O Congresso Nacional realizou sessão solene em homenagem aos 40 anos do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), nesta segunda-feira (12). O movimento, que surgiu nos anos 1980, tem sido fundamental na defesa dos direitos das mulheres no campo, especialmente em resposta às transformações agrícolas e à modernização tecnológica impulsionadas pela revolução verde.
A deputada Camila Jara (PT-MS), neta de uma assentada e camponesa, expressou sua gratidão e reconhecimento pelo trabalho árduo dessas mulheres. “São vocês que acordam todos os dias antes de o sol raiar, muitas vezes, para alimentar a cidade. E são vocês as mulheres que têm que ter os seus direitos reconhecidos para que tenham representatividade e […] uma vida digna”.
Camila, autora do requerimento da sessão solene em parceria com a senadora Augusta Brito (PT-CE), relembrou que os direitos conquistados foram frutos de muita luta e manifestações.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, falou da aliança histórica entre o Movimento Popular de Mulheres e o MMC na luta pela democracia nos anos 1980. “As mulheres ajudaram a fortalecer a democracia”, afirmou a ministra, destacando o papel crucial das mulheres na recuperação democrática do Brasil em 2022.
Cida Gonçalves também enfatizou a necessidade de continuar avançando em políticas que combatam a desigualdade salarial e a violência contra as mulheres, especialmente em relação ao aumento alarmante de feminicídios e violência sexual no País.
Agricultora Familiar, a deputada Elisangela Araújo (PT-BA) compartilhou suas memórias da juventude, quando participou de acampamentos em prol dos direitos previdenciários e do salário-maternidade ao lado de outras mulheres do MMC. Ela reforçou a importância do movimento na promoção de uma alimentação saudável e da defesa do planeta. Elisangela falou ainda dos desafios que as mulheres enfrentam no campo, especialmente em relação à violência e à necessidade de maior investimento em políticas públicas.
“Precisamos nos unir e dialogar mais com a sociedade. Precisamos de um investimento maior na educação neste País, porque as nossas meninas e mulheres estão sendo cada vez mais violentadas e abusadas. E no campo essa situação não é diferente, porque, por mais que tenhamos desenvolvimento, acesso às tecnologias e conhecimento, nós ainda temos muitas situações de violências ocultas, de muitas violências que as mulheres sofrem, sem terem o direito de falar nem a quem recorrerem”, apontou Elisangela.
“É melhor morrer lutando do que morrer de fome”, recitou a deputada Erika Kokay (PT-DF) a frase de Margarida Alves, ícone da luta camponesa. A parlamentar destacou a coragem das mulheres camponesas e a relevância histórica de suas lutas. “O Movimento de Mulheres Camponesas está em uma luta constante e se alimenta da própria luta”.
Kokay também apontou a necessidade de enfrentar o patriarcado, racismo e patrimonialismo que ainda marcam a sociedade brasileira.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, elogiou a liderança das mulheres no campo e ressaltou os esforços do Governo Lula para atender às suas demandas. Para o ministro, as mulheres também são fundamentais na garantia da soberania alimentar do Brasil, na promoção de uma alimentação saudável e na reeducação da sociedade brasileira a respeito da cultura alimentar tradicional.
“O presidente Lula tem como prioridade garantir que nós tenhamos autonomia, segurança alimentar no Brasil, que nós tenhamos soberania alimentar. As mulheres são muito importantes e decisivas para nós termos soberania alimentar no Brasil. Alimentar é um verbo feminino, e é por isso que hoje o grande esforço nosso é tirar o Brasil do Mapa da Fome”.
As deputadas e os ministros reafirmaram o compromisso do governo federal em continuar apoiando a luta das mulheres camponesas e a importância do movimento na construção de um Brasil mais justo e igualitário.
Do PT Câmara
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