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Nova recomendação da pesquisa reduz 70% dos custos com adubação do cajueiro-anão

Uma nova recomendação de adubação permite o uso racional de insumos e confere maior sustentabilidade à produção de caju

Por: Redação Fonte: Embrapa
02/12/2025 às 12h34
Nova recomendação da pesquisa reduz 70% dos custos com adubação do cajueiro-anão
Foto: Luiz Augusto Serrano
  • Pesquisadores atualizaram a recomendação de adubação para a cultura do cajueiro-anão.
  • A Mudança garante o desenvolvimento de plantas equivalentes aos obtidos pelo protocolo anterior, com redução de 70% dos custos com a adubação.
  • A quantidade de nutrientes no momento do plantio é reduzida. Em alguns casos, são utilizadas doses quatro vezes menores por cova.
  • No caso de adubos fosfosfatados, por exemplo, a quantidade usual, dependendo das condições do solo, pode cair de um quilo para 200 gramas do insumo por cova.
  • Além de benefícios ambientais econômicos, o uso racional de adubação química minimiza os impactos, contribuindo para uma produção mais sustentável.  

 

Uma nova recomendação de adubação para o plantio do cajueiro-anão permite o uso racional de insumos como corretivos e fertilizantes e confere maior sustentabilidade à produção de caju. A atualização, fruto de pesquisas realizadas pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE), substitui o processo atual, em uso há 25 anos, e atende à demanda de produtores rurais do Ceará para adequação da adubação na fase de implantação de pomares. A garantia de mudança no desenvolvimento das plantas equivalentes aos obtidos na recomendação antiga, com redução de 70% nos custos de adubação, no planejamento das mudas, por hectare. Esse resultado proporciona economia aos produtores e beneficia a cultura e o meio ambiente.

As pesquisas para determinação da nova recomendação, iniciadas em 2021, foram realizadas por meio dos projetos “Aperfeiçoamento tecnológico do manejo de pomares de cajueiros para obtenção de alta produtividade (Fase II)” e “Inovações tecnológicas para o sistema de produção do cajueiro-anão”, este último financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico ( CNPq ) e pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( Funcap ). Os resultados estão disponíveis na publicação Recomendações de calagem e adubação para o plantio do cajueiro .

De acordo com o pesquisador Carlos Taniguchi , responsável pelos estudos com foco na melhoria da adubação, a primeira recomendação da pesquisa para a cultura, publicada na década de 2000, ainda utilizada, se fundamenta em estudos com o cajueiro-comum e outras frutíferas. “Levantamentos realizados junto aos produtores de caju de diferentes municípios do Ceará confirmaram a necessidade de adequar essas orientações com base nas necessidades do cajueiro-anão”, explica.

Para crescer e se desenvolver, o cajueiro precisa de elementos- como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês, zinco, cloro, molibdênio e níquel. A adubação repõe esses nutrientes no solo, quando não encontrados em quantidade adequada, e influencia diretamente a produção do pomar. “Ser assertivo nesse processo evita gastos desnecessários e garante o bom desenvolvimento da cultura”, afirma Taniguchi.

Foto: Carlos Taniguchi (folhas de cajueiro aptas à coleta para análise nutricional)

 

O que muda na adubação de plantio

Uma recomendação antiga preconiza o uso de uma quantidade elevada de adubos, por cova, prática que aumenta o custo de produção na cultura. De acordo com Taniguchi, no caso de adubos fosforados, dependendo do teor de nutriente no solo, chegava-se a aplicar quase um quilo de superfosfato simples por cova. A nova recomendação diminui essa quantidade para no máximo 200 gramas por cova e limita a aplicação de calcário somente à área total do pomar. Antes, a aplicação do produto era feita também na cova de plantio”, ressalta.

Além disso, houve uma diminuição substancial da quantidade de micronutrientes aplicados na cova de plantio. A dose de FTE-BR12, produto que contém zinco, boro, cobre, ferro, manganês e molibdênio em sua composição, antes inserida em 100 gramas por cova, para todos os tipos de solo (baixa, média ou alta fertilidade), agora será definida com base nos resultados da análise do solo.

