O Cineteatro dos Barrageiros da usina de Itaipu tornou-se um grande laboratório de direção defensiva nesta sexta-feira (13) pela manhã. O estacionamento do local, habitualmente lotado de automóveis, ficou cheio de motocicletas de todas as marcas, antecipando o grande interesse de motociclistas pelo encontro sobre prevenção de acidentes de trânsito na condução de motocicletas que ocorreria no local.
Cerca de cem pessoas participaram da ação educativa, que contou com apresentações teóricas e práticas e foi promovida pela Divisão de Engenharia de Segurança do Trabalho e o Grupo de Trabalho de Trânsito da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). Entre eles, empregados(as) da Itaipu de ambas as margens e também do Itaipu Parquetec. Todos têm passe de motocicleta e utilizam esse tipo de veículo no deslocamento ao trabalho.
O tema principal do evento foi a prevenção de acidentes de trânsito na condução de motocicletas. Edwin Ricardo de Souza, da RHSS.AD, deu as boas-vindas aos participantes. “É uma grande satisfação estar aqui hoje para falar sobre um tema de extrema importância”, destacou.
Ele citou que, em 2023, Foz do Iguaçu registrou um total de 1.759 acidentes de trânsito envolvendo motociclistas, dos quais 691 com feridos graves e 6 óbitos. “Esses números, embora já alarmantes, são apenas uma parte do panorama”, explicou.
De acordo com dados levantados pela área, no primeiro semestre de 2024 a situação se agravou significativamente. O Corpo de Bombeiros atendeu mais de mil ocorrências, mais de 70% envolvendo motocicletas. “O mais preocupante é que, apenas nos primeiros seis meses deste ano, já tivemos 10 óbitos relacionados a acidentes com motocicletas”, enfatizou.
Segundo ele, este aumento alarmante não é apenas um número, é uma realidade que afeta famílias, comunidades e nossa sociedade como um todo. A gravidade das lesões e fatalidades associadas a esses acidentes é uma questão que não podemos ignorar”, ressaltou Souza, lembrando que Foz do Iguaçu tem nas ruas 40 mil motos. “É imperativo que abordemos os desafios e busquemos soluções eficazes para a prevenção de acidentes.”
Acidentes no percurso
A preocupação da Itaipu é que muitos(as) empregados(as) também são vítimas de acidentes. A usina registrou oito acidentes de deslocamento entre casa e trabalho e vice-versa, dos quais 6 envolveram motocicletas. “Esses números ressaltam a necessidade urgente de medidas preventivas e de conscientização”, defendeu Souza.
“Nosso objetivo é explorar estratégias e práticas que possam contribuir para a redução desses índices preocupantes, discutindo medidas de segurança, técnicas de condução defensiva, e a importância da educação contínua para motociclistas”, pontuou por sua vez o colega paraguaio Juan Marcelo Valiente, integrante da Cipa.
A ideia é inspirar a todos(as) a adotar práticas mais seguras e a trabalhar juntos para criar um ambiente de trânsito mais seguro dentro e fora da usina”. A Divisão de Segurança do Trabalho alerta também que além do intenso tráfego em Foz do Iguaçu, hoje há diversas obras de reformas e ampliação em andamento na malha viária de Foz. Interdições, desvios, afunilamentos e pistas provisoriamente sem sinalização horizontal (pinturas) exigem dos condutores uma postura ainda mais preventiva.
Tombos de campeão
O empregado Márcio Bortolini, da Assessoria da Diretoria Financeira, já foi piloto de motovelocidade e instrutor de pilotagem. Com toda essa experiência, ele alerta que é preciso treinamento constante, desenvolver poder de reação preciso para cada ocasião e habilidade em frenagem, usando os equipamentos e as ferramentas necessários, entre outros requisitos. Como piloto, ele foi duas vezes campeão brasileiro de motovelocidade, mas sofreu 79 tombos ao longo da carreira.
“Ao longo da vida, vi muitos colegas sofrerem graves lesões e até morrerem por decisões erradas na direção. É muito importante que Itaipu dê dicas de direção defensiva para seu público, que possam ser replicadas fora da usina”, disse Bortolini. A plateia interagiu o tempo todo com o palestrante.
A paraguaia Sandra Alice Flores Velasquez, da Divisão de Apoio Operacional, que fez teste de frenagem na parte prática da atividade, torce para que o encontro passe a ser um curso, para que mais e mais pessoas possam aprender dicas importantes sobre direção defensiva.
Karin Becker Marques, da Divisão de Laboratório, achou muito importante a visão que o palestrante trouxe para o encontro. “Ele trouxe a realidade da vida dele, mostrando que todos nós estamos expostos a riscos, e o é necessário saber e fazer numa situação de emergência”. Desde os 19 anos ela pilota moto e conta que esse tipo de ação educativa faz a gente “refletir, se autoanalisar, além de ter a oportunidade de trocar experiência com outras pessoas que conhecem mais sobre o assunto”.
Para Luciano Muller, da Auditoria Interna, esse encontro é interessante para relembrar detalhes essenciais sobre direção defensiva. “A gente tem algum tipo de treinamento quando tira a carteira de motorista, mas não costuma passar por nenhum tipo de reciclagem. Então, a gente acaba relembrando algumas dicas de segurança para não se envolver em nenhum tipo de risco ou de acidente.”
Sidney dos Santos Franco, da Superintendência de Serviços Gerais, acredita que a ação educativa vai além do aprendizado do curso.
“Para começar, acho importante a gente ter paz no trânsito. Afinal de contas, uma moto não tem nada para proteger o motorista, comparada a um carro, por exemplo. Itaipu está de parabéns com essa iniciativa, porque se preocupa com a nossa participação no trânsito como cidadão e também com a nossa saúde física como trabalhadores. É uma integração. O motociclismo é uma comunidade bem unida e a gente acaba tendo isso aqui também na empresa”, finalizou.
Veja algumas recomendações:
Mín. 22° Máx. 30°