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Aquecimento global potencializa toxicidade de microplásticos e metais pesados ​​em peixes

Os ecossistemas aquáticos enfrentam crescentes devido à poluição e à eliminação ambiental.

Por: Redação Fonte: Embrapa
17/11/2025 às 08h29
Aquecimento global potencializa toxicidade de microplásticos e metais pesados ​​em peixes
Foto: Freepik
  • Pesquisas da Embrapa e do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do CNPEM avaliam como o aquecimento global pode intensificar a toxicidade de microplásticos em peixes.
  • Os experimentos mostram também que o calor intensifica a ação tóxica de metais pesados ​​como o cobre, comum em rejeitos industriais e agrícolas.
  • Radicais livres gerados por substâncias prejudiciais causam estresse oxidativo e dano ao metabolismo celular.
  • Enzimas antioxidantes funcionam como indicadores precoces dos impactos da poluição.
  • Resultados são estratégicos para a piscicultura e a segurança alimentar.

 

 

Pesquisadores brasileiros estão comprovando que a elevação da temperatura da água, causada pelas mudanças climáticas, torna os microplásticos ainda mais perigosos para a vida aquática. Os estudos, desenvolvidos pela Embrapa e pelo Laboratório Nacional de Nanotecnologia do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais ( LNNano/CNPEM ) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ), apontam ainda que a presença de metais pesados, como o cobre, agrava a toxicidade de partículas microscópicas em peixes de interesse ambiental e econômico.

Os ecossistemas aquáticos já enfrentam pressões crescentes devido à poluição e à eliminação ambiental. Partículas de plástico que se fragmentam no ambiente — conhecidas como microplásticos — chegam a rios, lagos e águas pelo descarte de resíduos e pelo desgaste de materiais sintéticos.

"No meio aquático, essas partículas não estão isoladas e podem se combinar com substâncias químicas, sofrer alterações pela radiação solar, além de interagir com variações de temperatura. Esses fatores combinados podem gerar efeitos mais severos para a fauna aquática, desde alterações fisiológicas mais sutis até efeitos mais severos para os organismos", explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP)  Vera Castro .

Para entender melhor essa relação, uma equipe de pesquisadores da Embrapa realiza experimentos com peixe-zebra ( Danio rerio ) e tilápias ( Oreochromis niloticus ), simulando condições próximas à realidade ambiental. Os testes expõem os peixes a microplásticos envelhecidos pela ação da luz ultravioleta e associados ao cobre, um metal comum em rejeitos industriais e agrícolas. Além disso, a água é mantida tanto em temperaturas médias quanto três graus acima, simulando cenários previstos de aquecimento global.

“Queremos avaliar não apenas a presença isolada de microplásticos, mas como eles se comportam e se tornam mais ou menos tóxicos diante de mudanças ambientais concretas, como o aumento da temperatura e a exposição a metais”, explica Castro. A análise inclui biomarcadores como taxas de sobrevivência, parâmetros hematológicos e respostas bioquímicas, que permitem identificar alterações no metabolismo e na saúde dos peixes antes que ocorram mortes.

Os resultados poderão auxiliar a compreender como essas prejudiciais cadeias alimentares aquáticas e a piscicultura, setor estratégico para a segurança alimentar. Segundo um pesquisador, há a intenção de que o calor intensifique a ação tóxica dos microplásticos e do cobre, potencializando danos às tecidos, ao metabolismo e ao desenvolvimento dos peixes.

Foto:  Ana Maria Braga (Viviane Bettanin, membro da equipe, durante fase da pesquisa)

 

Como é feita a pesquisa

No decorrer da pesquisa, é preciso superar obstáculos práticos para a execução de experimentos em condições controladas. No caso do peixe-zebra, por exemplo, como explica Alfredo Luiz , também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, são testadas larvas de pequenas dimensões. Para isso, os experimentos são realizados em microplacas, cada uma com vários pequenos poços, nos quais são colocados os organismos.

De acordo com Luiz, “no caso da tilápia, são utilizados peixes juvenis, pois algumas análises são feitas no sangue e é preciso que cada indivíduo tenha um tamanho suficiente para permitir a coleta da amostra sanguínea”. Como o experimento precisa de dias para identificar possíveis efeitos das substâncias nocivas, é necessário renovar regularmente a água dos protetores para evitar o acúmulo de excrementos.

Nesse caso, a dificuldade é manter a concentração de cobre estável, mesmo realizando uma troca periódica de parte da água. Além dos cálculos precisos da concentração das emissões em cada troca, fazem-se a amostragem e a análise da água para monitorar possíveis flutuações.

O estudo reforça que, no mundo real, a toxicidade dos microplásticos não pode ser avaliada apenas de maneira isolada. Fatores ambientais, como o aquecimento global e poluentes adicionais, podem interagir de forma a intensificar os danos aos ecossistemas aquáticos. Entender essa interação é crucial para antecipar impactos, desenvolver estratégias de mitigação e proteção não apenas a biodiversidade, mas também atividades econômicas dependentes de águas limpas e saudáveis.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente  Claudio Jonsson , a elevação da temperatura pode modificar a biodisponibilidade do poluente e aumentar a probabilidade de sua absorção por organismos aquáticos. Dessa forma, os organismos enfrentam estresses ambientais climáticos e os fornecidos por agentes químicos, o que leva a alterações bioquímicas como o estresse oxidativo. Nesta situação ocorre a geração de radicais livres com efeitos deletérios para o metabolismo celular, que podem ser medidos pela atividade de enzimas (proteínas) antioxidantes. Portanto, como destaca Jonsson, o conhecimento dessas interações, em nível subcelular, é relevante para a obtenção de dados sobre concentrações seguras do poluente, contribuindo para a proteção da fauna aquática.

Foto: acervo pessoal (bolsista Ana Maria Braga, membro da equipe, em fase da pesquisa)

 

Como o corpo dos peixes reage às poluentes

 

Radicais livres
São moléculas instáveis ​​que surgem no organismo quando há exposição a estresse, como umidade ou aumento da temperatura. Em excesso, podem danificar células, proteínas e até o DNA.

 

Estresse oxidativo

É o desequilíbrio entre a produção desses radicais livres e a capacidade do organismo de neutralizá-los. Esse processo compromete o metabolismo e pode reduzir a sobrevivência dos peixes.

 

Enzimas antioxidantes

Funcionam como “defesas internas” contra os radicais livres. Ao medir a atividade dessas enzimas, os cientistas conseguem identificar se os peixes estão sofrendo com o estresse oxidativo antes mesmo de apresentarem sinais visíveis de doença ou morte.

Entender essas reações em nível celular ajuda a determinar concentrações seguras de substâncias nocivas, protegendo não apenas os ecossistemas, mas também atividades econômicas dependentes da piscicultura e da pesca.

 

Foto: Jefferson Christofoletti (juvenil de tilápia)

 
 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Consultas da imprensa

Número de telefone: (19) 3311-2608

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