Foto: Carlos Taniguchi (adubação realizada na cova para planejamento de muda de cajueiro-anão)

 

Redução de custos

A fase de plantio é crucial para o estabelecimento das mudas de cajueiro e o único momento em que os adubos são aplicados no solo em profundidade. Os ajustes na recomendação de adubação de plantio do cajueiro-anão garantem uma economia de cerca de 70% nos custos dessa etapa de produção.

"Na recomendação antiga, o custo médio da adubação de plantio em um hectare de cajueiro, com espaçamento de 8 m por 8 m (156 plantas) é de R$ 520,00. Já na nova, por dispensar a aplicação de calcário na cova e utilizar doses reduzidas de fósforo e micronutrientes, esse valor cai para R$ 138,00", afirma Taniguchi.

 

Benefícios ambientais

Além de benefícios econômicos, o uso racional de adubação química na agricultura proporciona ganhos ambientais, para minimizar riscos de contaminação do solo, cursos d´água e dos alimentos, contribuindo para um modelo de produção mais sustentável. A diminuição de fertilizantes químicos ajuda a conservar a estrutura física do solo, uma vez que alguns desses produtos podem levar ao acúmulo de sais e à eliminação da matéria orgânica.

O cajueiro, por ser cultivado em solos de baixa fertilidade, é uma planta relativamente exigente em adubação. De acordo com a pesquisa, uma nova recomendação atende à necessidade da planta com doses quatro vezes menores de adubos, em relação à recomendação anterior. A longo prazo, essa redução pode levar a melhorias no solo, como a conservação da vida biológica, e na qualidade dos frutos, especialmente quando aliada às práticas orgânicas de manejo. 

Foto: Carlos Taniguchi (cajueiro-anão sob nova adubação, com 1 ano de idade)

 

Validação em campo

Para validar a nova adubação de plantio do cajueiro-anão foram instaladas Unidades de Observação da tecnologia em cinco municípios cearenses: Fortim, Alto Santo, Ocara, Santana do Acaraú e Cascavel. O trabalho, iniciado em março de 2025, se estende até final de 2026. As avaliações de crescimento das plantas são realizadas a cada seis meses.

"Observamos o melhor desenvolvimento do cajueiro quando comparado aos obtidos na antiga adubação, com a vantagem de utilizar menos insumos e necessitar de menor investimento. Os resultados iniciais indicam que a nova recomendação de adubação do cajueiro-anão é bem ajustada e assertiva, garantindo o crescimento adequado das plantas", avalia Taniguchi. 

 

Aplicativo para avaliação nutricional do cajueiro

Estudos comprovam que a falta ou o excesso de nutrientes prejudicam o crescimento, o desenvolvimento e a produção do cajueiro, com impactos econômicos na atividade produtiva. Entretanto, práticas como análises de solos e foliares, para verificação da condição nutricional das plantas do pomar, ainda são pouco utilizadas pelos produtores, muito em função da carência de orientações técnicas externas à realização desses procedimentos na cajucultura.

As pesquisas para uma nova recomendação de adubação envolvem também o desenvolvimento de uma ferramenta on-line destinada ao Diagnóstico da Composição Nutricional (CND). Batizado de CND Caju, o aplicativo que realiza a interpretação dos resultados da análise foliar e determina o estado nutricional do cajueiro. Essa avaliação é crucial para orientar a adubação da planta. A ferramenta, em fase de finalização, é de simples adoção e será disponibilizada a produtores e técnicos da extensão rural.

Segundo o engenheiro agrônomo Wiliam Natale, bolsista do CNPq na Embrapa Agroindústria Tropical, que participa dos estudos, o CND considera interações multivariadas entre os nutrientes em plantas de alto desempenho produtivo. "Essas interações são importantes, uma vez que o desequilíbrio nutricional prejudica a produtividade e a qualidade da produção e pode deixar a planta mais suscetível ao ataque de doenças e ao estresse do ambiente. O estado nutricional ideal não é uma abundância de nutrientes, mas o equilíbrio entre esses elementos, de acordo com as necessidades específicas da espécie e de cada fase de desenvolvimento das plantas", ressalta.

