Passadas as eleições, os resultados da participação das mulheres nas câmaras legislativas começam a surgir. Segundo levantamento realizado pelo G1, o número de vereadores no país cresceu proporcionalmente ao total de vagas para o cargo, 13% entre as eleições de 2020 e de 2024. Há quatro anos, foram eleitas 9.371 (16,13 %) mulheres e, no pleito do último domingo, o Brasil votou em 10.634 (18,24 %) candidaturas femininas.
Em números absolutos, e sem considerar que o total de vagas nas câmaras municipais teve aumento nesse período devido ao crescimento da população brasileira, são mais 1.232 vereadoras em todo o país. Ou seja: houve uma pequena ascensão.
Evolução das mulheres eleitas nas últimas eleições municipais:
– 2004: 6.548 (12,63 %)
– 2008: 6.489 (12,53 %)
– 2012: 7.652 (13,33 %)
– 2016: 7.810 (13,50 %)
– 2020: 9.371 (16,13 %)
– 2024: 10.634 (18,24 %)
Já o portal Gênero e Número constatou que, entre os 5.457 prefeitos e prefeitas eleitos, 57% são homens cis brancos, 29% homens cis negros, 9% mulheres cis brancas e 4% mulheres cis negras. Para cada mulher negra eleita prefeita no primeiro turno, há 13 homens brancos também eleitos.
Já no segundo turno, serão 15 mulheres cis, sendo 10 brancas e 5 negras. Em contrapartida, os homens cis são 89, ao todo: 69 brancos, 19 negros e 1 amarelo.
O resultado deixa evidente que ainda há um enorme fosso na representatividade feminina e negra na política, mesmo as mulheres sendo a maioria do eleitorado de 2024, representando 52% do total, com 81.806.914 eleitoras. Os homens correspondem a 48%, somando 74.076.997 eleitores, conforme informou o TSE.
Atenta a este cenário, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), coordenadora da Bancada Feminina e da Secretaria da Mulher da Câmara, criticou o fato de que, em mais de 700 cidades, algum partido deixou de cumprir a cota mínima de 30% de candidaturas femininas. “A maioria das candidatas reclamou da falta de repasse dos recursos financeiros para a campanha. Algumas não receberam qualquer quantia”, protestou.
Benedita disse ainda que outras tantas denunciaram diferentes formas de violência política cometida não apenas pelos adversários, mas também por seus colegas de partidos ou eleitores. “Como seremos candidatas, se os partidos políticos não investirem verdadeiramente na preparação, na formação e na candidatura de mulheres? Como teremos interesse em nos candidatar, se a maioria dos partidos nos chama para cumprir a cota apenas às vésperas da eleição? Por uma obrigação formal?”, indagou.
A coordenadora da Bancada Feminina informou que fará cumprir, sim, na Justiça, o fato de não terem dado às mulheres o percentual e os recursos necessários para que elas fossem candidatas, tivessem visibilidade na televisão e nos programas, tivessem o recurso necessário para as suas campanhas. “Foi vergonhoso o que aconteceu neste País com as mulheres”, afirmou.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do G1, TSE, Gênero e Número e PT na Câmara
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