Todos os dias, cerca de 9,5 mil refeições são distribuídas aos pacientes internados nos 21 hospitais pertencentes ao Governo do Estado no Paraná – aproximadamente 286 mil durante todo o mês. A alimentação saudável, com cinco refeições ofertadas nas instituições, faz parte de um plano terapêutico, pensando nas especificidades de cada um dos pacientes, com base nos diagnósticos e dieta adequada que os ajudem nesse momento de recuperação.
Cardápios variados e balanceados associados ao consumo equilibrado de diferentes nutrientes são cruciais para o paciente. Por isso, a nutrição hospitalar vai além de servir refeições. É uma abordagem estratégica que inicia na seleção dos alimentos até a sua distribuição.
As unidades hospitalares contam com nutricionistas que consideram as preferências, aversões, tabus alimentares e costumes, e principalmente as necessidades nutricionais, focando em uma alimentação nutritiva e saborosa.
As refeições são preparadas nos próprios hospitais ou por empresas terceirizadas especializadas. No Hospital Universitário de Cascavel, na Região Oeste, por exemplo, elas são feitas na unidade. Em média, são 1.495 refeições diariamente, que englobam dietas normais e especiais, para adultos e crianças.
No Complexo Hospitalar do Trabalhador, que integra quatro hospitais da Região Metropolitana, as cozinhas são responsáveis pelo preparo e distribuição de mais de 50 mil refeições por mês. O setor funciona 24 horas, nos sete dias da semana, e envolve o trabalho de 120 profissionais. Todos os dias são servidos aos pacientes o desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, e três refeições para acompanhantes (desjejum, almoço e jantar) conforme legislação vigente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Internada há 30 dias no Hospital do Trabalhador, Roseli dos Santos diz que está satisfeita e surpresa com a alimentação hospitalar. “Aqui a nutrição é muito saborosa, gostosa, variada. São seis refeições muito boas, muito saborosas e têm atendido muito a minha expectativa aqui no hospital, ajudado na minha recuperação”, afirma.
O cardápio é alterado diariamente e elaborado com o auxílio de nutricionistas, para que toda refeição seja igualmente nutritiva para o paciente. Para os que precisam de uma dieta com alguma restrição, o menu é adaptado.
De acordo com a coordenadora de Nutrição do CHT, Daiane Dal Maso, a alimentação é formulada para equilibrar proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, todos desempenhando papéis únicos na promoção da cicatrização e na manutenção da saúde.
“No cenário hospitalar, cada detalhe desempenha um papel determinante na jornada de recuperação. A prescrição dietética deve, além de suprir as necessidades nutricionais, oferecer prazer e conforto e, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida”, explica. “Deve haver interação entre o atendimento clínico nutricional e a produção e distribuição das refeições, seguindo o manual de rotinas e planos dietéticos e terapêuticos”.
CUIDADO INDIVIDUALIZADO – De forma geral, um plano alimentar hospitalar contempla dietas que apresentam uma relação direta com a sobrevida do paciente, a exemplo das dietas terapêuticas para doenças como diabetes, obesidade, nefropatias, hepatopatias, doenças cardiovasculares, além das modificações de características físicas.
Além das refeições servidas aos pacientes, a nutrição se estende aos colaboradores e acompanhantes, com o mesmo cuidado. Gordura, sal e açúcar são ingredientes utilizados de maneira ponderada e atendem também a critérios nutricionais, compondo todos os grupos de alimentos.
O diretor de Unidades próprias da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Guilherme Graziani diz que o processo da alimentação nas unidades é criterioso e requer muito cuidado. “É um trabalho que não para. São 24 horas de um serviço essencial para a recuperação do paciente. Acompanhamos todo o processo e tem dado certo. Nossos pacientes nos retornam satisfeitos com esse trabalho”, completa.
DIETAS – As dietas podem ser classificadas como dieta normal, geral ou livre; dieta branda; pastosa; dieta líquida-pastosa; líquida; dieta líquida completa e líquida restrita. Elas são direcionadas aos pacientes dependendo da necessidade de cada um.
Na dieta normal, geral ou livre não existe nenhuma restrição alimentar ou nutricional. Na branda os alimentos devem ter poucas fibras, serem macios, bem cozidos e/ou processados para facilitar a mastigação e a digestão.
A dieta pastosa é transitiva e tem o intuito de facilitar os processos de mastigação, principalmente, de pessoas acometidas por doenças neuromotoras, distúrbios gastrointestinais e estado grave de doenças crônicas. É ofertada com purês, cremes, papas, massas bem cozidas, suflês, carnes moídas ou desfiadas, ovos, mingau, pudins, gelatinas e sorvetes, pães, biscoitos e bolo.
A dieta líquida ou líquida completa é indicada para aqueles que realizaram cirurgia de cabeça e pescoço, no pós-operatório, em casos graves de infecção, no comprometimento gastrointestinal, preparo de exames e que apresentam dificuldade na mastigação e deglutição. Os alimentos permitidos são: leite, bebidas lácteas, iogurte, chá, sopa liquidificada, caldos, suco, gelatina, batida de frutas, sorvetes, mingau e vitamina ralos.
Já a restrita caracteriza-se por ser uma dieta líquida límpida, sem a presença de alimentos que contenham lactose, fibras, lipídeos e proteínas fibrosas. Nesta fase são permitidos água, chás claros, caldo de sopa, água de coco, isotônicos e polímero de glicose.
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