA no Paraguai faz Itaipu estudar construção de 2 turbinas

Usina produz 9% da energia elétrica consumida no Brasil

Por: Redação Fonte: Agência Brasil
21/07/2025 às 08h46
Consumo de IA no Paraguai faz Itaipu estudar construção de 2 turbinas
Joédson Alves/Agência Brasil

A projeção de que o Paraguai consumirá cada vez mais energia elétrica produzida pela usina de Itaipu faz a direção da hidrelétrica binacional estudar a ampliação em 10% do número de turbinas geradoras.

A Itaipu, que produz cerca de 9% da energia elétrica consumida no Brasil, tem atualmente 20 unidades geradores e espaço para a construção de mais duas. A informação é do diretor-geral da estatal, Enio Verri.

“É inevitável, isso vai ocorrer”, declarou o executivo, que, no entanto, ponderou a necessidade de amplos estudos técnicos, sociais e ambientais; viabilidade econômica; e acordo entre Brasil e Paraguai, para que a ampliação seja realizada.

A afirmação de Verri foi durante um encontro com um grupo de jornalistas que visitou as instalações de Itaipu, entre eles a reportagem da Agência Brasil. A hidrelétrica fica na fronteira dos países, se estendendo de Foz do Iguaçu, no Paraná, até Ciudade del Este, no lado paraguaio.

O diretor-geral brasileiro explicou que se aproxima o cenário em que o Paraguai consumirá toda a energia a que tem direito, dessa forma, deixando de vender o excedente para ser usado pelo Brasil.

Segundo ele, fatores que explicam o aumento da demanda paraguaia passam pelo crescimento da economia; a presença crescente em solo paraguaio de data centers (servidores digitais que processam e armazenam dados), incluindo os de inteligência artificial (IA); e da atividade de mineração de criptomoedas – processo digital que depende de computadores potentes para criar e proteger as criptomoedas, com uso intensivo de energia.

Construção de turbinas

Sobre o estudo de viabilidade para construir duas unidades geradoras (turbinas), Enio Verri adiantou que “estamos agora com a nossa equipe dando uma olhada nisso”.

Brasília (DF), 24/06/2025 - O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional é Enio Verri, durante entrevista na Agência Brasil. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Diretor-geral de Itaipu Binacional, Enio Verri. Foto-arquivo: Valter Campanato/Agência Brasil

Ele detalhou que na estrutura da barragem de Itaipu no Rio Paraná, depois dos vertedouros (estruturas que permitem jorrar o excesso de água do reservatório), “há espaço físico em que é possível ampliar em mais duas unidades”.

O diretor-geral contextualiza que aumentar em 10% o número de turbinas não significa necessariamente expandir em 10% a capacidade de geração. A diferença pode ser para menos, por exemplo, com turbinas com menos produtividade, ou para mais, com avanços tecnológicos que permitam produzir mais com menos recursos.

Atualmente, as 20 unidades geradoras de Itaipu têm potência instalada de 14 mil megawatts (MW), sendo 700 MW por turbina.

No entanto, o diretor da hidrelétrica não associou a empreitada necessariamente a outro estudo sobre aumentar em um metro o nível máximo do reservatório no Rio Paraná, o que implicaria ampliar a área alagada.

“Nós temos comunidades, tem os efeitos sobre a população. Uma coisa é você construir uma usina na ditadura militar [1964-1985]. Outra coisa é você construir uma usina agora”, comentou, referindo-se a um período em que ativismos eram suprimidos. Itaipu começou a ser construída em 1974.

“Isso envolve um grande estudo estratégico porque envolve políticas ambientais, políticas sociais, as comunidades que serão atingidas versus a relação e benefícios que isso pode trazer à sociedade”, completa.

Hoje o reservatório tem área de 1.350 quilômetros quadrados (km²), extensão de 170 km e volume máximo de 29 bilhões de metros cúbicos (m³) de água.

Longo prazo

Apesar de classificar como “inevitável”, devido a demanda crescente de energia, Enio Verri diz que o projeto ainda não pode sair do papel por falta de viabilidade econômica. “Hoje não viabiliza”.

