A apresentação faz parte das atividades da Divisão de Educação Ambiental de Itaipu, em celebração ao Dia Mundial da Água, comemorado neste 22 de abril. Este ano, a empresa abordou o tema “A água nos une, o clima nos move”, proposto nacionalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA).
"Nossa proposta foi oferecer uma reflexão para os colegas da Itaipu e convidados da cidade e da região sobre os desafios que já atravessamos com as mudanças climáticas, principalmente, sobre os recursos hídricos”, resumiu o coordenador do evento, Rodrigo Cupelli. “Aprender mais é ter mais condição de agir e de despertar a vontade de agir.”
Além da palestra de Paulo Nobre, foi produzida uma versão ilustrada do conto “Tatá, Pepe e Gigi – as três gotinhas de chuva”, de Ana Primavesi. Também serão feitas apresentações teatrais nas escolas, a realização de um webinar sobre o ciclo da água e a produção de um vídeo que será distribuído na região.
Dia da Água
Já na entrada do Cineteatro, um portal trazia a mensagem “Somos gotas, mas juntos fazemos chover”, mostrando que cada um é responsável pelas mudanças de atitudes. Antes da palestra, os convidados acompanharam uma apresentação cultural do projeto “Fenda”, do instrumentista Sergio Copetti, com canções que abordam temas da natureza.
O diretor-geral brasileiro, Enio Verri, e o diretor de Coordenação, Carlos Carboni, que estão em compromisso fora de Foz do Iguaçu, enviaram por vídeo suas mensagens. “Para Itaipu, água é tudo. É dela que produzimos a energia e temos a capacidade de expandir nossas ações para o Paraná e o Mato Grosso do Sul. Por isso, refletir sobre a água é refletir sobre o planeta e refletir sobre a vida”, disse Enio.
Na sequência, o superintendente de Gestão Ambiental, Wilson Zonin, deu as boas-vindas aos convidados, lembrando o histórico das ações da Itaipu em relação ao cuidado com a água.
Ações individuais
Em sua palestra, Paulo Nobre fez um panorama sobre o impacto das ações do ser humano no clima do planeta, criando uma nova era geológica, o Antropoceno. Segundo ele, ondas de calor e tempestades tropicais, como as que já afetam Foz do Iguaçu, serão cada vez mais comuns.
“Em 2004, uma pessoa jamais imaginaria que em dez anos o sistema da Cantareira, em São Paulo, sofreria uma seca terrível. Em 2014, não imaginaríamos que seria possível atravessar o Rio Solimões a pé. Hoje, em 2024, o que vocês imaginam ser impossível para a próxima década”, provocou.
Os dados alarmantes de anos de estudos do Inpe, como integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), mostram os efeitos das mudanças climáticas no aumento da temperatura e, principalmente, na dinâmica da natureza afetando os serviços ambientais.
Como exemplo, Paulo Nobre explicou o conceito de “rios voadores”, ou seja, a formação de nuvens pela Floresta Amazônica que permite as chuvas nas regiões Sul e Sudeste do País. “Aqui mesmo, em Foz do Iguaçu, as árvores do Parque Nacional do Iguaçu fazem o mesmo serviço”, disse. Segundo ele, seriam necessárias quatro usinas hidrelétricas de Itaipu produzindo em carga máxima para gerar a energia necessária para evaporar a quantidade de água que as árvores do PNI evaporam diariamente.
Como mensagem final, Paulo Nobre sugere que cada um reflita nas suas ações individuais, privilegiando o produto local e orgânico, separando resíduos sólidos, levando o conhecimento para os mais jovens, plantando árvores. “Mudanças globais começam por atitudes locais. O futuro está sendo feito agora”, concluiu, emocionado.
Papel de todos
Para o agricultor orgânico Gustavo Medeiro, 29 anos, de Marechal Cândido Rondon, além das ações individuais, as pessoas precisam se reunir e cobrar as mudanças por parte de governos e empresas. “A iniciativa da palestra mostra que Itaipu está seriamente preocupada com a questão ambiental, é uma atitude corajosa da empresa, mas nem todas têm essa preocupação”, afirmou.
O agente ambiental Patrick Guilherme Alves Coelho, 28, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acredita que a conscientização precisa ser feita com as crianças. “Essas ações educacionais trazem as informações e aproximam mais a sociedade do problema”, refletiu.
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