Quarta, 05 de Novembro de 2025
20°C 26°C
Marechal Cândido Rondon, PR
Publicidade

Rio Grande do Sul contabiliza perda de 17 mil colmeias desde enchentes

Em média, cada colmeia tem de 50 mil a 80 mil abelhas

Por: Redação Fonte: Agência Brasil
21/06/2024 às 09h54
Rio Grande do Sul contabiliza perda de 17 mil colmeias desde enchentes
CNA/Wenderson Araújo/Trilux

O estado do Rio Grande do Sul já contabiliza a perda de pelo menos 16,9 mil colmeias desde o início das enchentes ocorridas nos primeiros dias de maio – em média, cada colmeia tem de 50 mil a 80 mil abelhas. Os dados levam em conta apenas as mortes da espécie Apis mellifera e de abelhas-sem-ferrão, ocorridas até o último dia 20.

O levantamento, feito pela Federação Agrícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul, em parceria com o Observatório das Abelhas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura e Pecuária, registrou perda de colmeias em, pelo menos, 66 municípios do estado, principalmente em Palmares do Sul (RS), que computou a destruição de mais de duas mil colmeias.

“As colmeias ficaram submersas ou foram carregadas [pela água]. Muitas áreas foram inundadas pelas águas que escorreram das partes mais altas, levaram as colmeias ou inundaram os locais, deixaram as colmeias realmente submersas e as abelhas morreram”, destacou em entrevista à Agência Brasil a coordenadora executiva do Programa Observatório de Abelhas do Brasil, a bióloga Betina Blochtein.

Os dados do levantamento não consideraram as colmeias que foram parcialmente atingidas pela água e nem aquelas que estão em risco em razão da falta de alimentos para as abelhas. No total, segundo a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas, o estado gaúcho tem 486 mil colmeias.

“A gente não está computando as colmeias que estão agora em alto risco, por exemplo, que foram parcialmente afetadas. As paisagens foram muito lavadas, em muitos casos elas estão com uma camada de lodo, de terra por cima, não têm vegetação com flores, então, não têm alimentação para as abelhas”, disse Blochtein. 

A quantidade de abelhas mortas no estado em razão da tragédia climática pode ser muito maior, segundo a bióloga. Isso porque apenas a espécie Apis mellifera e abelhas-sem-ferrão foram monitoradas. As abelhas que não vivem em colmeia, não sociais, por exemplo, não têm como ser computadas no levantamento.  

“Temos na natureza centenas, milhares de espécies de abelhas que a gente não consegue monitorar, e que ninguém viu onde elas estavam quando começou a chuva e ninguém consegue contá-las”. 

Blochtein ressalta que essas abelhas, não sociais, são mais frágeis, têm menos capacidade de se defender de alterações climáticas bruscas e, provavelmente, foram ainda mais impactadas pelas chuvas e enchentes.  

“O que acontece é que as abelhas não sociais não têm reservas de alimento, elas são mais sensíveis e  tendem a perecer mais facilmente. O triste disso tudo é que se a gente tomar a Apis mellifera, ou mesmo as abelhas-sem-ferrão, como as espécies que indicam o que está acontecendo com os polinizadores, então vamos ter um cenário bem trágico, que nem conseguimos enxergar”. 

Culturas mais atingidas

Segundo o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, e da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, 76% das plantas para consumo humano no Brasil são polinizadas por abelhas. A ação de polinização do inseto tem importância variada, a depender de cada planta.

Além de aumentar a produtividade dos cultivos, a polinização feita pelas abelhas produz frutos e sementes de melhor aparência, qualidade e dá mais valor de mercado aos produtos. De acordo com o relatório, em 2018, o valor econômico da polinização para a produção de alimentos no Brasil era estimado em R$ 43 bilhões. A valoração monetária considerou o valor da produção e o incremento de produtividade associado aos polinizadores.