O diretor-geral não aponta um horizonte de quando um projeto de expansão poderia ser realizado.

“Estamos discutindo só a data em que estaremos maduros o suficiente para esse investimento”, explicou, acrescentando que “no setor de energia, não existe curto prazo”.

Verri acredita que, quando for tirado do papel, o investimento deve ser financiado por meio de empréstimo de longo prazo em instituições de fomento, “Banco Mundial, BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] ou algo do gênero”.

Ele acrescentou que a forma de pagamento dessa dívida poderia ser por meio de uma taxa na tarifa de luz.

“Valor pequeno, você mantém isso na tarifa como custeio e, com isso, consegue pagar o financiamento das duas usinas”.

Além de viabilidade técnica, contextualiza ele, um projeto dessa magnitude em Itaipu precisará ser acordado conjuntamente pelos governos e parlamentos do Brasil e Paraguai.

Binacional

A usina hidrelétrica de Itaipu é um projeto binacional, criado há 50 anos. Os dois países detêm exatamente 50% da hidrelétrica. Isso vale tanto para o consumo da energia quanto para as decisões que são tomadas e os cargos ocupados. Por exemplo, assim como há um diretor-geral brasileiro, há um diretor-geral paraguaio.

Foz do Iguaçu (PR), 02/01/2025 – Vista dos condutores da hidrelétrica de Itaipu Binacional, a hidrelétrica foi criada em 26 de abril de 1973 e regida em igualdade entre Brasil e Paraguai. A usina está localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Hernandarias, no Paraguai. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foz do Iguaçu (PR), 02/01/2025 – Vista dos condutores da hidrelétrica de Itaipu Binacional, a hidrelétrica foi criada em 26 de abril de 1973 e regida em igualdade entre Brasil e Paraguai. A usina está localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Hernandarias, no Paraguai. Foto-arquivo: Joédson Alves/Agência Brasil - Joédson Alves/Agência Brasil

O tratado que rege a existência de Itaipu determina que, dentro da metade da energia a qual cada país tem direito, o que não for consumido será vendido a preço de custo (sem margem de lucro) para o sócio vizinho. Isso é o que tem ocorrido desde 1985, quando a usina começou efetivamente a gerar energia elétrica.

Há 40 anos, o Brasil consumia 95% do suprimento. Esse cenário seguiu trajetória de queda ao longo das décadas, de forma que em 2024, o Brasil consumia 69%; e o Paraguai, 31%.

O diretor-técnico paraguaio de Itaipu, Hugo Zárate, cita projeções da Administradora Nacional de Eletricidade do Paraguai de que o país chegará aos 50% de consumo da geração da hidrelétrica até 2035. Ele explica que o crescimento da demanda nos últimos dois anos foi bastante expressivo. “Tivemos no ano passado um crescimento superior a 14% no consumo de energia”, informa.

“Isso se deve à utilização de forma intensiva da energia naqueles empreendimentos de mineração de criptomoedas”, contou Zárate, acrescentando que há notícias na imprensa paraguaia de contratos da Ande para incentivar a presença de data centers e servidores de IA no país.

Mudanças em 2027

Outro fator que deve diminuir a disponibilidade da energia paraguaia que chega ao Brasil estará posto já em 2027. Um acordo entre os países determina que a nação que tiver excedente poderá dar o destino que quiser à energia, o que inclui possibilidades como vender no mercado livre de energia brasileiro (consumidores negociam diretamente com geradores, diferentemente do mercado regulado, no qual a compra é feita exclusivamente por meio da distribuidora local), ou até para um terceiro país.

“Cada um pode fazer o que quiser com essa energia no seu país”, resume Enio Verri.

Ao comentar que o Brasil tem avançado em inovações tecnológicas que permitem desenvolver outras energias renováveis, o diretor-geral de Itaipu relativiza o maior consumo paraguaio em termos de reflexos na geração total de energia em todo o território brasileiro.

“Estamos crescendo a oferta de intermitente [solar e eólica, por exemplo] também. Aliás, no Nordeste temos excesso de oferta intermitente. Então, não me parece que seja um grande problema”, avalia.

*A reportagem da Agência Brasil viajou a convite da Itaipu Binacional

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