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Utilização de grupos de microrganismos é nova fronteira em bioinsumos

A combinação de diferentes microrganismos resulta em maior rendimento das plantas e contribui para a sustentabilidade das culturas

18/07/2024 às 11h33
Por: Redação Fonte: Embrapa
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Foto: Envato
Foto: Envato

Com base em uma revisão abrangente da literatura, pesquisadores relatam que o uso de consórcios microbianos oferece benefícios significativos para o crescimento das plantas, superando os métodos tradicionais de inoculação com espécies únicas. Estudos recentes revelaram que a combinação de microrganismos como  Bradyrhizobium  e  Pseudomonas oryzihabitans  aumentou o rendimento da soja em 11% em comparação com plantas tratadas individualmente. A abordagem também promoveu um crescimento mais robusto das raízes e melhor acúmulo de nutrientes.

Além disso, como explica o pesquisador da Universidade Federal de Lavras ( UFLA ) Peterson Nunes, consórcios envolvendo quatro fungos micorrízicos ( Funneliformis constrictum, F. mosseae , Gigaspora margarita e  Rhizophagus irregularis ) e o fungo  Beauveria bassiana (foto à direita) , encontrados no solo, melhoraram significativamente o crescimento do algodão. Essas combinações não só aumentaram os teores de proteína e carboidrato nas plantas, como também reduziram o crescimento de uma praga, a lagarta  Spodoptera littoralis .

A sinergia entre diferentes linhagens de  Beauveria resultou em 100% de mortalidade de outra praga, a mariposa  Plutella xylostella . Da mesma forma, um consórcio de duas linhagens de  B. bassiana mostrou maior eficiência contra larvas de lagarta Duponchelia fovealis  .

Estudos adicionais indicam que consórcios microbianos podem ser eficazes na mitigação de estresses abióticos, incluindo aqueles causados ​​por metais pesados, déficit hídrico e salinização do solo. 

Para o  analista  da Embrapa Meio Ambiente Gabriel Mascarin , os microbios benéficos têm um papel crucial na agricultura moderna, atuando como biopesticidas, bioestimulantes e biofertilizantes. Eles também defendem a saúde e a sustentabilidade das culturas, alinhando-se com os princípios da agricultura regenerativa.

O uso de consórcios microbianos está ganhando reconhecimento devido às suas muitas vantagens potenciais, como sua estabilidade sob diferentes condições ambientais e custos de aplicação reduzidos. A abordagem também aumenta a biodiversidade microbiana na rizosfera e filosfera das plantas (que se referem aos ambientes próximos às raízes das plantas e acima do solo, respectivamente), contribuindo para um ecossistema mais equilibrado. 

Estudos recentes indicaram que consórcios microbianos podem até mesmo ajudar a reduzir traços de pesticidas. Um consórcio de  Aspergillus versicolor e bactérias que foram isoladas de lodo de esgoto mostrou maior eficiência na degradação de moléculas de carbendazim e tiametoxam. Da mesma forma, um consórcio feito de  Pseudomonas plecoglossicida e dois  isolados de Pseudomonas aeruginosa degradou inseticidas organofosforados de forma mais eficiente do que quando eles foram aplicados individualmente.

A combinação de diferentes microrganismos também demonstra benefícios no controle de doenças de plantas e na promoção do crescimento. Em testes com grão-de-bico, a combinação de  Purpureocillium lilacinum  e  Rhizobium sp. forneceu proteção superior contra o nematoide  Meloidogyne javanica e promoveu o crescimento vigoroso das plantas.

No Brasil, líder global na produção e uso de agentes de controle biológico, mais de 70 milhões de hectares foram tratados com biopesticidas em 2022. A crescente oferta de produtos biológicos contendo múltiplas espécies ou linhagens destaca a importância e o potencial dos consórcios microbianos na agricultura, segundo o pesquisador da Embrapa  Wagner Bettiol .

“Esses avanços apontam para um futuro em que a agricultura de precisão e o manejo holístico da saúde vegetal se tornam cada vez mais viáveis”, acredita Nunes. “Além disso”, ressalta o pesquisador, “os consórcios microbianos oferecem uma solução sustentável para a resiliência às mudanças climáticas, melhor ciclagem de nutrientes e redução do impacto ambiental na agricultura. À medida que a tecnologia evolui, espera-se que ela desempenhe um papel cada vez mais importante na produção agrícola sustentável”.

Dos 480 biopesticidas registrados para uso no Brasil em 2023, 83 foram feitos com combinações de microrganismos.

 

 
 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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Número de telefone: +55 19 3311-2608

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