“A gente sabe que o grau de dependência de polinização das culturas não é sempre o mesmo. Tem culturas que dependem mais de abelhas. Por exemplo, a maçã, que tem uma dependência de mais de 90% da presença de abelhas. Se não tem abelhas ou tem poucas abelhas, as maçãs ficam pequenininhas e ficam muito irregulares”, destaca Blochtein. 

O Rio Grande do Sul é responsável por 45% da produção de maçãs brasileiras, segundo a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi). A área de cultivo é de 14 mil hectares, distribuídos em 26 municípios. As macieiras são a principal fonte de renda para 550 pequenos, médios e grandes produtores.

Além da maçã, o estado também tem outras culturas que são dependentes, em diferentes níveis, da polinização das abelhas. “Temos também a soja, que não tem uma dependência tão elevada de abelhas, entre 12% e 20%. Mas imagina 15% de aumento da soja, 15% a mais no peso em grãos é muita coisa. Realmente, a perda de abelhas repercute”. 

A bióloga Vera Lucia Imperatriz Fonseca, referência em pesquisa com abelhas nativas, professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) frisa que as mudanças climáticas não vão arrefecer e ressalta que o país precisa se preparar para enfrentar a situação. 

“A mudança climática está andando e não vai mudar. Ela vai aumentar, não vai diminuir. Não tem volta para esse assunto. É um processo contínuo. No entanto, a agricultura ainda não se conscientizou disso e nem o mercado. Não vai melhorar amanhã ou ano que vem, não vai. Então, as chuvas vão continuar. E não há uma política de lidar com isso, uma política de restauração”.

Edição: Graça Adjuto

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Assessoria
Turismo Há 20 horas

Ecoturismo 2025 terá atração especial nas alturas com espetacular show de balonismo

O Ecoturismo 2025, que acontecerá de 14 a 16 de novembro, no parque de lazer e turismo de Porto Mendes, promete encantar o público com uma atração inédita e fantástica: o balonismo.

Mariana Filizola, coordenadora-geral da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Fotos: Sara Cheida/Itaipu Binacional.
Itaipu Há 1 dia

Oficinas de educação midiática promovidas pela Itaipu e Itaipu Parquetec são destaques na Caravana Federativa

Trabalho de formação com jovens nos Núcleos de Cooperação Socioambiental para enfrentamento da desinformação climática foi o ‘case’ apresentado em oficina de educação midiática na Caravana, na sexta-feira (31)

Fotos: Jean Pavão/Itaipu Binacional
Itaipu Há 1 dia

Itaipu firma parceria com Rádios Comunitárias do Paraná

Convênio vai contemplar 190 emissoras com cursos de locução, equipamentos e veiculações sobre sustentabilidade

Assessoria
Evento Há 2 dias

Associação de Moradores da Linha Heidrich e Rotary Club divulgam Jantar da Costela Desossada e Recheada

O evento, que também conta com o apoio do Clube de Mães da localidade, acontecerá no próximo sábado (08), na sede da associação, a partir das 20h.

Crédito fotos abaixo: William Brisida/Itaipu Binacional
Itaipu Há 2 dias

Itaipu anuncia convênios para a educação que beneficiam mais de 170 mil paranaenses

Investimentos anunciados nesta sexta-feira (31), durante a Caravana Federativa em Foz do Iguaçu, incluem implantação de sistemas fotovoltaicos, apoio à pesquisa em armazenamento de energia e investimentos em educação especial inclusiva, formação de servidores e educomunicação

Marechal Cândido Rondon, PR
20°
Tempo nublado
Mín. 20° Máx. 26°
20° Sensação
0.7 km/h Vento
93% Umidade
100% (32.76mm) Chance chuva
05h46 Nascer do sol
18h53 Pôr do sol
Quinta
27° 19°
Sexta
28° 19°
Sábado
19° 15°
Domingo
24° 12°
Segunda
26° 17°
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,40 -0,04%
Euro
R$ 6,20 -0,02%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 581,654,52 +1,96%
Ibovespa
150,704,20 pts 0.17%
Publicidade
Publicidade
Enquete
...
...
Lenium - Criar site de notícias