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Brasil investe em pesquisa com planta da tequila para produção de etanol

O estudo inclui também outras variedades promissoras do gênero Agave mantidas no Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa, para produção de biomassa

Por: Redação Fonte: Embrapa
05/08/2025 às 13h13
Brasil investe em pesquisa com planta da tequila para produção de etanol
Foto: Alexandre Oliveira
  • Parceria público-privada testa Agave tequilana como nova fonte de etanol em três áreas-piloto no Semiárido da Bahia e da Paraíba.
  • Espécie resistente à seca pode impulsionar a bioeconomia e a transição energética no Nordeste e no País.
  • Pesquisa busca desenvolver um sistema de cultivo sustentável para o Agave e outras espécies com fins energéticos.
  • Estudo também pretende ampliar o aproveitamento da Agave sisalana, hoje com apenas 4% da biomassa utilizada pela indústria.
  • Inovação tecnológica tem forte componente social ao combinar produção de etanol, ração animal e captura de CO₂ em regiões de baixo IDH. 

 

Agave tequilana, planta amplamente utilizada no México na produção de tequila, começa a ganhar novos usos no Brasil. Em uma pesquisa conduzida pela Embrapa Algodão (PB) em parceria com a empresa Santa Anna Bioenergia (BA), a espécie está sendo estudada como alternativa para produção de etanol, sequestro de carbono e alimentação animal. A proposta é diversificar o uso do Agave como fonte de energia renovável adaptada ao Semiárido, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética no País.

O estudo inclui também outras variedades promissoras do gênero Agave mantidas no Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa, para produção de biomassa, entre elas a Agave sisalana (sisal), hoje utilizada principalmente para a produção de cordas, tapetes, carpetes e na construção civil.

Além de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa, o estudo tem como objetivo desenvolver um sistema de cultivo para a produção de Agave tequilana e outras espécies com fins energéticos. O intuito é também promover o melhor aproveitamento dessas plantas, considerando que, atualmente, apenas 4% da biomassa da folha da Agave sisalana é utilizada no processo de industrialização.

O Brasil é o maior produtor mundial de Agave sisalana com 95 mil toneladas de fibra em 2023, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cerca de 95% da produção nacional se concentra no estado da Bahia, onde a cultura é uma das principais fontes de renda do chamado Território do Sisal. A Paraíba ocupa o segundo lugar no ranking nacional de produção da fibra de sisal em uma área de aproximadamente cinco mil hectares, de acordo com o IBGE.

O gênero Agave vem atraindo a atenção de empresas de energia como potencial matéria-prima para produção de bioenergia, a exemplo do etanol e compensação líquida de gases de efeito estufa devido às características de adaptação ao clima do Semiárido.

 

Bioenergia e justiça social

Além dos aspectos econômicos e ambientais, o pesquisador da Embrapa Algodão Tarcísio Gondim (foto à direita) destaca que a pesquisa tem uma importante contribuição social.  “Essa inovação tecnológica pode contribuir para mitigar desigualdades regionais e enfrentar a precarização das áreas sisaleiras do Nordeste brasileiro. Para isso, vamos utilizar plantas xerófilas - adaptadas a ambientes secos - com múltiplo propósito: produção de etanol, alimentação para ruminantes e captura de CO2 em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, explica.

Embora o ciclo do Agave seja mais longo que o da cana-de-açúcar, sua principal vantagem é a adaptação às condições semiáridas, onde outras culturas não alcançam rendimentos competitivos.

“O ciclo do Agave pode levar cerca de cinco anos ou mais para atingir a fase de colheita. No entanto, o escalonamento das áreas de plantio ao longo do período permitirá a estabilização da produção de biomassa para fins energéticos, garantindo competitividade na exploração comercial no Semiárido. Para que isso se concretize, é necessário investir em estudos para avançar na padronização de cultivares, no manejo da cultura, nos tratos culturais, na fertilidade do solo, na mecanização do cultivo e no processamento integral da biomassa”, explica Gondim.

 

Foto: Alexandre Oliveira (pesquisador Tarcísio Gondim)

 

Primeiras mudas chegam ao campo

Em março, pesquisadores da Embrapa Algodão realizaram uma missão ao México, onde visitaram o Instituto Nacional de Investigações Florestais, Agrícolas e Pecuárias (Inipaf), órgão equivalente à Embrapa naquele país, além de diversas instituições ligadas à cadeia produtiva da tequila, com o intuito de identificar oportunidades de colaboração em pesquisas sobre a produção de biomassa para obtenção de biocombustíveis, sequestro de carbono e aproveitamento dos resíduos da planta para alimentação animal.

As primeiras 500 mudas de Agave tequilana Weber var. Azul, oriundas do México e trazidas pela Santa Anna Bioenergia, já passaram pelo processo de quarentena e atualmente a equipe de pesquisadores brasileiros está iniciando os estudos de avaliação da espécie no município de Jacobina, na Bahia, onde está sendo instalada a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Agave tequilana. Outras duas URTs serão implantadas nos municípios de Alagoinha e Monteiro, na Paraíba, totalizando 1.800 mudas de Agave tequilana na primeira etapa do projeto.

 

Painel de dados e análise química

O experimento faz parte do projeto Agave na produção de etanol, sequestro de carbono e ração animal nas condições do Semiárido brasileiro e terá duração de cinco anos. Nesse período, serão realizados ensaios para recomendação de arranjos de plantio, adubação e tratos culturais para garantir maior rendimento e viabilidade econômica. Além disso, os cientistas investirão no desenvolvimento de metodologia para quantificação de carbono e das propriedades químicas dos componentes da biomassa de Agave no processo de pós-colheita para produção de etanol e ração animal à base de resíduo da planta.

Segundo o pesquisador Everaldo Medeiros, responsável pelas análises no laboratório de Química da Embrapa Algodão, as atividades de caracterização química e análise do potencial de utilização da biomassa estão sendo conduzidas com metodologias inovadoras, possibilitando a criação de um painel abrangente de dados. Esse painel servirá de base para estratégias eficazes de aproveitamento da biomassa de Agave para geração de energia, além de permitir a quantificação do sequestro de carbono.

 

Foto: Tarcísio Gondim

 

Alimentação animal e mecanização

Para o zootecnista Manoel Francisco de Sousa, também da Embrapa Algodão, “os resíduos do processo de produção de etanol a partir da A. tequilana podem atuar como importante aporte forrageiro na alimentação de ruminantes, especialmente na época de escassez de forragens no Semiárido”.

Outro desafio do projeto será viabilizar a mecanização das etapas do plantio e da colheita do Agave. “Nossa visão de futuro é ter grandes áreas cultivadas com Agave e isso não pode ser feito manualmente. No México, embora diversas etapas do cultivo do Agave sejam mecanizadas, a exemplo do preparo do solo, adubação, capina, aplicação de inseticidas e herbicidas, a etapa do plantio ainda é feita cavando-se a cova manualmente”, relata o pesquisador da Embrapa Algodão Odilon Reny Ribeiro, especialista em mecanização agrícola.

 

 

 
 

Edna Santos (MTB/CE 1700)
Embrapa Algodão

Contatos para a imprensa

Telefone: (83) 3182-4424

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