O padre Paulo Araújo da Silva, de 31 anos, suspeito de pedofilia em Coari, no interior do Amazonas, chegou a engravidar uma das vítimas, e forçou a realizar um aborto e enterrou o feto no quintal da casa de um amigo. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta segunda-feira (19). O suspeito foi preso no domingo (18) durante uma operação na cidade.
As investigações apontam que, pelo menos, quatro adolescentes foram abusadas sexualmente pelo religioso. Ele também filmava as relações sexuais com as vítimas, de acordo com a polícia. O g1 não localizou a defesa do suspeito até a última atualização desta reportagem.
Conforme a polícia, as investigações contra o suspeito começaram ano passado após uma adolescente de 17 anos denunciar que mantinha um relacionamento amoroso com o padre. Segundo a jovem, o homem filmava o momento em que os dois mantinham relações sexuais e armazenava os vídeos.
Conforme o delegado José Barradas, a jovem relatou que desde os 14 anos mantinha relações sexuais com o padre, que chegou a engravidar dele, mas o religioso a obrigou abortar.
"Nesse contexto, entra a participação de um homem de 34 anos, que está foragido. Ele é amigo do padre e foi o responsável por fornecer à adolescente um medicamento, que ela ingeriu e resultou no aborto. O feto foi expelido no quintal da casa desse amigo do padre e enterrado no local. Isso foi confirmado tanto por fotos quanto pelo depoimento da vítima", explicou o delegado.
Ainda conforme o delegado, a adolescente também estava sofrendo violência psicológica, tendo em vista que o padre a obrigava a manter relações sexuais com ele e fazia constantes ameaças caso ela não continuasse, dizendo que “iria acabar com a vida dela, pois ela era sua e de mais ninguém”.
Prisão
Durante a prisão do religioso, na igreja onde exercia a função de pároco, os investigadores encontraram ele na cama com uma jovem que tinha acabado de completar 18 anos, o que significa, de acordo com a polícia, que ele mantinha relações com essa jovem desde quando era menor de idade.
Além de manter relações com a vítima, ele solicitava que ela trouxesse amigas para que todos participassem de relações sexuais em conjunto, apontou a polícia.
"Foram apreendidos mais de R$ 30 mil em espécie no quarto dele, além de mais de 260 vídeos de cenas de sexo com adolescentes e com outras pessoas. Todo o material vai ser analisado pela perícia, juntamente com o notebook dele', relatou o delegado.
Segundo a Polícia Civil, as investigações continuam, pois há a possibilidade de que outras pessoas estejam envolvidas. Depoimentos de testemunhas indicaram que o padre aliciava outras pessoas.
Considerando todos esses elementos, os alvos investigados irão responder por omissão de assistência a crianças e adolescentes, com penas que variam de 6 meses a 3 anos de detenção, estupro de vulnerável.
Além dos Art. 125 do Código Penal (CP), que trata do abortamento realizado por terceiro com pena de reclusão de 1 a 3 anos; e no Art. 147 que define o crime de ameaça combinado com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
O padre será encaminhado à audiência de custódia e deve ficar à disposição da Justiça.
Posicionamento da Igreja Católica
Em nota, a Diocese de Coari manifestou repudio a toda forma de abuso e exploração e emitiu solidariedade às vítimas e a suas famílias.
A Diocese de Coari informou, ainda, que tomou as providências canônicas necessárias, que determina a lei da Igreja, afastando o referido religioso de todas as funções que desempenhava na Igreja Católica.
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