O Brasil deve assumir um papel de liderança nas iniciativas do biogás. É o que acreditam os participantes do World Biogas Association (WBA) Congress Brazil 2024, o Congresso da Associação Mundial do Biogás, realizado nesta terça-feira (1º), no Viale Cataratas Hotel, em Foz do Iguaçu (PR). O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, participou da abertura do evento e falou sobre o papel da Binacional em apoiar o Governo Federal, por meio de pesquisas e investimentos na tecnologia do biogás e em outras fontes de energia renovável.
Segundo a diretora executiva da Associação Mundial do Biogás, Charlotte Morton, “os olhos do mundo estão no Brasil”. Em 2024, o País assumiu a presidência do G20, sediando as reuniões do grupo, e se prepara para realizar a COP30, em Belém (PA), em 2025. “Estamos aqui não apenas por causa da liderança renovada do Brasil na cooperação global, mas porque o Brasil é um exemplo do poder da bioenergia, com um grande potencial de biogás e um foco político claro no biogás do futuro”, afirmou.
Charlotte destacou o papel do Brasil no lançamento da Aliança Global de Biocombustíveis, em 2023, ao lado do Índia. Este foi um dos motivos de realizar o Congresso no País, concomitante às reuniões ministeriais do G20, em Foz do Iguaçu. “Realmente, o Brasil está falando a mesma língua que nós falamos na WBA”, resumiu. No final de outubro, a 2ª edição do congresso será realizada em Nova Delhi, na Índia.
Na segunda-feira (30), os participantes do Congresso fizeram uma visita à Unidade de Demonstração de Biogás e BioSyncrude, uma alternativa sintética ao petróleo, plantas localizadas na Central Hidrelétrica de Itaipu. Charlotte desconhece outros casos de usinas hidrelétricas que investem em outras fontes de energia renovável, em especial o biogás, como faz Itaipu.
“Nós trouxemos pessoas de mercados de biogás muito avançados ao redor do mundo e eles ficaram surpresos ao ver que a instalação da Itaipu é muito mais avançada do que os mercados mais avançados. Essa planta de biogás pode gerar muito valor para facilitar as empresas a entender como elas podem desenvolver novos produtos que possam ter um valor maior. Acho isso fantástico”, concluiu Charlotte.
Segundo Enio Verri, as iniciativas da Itaipu no desenvolvimento da cadeia do biogás já acontecem há 15 anos, o que ajudou, inclusive, a criar um marco regulatório nacional sobre o tema. “A história de Itaipu é uma história de comprometimento com o meio ambiente e com a construção de alternativas energéticas. E isso não começou agora em 2024, desde 2008 já existe esse debate. Portanto, a nossa experiência com o biogás surge de um compromisso que está em nossa missão, de produzir energia de qualidade barata, mas também com este compromisso socioambiental”, destacou o diretor.
Congresso Mundial de Biogás
O congresso Brasil 2024 é organizado em parceria com a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), e tem a Itaipu Binacional com patrocinadora. Ele reúne autoridades governamentais, líderes empresariais e especialistas globais para discutir o papel do biogás na transição energética do País, com foco no desenvolvimento do biogás e da bioeconomia no Brasil.
No primeiro painel, “Descarbonização da cadeia alimentícia”, especialistas debateram como a geração de energia com o biogás pode reduzir os resíduos orgânicos e o impacto no efeito estufa. Além de Charlotte, participaram do painel o diretor de Sustentabilidade Ambiental e Conformidade da América Latina da PepsiCo, Luis Zavaleta; o pesquisador sênior da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kinz; e o consultor do Departamento de Planejamento do Governo do Estado do Paraná, Rodrigo Regis.
Segundo Charlotte, a humanidade produz 105 bilhões de toneladas de resíduos orgânicos todo ano, um potencial imenso de produção de energia por meio do biogás, podendo atingir de 6 a 9% do consumo energético mundial. Também poderia reduzir em um terço o consumo do gás natural, gerando de 10 a 15 milhões de empregos na cadeia do biogás.
O Congresso também abordou temas como os compromissos do Brasil com o Global Methane Pledge, cujo objetivo é reduzir as emissões globais de metano em pelo menos 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020; e o papel do país na Aliança Global de Biocombustíveis - aliança lançada durante a Cúpula do G20 de 2023, que contou com a participação de países, incluindo o Brasil e a Índia, em colaboração com outras nações e organizações internacionais.
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