Após denunciar ter tido a cueca rasgada e sido tocado nas partes íntimas por um grupo de dez colegas, o adolescente de 17 anos parou de frequentar as aulas. O caso chocante aconteceu na última sexta-feira (15), dentro do banheiro da Escola Estadual Professora Silvia Jorge Pollastrini, no Jardim Belas Artes, em Itanhaém, na Baixada Santista (relembre a seguir).
A identidade, tanto da vítima quanto dos suspeitos da infração, será preservada. De acordo com a família, o menino tentou retomar as aulas na segunda-feira (18), mas foi alvo de hostilidade por parte dos colegas, que passaram a chamá-lo de ‘cuecão’. Diante das agressões verbais e do medo de novas represálias, o estudante não retornou mais à escola desde então.
A agressão se prolongou por “vários minutos” e foi filmada pelos próprios estudantes, enquanto a vítima implorava para que parassem. O caso foi registrado na Delegacia Seccional de Itanhaém como estupro e, conforme apuração do VTV News, será investigado pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itanhaém.
O adolescente relatou que, durante o intervalo escolar, foi derrubado no chão e contido à força por outros estudantes, que rasgaram sua roupa íntima e tocaram suas partes íntimas contra sua vontade. Apesar de pedir que parassem, os abusos continuaram até que a vice-diretora da escola se aproximar e perceber a movimentação suspeita, interrompendo a ação (leia posicionamento da Seduc ao final da matéria).
Abalado, o jovem conseguiu ligar para a mãe por volta das 10h05, pedindo para ser buscado e alegando ter se sentido mal após comer algo. Como ela estava em repouso médico, o irmão do garoto foi à escola para buscá-lo, logo após o ocorrido.
No dia seguinte, a mãe do adolescente encontrou a cueca rasgada do filho no lixo de casa. Desconfiada, ela o confrontou, momento em que ele revelou a violência que havia sofrido. A peça de roupa foi então entregue à polícia como evidência.
O boletim de ocorrência, obtido pelo repórter Pietro Falbuon, da VTV SBT, também informa que a vice-diretora da escola teve acesso às imagens do momento do ataque, que já estão sendo analisadas pela equipe de investigação. Entretanto, até o momento, apenas seis dos dez adolescentes envolvidos foram identificados pela vítima.
O jovem cursa o 2º ano do ensino médio e está profundamente traumatizado. Segundo familiares, ele se sente acuado, tem medo de sair de casa e ainda não retornou à unidade escolar. Apesar da gravidade da situação, a família decidiu que não vai transferi-lo de escola, já que o estudante não quer perder contato com os colegas com quem convive há anos.
Apesar da decisão, o advogado Rubson Guimarães Filho, que representa a família, afirmou que a unidade não prestou apoio à vítima e coube à mãe procurar a PM para denunciar o crime. “Naquele momento, a escola deveria ter chamado a Polícia Militar e o Conselho Tutelar, além de encaminhar todos os envolvidos à delegacia. Mas nada disso foi feito”, destacou.
Ainda segundo o advogado, o estudante relatou estar se sentindo “um lixo” em relação ao tratamento recebido dentro da instituição. Ele deve retornar à unidade na próxima semana, mas de forma cautelosa.
O advogado também afirma que vai atuar como assistente de acusação no processo principal, a fim de resguardar os direitos da vítima e acompanhar todos os trâmites da investigação. “Nosso papel é garantir que a violência sofrida não fique impune e que a escola seja responsabilizada por sua omissão”, concluiu.
O caso desencadeou novas denúncias sobre supostas irregularidades na escola. Com cartazes, responsáveis e alunos se reuniram em frente à unidade nesta sexta-feira (22) para cobrar providências. Eles afirmam que crimes como bullying, racismo e até assédio sexual já teriam ocorrido no colégio.
A VTV, emissora afiliada do SBT, não localizou a vice-diretora e os responsáveis pelos adolescentes envolvidos. O espaço para manifestação, porém, segue aberto.
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc-SP), por meio da Unidade Regional de Ensino (URE) de São Vicente, que administra a escola, afirmou que repudia veementemente o ocorrido e informa ter instaurado um procedimento para apurar todas as circunstâncias relacionadas ao caso.
“Ao estudante foi acolhido pela equipe gestora da escola, que designou um profissional do programa Psicólogo nas Escolas para acompanhá-lo. A Delegacia Seccional de Itanhaém também investiga o caso. Diligências estão em andamento para o esclarecimento do caso. Em razão da natureza da ocorrência e da proteção legal de menores de idade, mais informações serão preservadas”, disse
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