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Manejo sustentável, impulso, subvenção do seguro rural para até 35% na soja

A metodologia aplicada permite a avaliação individualizada do risco climático da produção, por gleba ou talhão.

Por: Redação Fonte: Embrapa
19/11/2025 às 08h06
Manejo sustentável, impulso, subvenção do seguro rural para até 35% na soja
Foto: Gabriel Faria/Embrapa

 

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático em Níveis de Manejo (ZarcNM) começou a ser operado pela primeira vez no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do Ministério da Agricultura e Pecuária. A nova modalidade está em fase piloto, tendo como foco inicial a cultura da soja no Paraná. Vinte e novas áreas de produção, totalizando cerca de 2.400 hectares, aderiram à iniciativa e efetivaram a contratação de seguro rural, acessando percentuais diferenciados de subvenção nas apólices de acordo com o nível de manejo adotado na propriedade.

O piloto usa uma metodologia desenvolvida pela Embrapa, que permite classificar talhões em quatro níveis de manejo (NM), com base em indicadores objetivos, verificáveis ​​e auditáveis. Juntamente com as avaliações de risco climático da ZarcNM, o produtor e demais detalhes podem verificar o quanto a adoção de boas práticas pode reduzir os riscos potenciais de perdas da produção por seca. Quanto melhor o nível de manejo, maior a subvenção do seguro.

Da área total participante do projeto-piloto, cerca de 5% foi definido com o nível quatro, o melhor da escala do ZarcNM e que resultou numa subvenção de 35% no valor do seguro rural. Do restante, 27% da área foi prevista no nível de manejo 3, com subvenção de 30%; 57% no nível 2, com 25% de subvenção da polícia; e 11% da área ficaram com o nível 1, mantendo os 20% de subvenção padrão do PSR.

De acordo com Diego Almeida, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, este novo formato de subvenção deve se tornar perene. “Após a avaliação dos resultados desta primeira fase, planejamos expandir o programa para outros estados, iniciando com a soja e, posteriormente, incluindo a cultura do milho”, afirma.

Aumento de produtividade e resiliência

A metodologia ZarcNM contribui para reduzir um problema recorrente do seguro rural que é uma necessidade de quantificação mais individualizada do risco, por gleba ou talhão, conforme o manejo de cada área. Ao aplicar incentivos financeiros, a gestão do PSR coloca na prática um mecanismo de indução de boas práticas e adaptação da agricultura brasileira, tornando-a mais resiliente à variabilidade climática e aos crescentes riscos de seca.

O pesquisador José Renato Bouças Farias , da Embrapa Soja (PR), afirma que essa atualização do ZarcNM é muito relevante porque quanto melhor o nível de manejo adotado, menor será o risco de perdas por déficit hídrico. De acordo com o pesquisador, a adoção de práticas conservacionistas é determinante para aumentar a infiltração de água e reduzir o escorrimento superficial, comum durante chuvas intensas e em grandes volumes. Juntamente com outras práticas de manejo do solo, elas promovem maior disponibilidade de água às plantas. "O aprimoramento do manejo do solo leva um aumento significativo na produtividade das culturas, à redução do risco de perdas causadas por condições de seca e ao aumento da fixação de carbono no solo. Além disso, promove a conservação tanto do solo quanto dos recursos hídricos", destacou Farias.

Segundo o pesquisador, culturas não irrigadas, como a grande maioria da área com soja no Brasil, têm como fontes de água para atendimento de suas necessidades a água da chuva e aquela disponibilizada pelo solo. “As práticas de manejo que incrementam a capacidade do solo de disponibilizar mais água às plantas são essenciais para reduzir os riscos de perdas por seca, principalmente, quando se projetam cenários climáticos cada vez mais adversos à exploração agrícola”, ressalta Farias.

Modelo de operação

Neste modelo testado pela primeira vez são considerados seis indicadores: tempo sem revolvimento do solo, porcentagem de cobertura do solo em pré-semeadura (palhada), diversificação de cultura nos três últimos anos agrícolas, percentual de saturação por bases, teor de cálcio e percentual de saturação por alumínio. “Além dos indicadores quantitativos, alguns pré-requisitos precisam ser observados como, por exemplo, semeadura em contorno ou em nível”, explica Farias.