Conforme explica Natale, os gastos com adubação representam aproximadamente 30% dos custos de produção. Ele defende que é necessário trabalhar com cálculos precisos para definição das peças de insumos no processo, uma vez que um desvio para mais ou para menos impacta diretamente o desenvolvimento da cultura e o custo do investimento. “Uma análise de solo ou foliar bem feita e a interpretação adequada dos dados pode aumentar consideravelmente a produção e gerar mais lucro na cultura”, enfatiza o especialista.

Foto: Carlos Taniguchi (coleta de folhas de cajueiro para avaliação do estado nutricional)

 

Disseminação da tecnologia

A validação e a disseminação da tecnologia contam com o apoio da Empresa de Assistência Técnica Rural do Ceará ( Ematerce ). Mas, para adoção de forma adequada, é importante que a análise do solo seja feita seguindo as orientações da pesquisa, uma vez que os resultados indicarão a condição de fertilidade do solo e a real necessidade de adubação.

“É fundamental que os agricultores realizem a coleta das amostras de solo de forma adequada e que as análises realizadas por laboratório credenciado. Além disso, sempre sugerimos que busquem o apoio de técnico profissional para interpretação dos resultados das análises. E também a orientação sobre a adubação, com insumos e detalhes específicos na real necessidade do cajueiro, com base nas recomendações da pesquisa. Esses cuidados são indispensáveis ​​para a apropriação eficaz desse novo conhecimento gerado pela ciência. Esperamos que esse conhecimento se torne uma prática. rotineira entre produtores de caju no Brasil”, enfatiza Taniguchi.

 

Épocas para plantio do cajueiro

Estudos recomendam que o plantio do cajueiro seja realizado no início da estação chuvosa, para garantir a umidade e facilitar o enriquecimento da muda. Na Região Nordeste, geralmente ocorre entre os meses de outubro e janeiro, mas para evitar escolhas equivocadas é essencial seguir as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático para a cajucultura (Zarc Caju). A ferramenta de apoio à produção reúne informações geradas pela pesquisa e indica as épocas e locais mais adequados para implantar a cultura (janelas de plantio), levando em consideração características do clima, tipo de solo e o ciclo de desenvolvimento dos clones. 

Publicado por meio de Portarias do Ministério da Agricultura e Pecuária ( Mapa ), o Zarc orienta sobre o momento certo para plantar, de forma a evitar épocas com chuvas em excesso ou secas severas, que podem comprometer as fases de florescimento e frutificação das plantas ou a colheita. O objetivo é minimizar perdas na cultura e prejuízos para os agricultores. Entretanto, o uso da ferramenta deve ser associado a práticas adequadas de implantação e manejo da cultura, seguindo métodos assertivos de adubação.

Além de estarem menos sujeitos a perdas na produção por eventos climáticos, os agricultores que adotam as recomendações do Zarc podem ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária ( Proagro ) e pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural ( PSR ), do Governo Federal. A ferramenta também facilita o acesso ao crédito rural, junto às instituições financeiras que condicionam o financiamento agrícola a cultivos em áreas zoneadas.

 

Foto:  Carlos Taniguchi (muda de cajueiro com nova adubação)

 

Continuidade dos estudos

O cronograma de pesquisa prevê o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento dos cajueiros por, pelo menos, dois anos. Conforme Taniguchi, as pesquisas com culturas perenes, como o cajueiro, são processos de longa duração. Mesmo com o término do projeto, os estudos continuam, para verificar como essas plantas vão se comportar também em termos de produtividade, sob os efeitos da nova recomendação de adubação.

 

 

 
 

Diva Gonçalves (MTb-0148/AC)
Embrapa Agroindústria Tropical

Consultas da imprensa

Número de telefone: 3391-7153

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