O presidente Lula fez duras críticas, nesta quinta-feira (20), à decisão do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central de interromper o ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic) e manter o índice em 10,50% ao ano, com impactos negativos na economia. Segundo afirmou em entrevista à rádio Verdinha, do Ceará, “a decisão do Banco Central foi investir no sistema financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros, e nós queremos investir na produção”.
“Foi uma pena, uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Porque quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem pra investir aqui dentro”, disse o presidente, que cumpre agenda no Ceará para anunciar mais investimentos em educação e saúde no estado.
Lula citou como exemplo os gastos do governo com o pagamento dos juros da dívida pública, que prejudicam as políticas públicas e favorecem apenas os lucros da especulação financeira.
“Só de juros, no ano passado, foram 790 bilhões de reais que a gente pagou. Só de desoneração foram 536 bilhões que a gente deixou de receber. E toda vez a imprensa fala muito, a imprensa fala ‘ah, vai aumentar o salário mínimo é gasto, vai aumentar o professor é gasto’. Por que não transforma em gasto a taxa de juros que nós pagamos?”, questionou.
“Eu não vejo o mercado falar dos moradores de rua, eu não vejo o mercado falar dos catadores de papel, eu não vejo o mercado falar dos desempregados, eu não vejo o mercado falar das pessoas que necessitam do Estado. Quem é que necessita do Estado? É o povo trabalhador. É a classe média que paga imposto nesse país”, prosseguiu.
Lula também voltou a criticar a lei que conferiu autonomia ao Banco Central, aprovada pelo Congresso em 2021 e que permitiu que o bolsonarista Roberto Campos Neto permanecesse na presidência do órgão até hoje, sabotando o governo e o país. O presidente lembrou de quando indicou para o cargo o economista Henrique Meirelles.
“Eu fui presidente durante oito anos. O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom e Banco Central. O Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz [Campos Neto] hoje. Só que o Meirelles era uma pessoa que eu tinha o poder de tirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos, como outros presidentes tiraram tantos”, afirmou.
“Aí resolveram entender que era importante colocar alguém, que tivesse um Banco Central independente, que tivesse autonomia. Ora, autonomia de quem? Autonomia para servir a quem? Autonomia para ter de quem?”, questionou.
&Durante a entrevista, o presidente também destacou o cenário positivo da economia, defendeu os investimentos públicos para a melhoria das condições de vida do povo e reafirmou o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.
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“É assim que eu governo o Brasil. Ou seja, eu não quero gastar o que eu não tenho, eu não quero gastar mal. Eu quero fazer o gasto que seja uma coisa necessária. Pagar salário para o povo é um gasto necessário. Melhorar a qualidade da saúde é um gasto necessário. Melhorar a qualidade da educação é um gasto necessário. Você não vai melhorar a educação se você não contratar mais professores, melhorar o [salário] do professor”, pontuou.
“O que nós queremos é fazer gasto de qualidade com o povo brasileiro. E disso nós não abrimos mão. Nós vamos continuar aumentando o salário mínimo de acordo com o crescimento do PIB”, disse o presidente, que reafirmou o compromisso de ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
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