A vítima e seus filhos foram acolhidos e levados para um local seguro, onde aguardam a análise das medidas protetivas de urgência. Depois de uma vida inteira de abusos, ela finalmente começa a sonhar com a liberdade.
"Eu espero poder ser livre, que é uma coisa que desde pequena eu sonhava. Eu via as outras meninas e pensava: 'Por que eu não posso ser igual?'. Eu me sentia vigiada o tempo todo, mesmo sem fazer nada errado", desabafa.
O drama começou cedo. Segundo o relato, os abusos começaram quando a vítima tinha apenas sete anos. Aos 15, após a mãe se separar do agressor, o homem a forçou a manter um relacionamento com ele. Além de ser obrigada a se relacionar com outros homens, o agressor ainda registrava os abusos em vídeo, usando as imagens para mantê-la em seu poder.
"Até então, eu estava presa. Eu vivia numa prisão. Alguns dias eram bons, outros dias eram horríveis. Ninguém sabe o tamanho do sofrimento. Quantas noites eu passei chorando sozinha?", afirma a vítima.
O agressor também a controlava emocionalmente, mantendo-a em cárcere privado. Ela sofria agressões físicas e era monitorada por câmeras espalhadas pela casa. Segundo o delegado Eduardo Kruger, "ela saía de casa raras vezes, e o homem controlava de minuto em minuto o que ela estava fazendo".
A prisão do agressor aconteceu após a denúncia da vítima. Enquanto ela estava na delegacia, o homem ligou mais de 30 vezes e enviou mais de 15 áudios, ameaçando-a de forma agressiva: "Volta para casa, senão você vai ter problema sério comigo. O que é que está acontecendo? Fala comigo, senão eu vou atrás de você", disse ele nas mensagens.
A polícia foi até a casa, prendeu o homem em flagrante e apreendeu as câmeras de monitoramento e os vídeos dos abusos em seu celular. O agressor está sendo investigado por sete crimes: estupro de vulnerável, estupro, privação da liberdade, ameaças, perseguição, violência psicológica e dano emocional.
A mãe da vítima foi chamada para depor, mas a polícia não informou se ela é investigada no crime.
Se você ou alguém que você conhece está passando por uma situação semelhante, procure ajuda. No Paraná, existem diversos canais de denúncia disponíveis para as vítimas de violência contra a mulher.
Com a informação G1