Cerca de mil famílias assentadas de Rio Bonito do Iguaçu já podem procurar as agências do Banco do Brasil no município e também em Laranjeiras do Sul, além das cooperativas de crédito e consultorias específicas, para darem entrada no crédito do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - pelas regras e vantagens do novo plano Safra, recentemente anunciado pelo Presidente Lula. A notícia foi divulgada pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e pelo vereador Michel Giacomini (PT), após negociações em Brasília e em Curitiba para destravar o acesso e corrigir um erro técnico de medição nos sistemas de georreferenciamento, que gerou conflitos entre as informações dos ministérios da Agricultura e Pecuária e do Meio Ambiente.
Com isso, foi identificada uma falsa sobreposição do perímetro de medição da área de uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Nacional - sobre os lotes dos camponeses. Esse erro, vinha impedindo desde o mês de janeiro que famílias produtoras do assentamento Ireno Alves ficassem impossibilitadas de contrair financiamento para investir principalmente na compra de equipamentos, em maquinário agrícola, em estruturas à pecuária leiteira, na safrinha de feijão, no plantio do trigo e nas culturas de verão, como as do soja e do milho.
“As reclamações das famílias chegaram até mim, através do vereador Michel e de lideranças sem-terra, e imediatamente fizemos contato com os ministérios, a direção do Banco e o ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, bem como com a superintendência do Ibama no Paraná e o Instituto Água e Terra - IAT. Tão logo o erro foi confirmado, as autoridades em Curitiba e em Brasília tomaram providências para garantir o acesso ao crédito às famílias assentadas em Rio Bonito e os organismos competentes emitiram pareceres, instruindo as devidas correções ”, disse o deputado Zeca Dirceu.
“Trata-se de cerca de mil famílias que produzem e até exportam alimentos da agricultura familiar e camponesa, através de suas cooperativas. Respondem por um volume de financiamento rural que passa de R$ 45 milhões ao ano, se considerarmos só a carteira dos contratos do Pronaf na agência do BB de Rio Bonito do Iguaçu”, disse Zeca. “O impacto positivo desse volume de recursos na economia local é um dos fatores que impulsiona o desenvolvimento de toda a região, gera empregos, renda e oportunidades essenciais à economia paranaense”, acrescentou.
“A maior parte desses contratos de crédito é viabilizada por meio do Banco do Brasil e o embargo poderia enfraquecer a própria atividade do agente público nessa região”, disse o vereador Michel Giacomini. “Voltei de Brasília com a satisfação de trazer essa boa notícia para as famílias do assentamento e só posso agradecer todo o empenho do deputado Zeca e de sua equipe no sucesso de mais essa luta em favor do povo de Rio Bonito do Iguaçu”, completou ele.
Até que o sistema da agência local automaticamente operacionalize o crédito desbloqueado em Brasília, a solução encontrada pelo banco foi inserir manualmente as propostas no sistema do banco. Em expediente interno, a instituição orienta a agência a receber as propostas e cadastrar os pedidos. Na sequência, a diretoria de Agro e Agricultura Familiar do banco deve proceder a liberação dos contratos manualmente.
Além da agência do BB em Rio Bonito do Iguaçu, cuja carteira do Pronaf responde por 35% das movimentações financeiras locais, especialmente para financiamento da pecuária leiteira e lavouras de grãos, as famílias dos três assentamentos contratam o Pronaf através da agência do BB de Laranjeiras do Sul, de escritórios de consultoria agrícola da região e das cooperativas de crédito: Cresol, Crehnor, Sicredi e Sicoob.
O diretor da WE Projetos Agrícolas, Elizeu Wilczak, comemorou o resultado e avanço das negociações: “Só junto ao Banco do Brasil, deixamos de realizar financiamentos de cerca de R$ 3 milhões nesses meses, se comparado ao mesmo período da safra agrícola do ano passado. Agora, é retomar”, informou.
“Sabemos que o erro se deu até pela preocupação das autoridades ambientais no país todo em inibir o avanço predatório sobre as áreas preservadas. Mas é justamente a agricultura familiar e camponesa quem mais preserva, protege e cultiva alimentos para combater a fome, sem agredir a natureza”, argumentou o vereador de Rio Bonito.
“Nossos assentamentos exportam os valores da vida digna, do trabalho decente, da solidariedade e tudo isso combina com o protagonismo e prestígio do governo brasileiro lá fora em cumprir com as metas e compromissos ambientais mundiais. Fico muito feliz do problema técnico ser resolvido e o crédito valorizar e fortalecer o trabalho da agricultura familiar”, concluiu.
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