No piloto, os agricultores submetem seus projetos às seguradoras e agentes financeiros, diminuem o talhão a ser analisado, repassando as informações solicitadas e as análises de solo feitas em laboratórios credenciados. Por meio de uma plataforma digital desenvolvida pela Embrapa Agricultura Digital  (SP), o Sistema de Informações de Níveis de Manejo (SINM), os dados são cruzados com informações de sensoriamento remoto para cálculo e classificação dos níveis de manejo.

O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e coordenador da Rede Zarc de Pesquisa , Eduardo Monteiro , destaca a importância do sensoriamento remoto nesse processo. Ele exemplifica com uma das áreas aprovadas no Nível de Manejo 3 e que está ao lado de outra com sinais de erosão.

"Apesar de vizinhos, as classificações podem ser bem diferentes. A área erodida não obteria classificação maior que NM1. Isso mostra a importância de um sistema de verificação independente e bem estruturado para ser capaz de observar esses detalhes de forma automatizada à medida que ganha escala e o número de operações chega aos milhares", afirma.

Recompensa ao agricultor

De acordo com Renato Watanabe,  gerente executivo técnico da Coocamar Cooperativa Agroindustrial, essa é uma demanda antiga. É altamente positivo que o nível de manejo de solo venha a beneficiar financeiramente os produtores.

“A gente encontra produtores nos solos arenosos com mais habilidade de produção do que os solos argilosos, muito em função do nível de manejo. São duas realidades. Onde se faz apenas a rotação soja e milho, é comum isso causar problemas físicos e biológicos para o solo, principalmente físicos, em função de as raízes ficarem específicos somente a até 20 cm de profundidade. Com isso, as lavouras acabam sofrendo mais um período de seca, mesmo de curta duração. Já quem faz um bom trabalho, seja em solos arenosos ou argilosos, mesmo em anos difíceis, conseguiram manter a estabilidade da produção”, afirma.

Watanabe destaca ainda que o ZarcNM se conecta com outras frentes trabalhadas pela Cocamar, como soja de baixo carbono e integração laboral-pecuária-floresta (ILPF).

O cooperado José Henrique Orsini, do município de Floresta (PR), é reconhecido pelos técnicos da Cocamar por dedicar atenção especial ao solo, utilizando braquiária logo após a colheita da soja como forma de melhorar o solo e ter palhada em abundância para o plantio direto na safra do verão seguinte.

“Faltava um seguro assim para considerar o trabalho do produtor que faz um bom manejo do solo”, diz Orsini, explicando que, neste ano, por não ter feito o consórcio milho e braquiária conseguiu acessar o NM2 do seguro e terá direito a uma subvenção de 25%. Se tivesse feito o consórcio, chegaria ao nível 3 e a subvenção seria de 30%.

Já o produtor e cooperado José Rogério Volpato alcançou a classificação NM3. "Importante diferenciar os produtores que investem no manejo sustentável do solo. É um reconhecimento que serve de incentivo para outros", ressalta. Ele cultiva solos arenosos em Ourizona e em Presidente Castelo Branco (PR), onde implementa o programa de integração laboral-pecuária (ILP) e o consórcio milho e braquiária como opção de inverno. Há mais de uma década, a Volpato investe em práticas que garantam a estabilidade das safras, mesmo quando há períodos de veranicos e altas temperaturas em momentos críticos de trabalho.

Entre outros benefícios, a braquiária, com seu enraizamento agressivo, rompe a camada de compactação e abre pequenos canais que propiciam a infiltração das águas das chuvas, evitando as enxurradas e contendo a erosão. Além de aumentar o volume de matéria orgânica, o capim cicla nutrientes das camadas mais profundas e, com sua palhada intensa, inibe o surgimento de ervas orgânicas e mantém o solo úmido por mais tempo após uma chuva, criando um microclima que favorece o desenvolvimento da laboura. A cobertura protege o solo, também, da incidência dos raios solares, mantendo uma temperatura mais suportável para as plantas.

 

Projeto-piloto

A Instrução Normativa nº 2 de 2025, que regulamenta o ZarcNM, foi publicada no Diário Oficial em 9 de julho, após a Resolução nº 107 do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural que aprovou as regras do projeto-piloto. Com isso, o manejo adotado entra no cálculo para avaliação do risco climático da cultura. Nesta fase inicial do projeto, o Mapa destinou R$ 8 milhões.

 

 
 

Gabriel Faria (MTb 15.624/MG)
Embrapa Agricultura Digital

Consultas da imprensa

Lebna Landgraf (MTb 2.903/PR)
Embrapa Soja

Consultas da imprensa

Rogério Recco
Cooperativa Cocamar

Consultas da imprensa

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