O secretário estadual de Segurança do Rio, Victor dos Santos, afirmou que “certamente” será decretada uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para a cúpula de chefes de Estado do G20, que será realizada dias 18 e 19 de novembro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A declaração foi dada a jornalistas em uma coletiva de Santos com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubo, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), região central do Rio.
Sarrubo se reuniu com a cúpula da Segurança do Estado após os episódios de violência ocorridos na cidade do Rio na semana passada, como um tiroteio entre traficantes e policiais militares na Avenida Brasil, que deixou três mortos na última quinta-feira (24). Segundo o secretário fluminense, a decretação da GLO para o encontro de líderes das maiores potências mundiais não tem relação com os episódios e é comum em grandes eventos.
“Em todos os grandes eventos que envolvem chefes de Estado de outros países, a GLO é uma regra. Temos que entender que o Brasil é o país anfitrião e tem a responsabilidade de garantir a segurança de todos. A decretação é um ato do governo federal, mas que já estava previsto“, afirmou, conforme transcrição no Valor Econômico. “Então, essa GLO vai ser certamente decretada, mas como já seria, já estava sendo combinado antes, durante as reuniões”, completou.
Ele lembrou que os militares atuaram em outros eventos de grande porte realizados no Rio, como a Rio-92, a Rio+20 e as Olimpíadas de 2016. Ainda de acordo com o secretário estadual, a operação será estendida a toda a capital fluminense, e não limitada ao entorno do Parque do Flamengo. Além do MAM, onde será a reunião de líderes, a casa de shows Vivo Rio servirá de base para a imprensa, e a Marina da Glória como ponto de apoio para as delegações.
Representante do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o secretário nacional de segurança destacou que a decisão final cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse ter “convicção” de que o encontro do G20 ocorrerá com “toda segurança (…), da melhor maneira. A decisão de GLO é uma decisão do Presidente da República e não cabe a mim fazer qualquer observação. O que nós fizemos ao longo dos últimos meses foi, de fato, um diálogo muito intenso, com reuniões seguidas. Nós acreditamos e temos a mais absoluta convicção de que o G20 ocorrerá com toda segurança, aliás, como é praxe aqui no Rio de Janeiro e no Brasil”, disse, citando as experiências dos Jogos Pan-Americanos, da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
Victor dos Santos também afirmou que todos os fuzis já apreendidos ao longo deste ano em municípios fluminenses foram fabricados nos Estados Unidos, garantindo garantiu que já há informações de inteligência sobre o caminho que estes armamentos percorrem até chegar ao Brasil. Ainda assim, apontou dificuldades para se enfrentar o problema.
“O desafio não é pequeno. Nós temos mais de 17 mil quilômetros de fronteira seca. Mais de 7,5 mil quilômetros de fronteira marítima. O Brasil é um país de dimensões continentais. A gente vê outros países com recursos muito maiores que o Brasil e não conseguem sequer fechar uma fronteira por conta de imigração. Então a dificuldade é grande“, afirmou, conforme transcrição no portal Agência Brasil. Segundo Victor dos Santos, o Brasil deve fazer gestões com qualquer país que figure como local de origem das armas que estão chegando ao Rio de Janeiro.
“A gente sabe que uma grande parte desses fuzis vem dos Estados Unidos. Muitos deles vão de forma legal para outros países e depois são desviados para cá. Vamos buscar fazer um trabalho junto ao Consulado. Talvez contar com uma representação junto à ATF [Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos Estados Unidos], que é a agência que fiscaliza e reprime esse tipo de crime“, explicou.
Aprofundar o entendimento sobre a rota dos armamentos será uma das tarefas do grupo de trabalho que será composto por representantes das forças de segurança do estado e do Ministério Justiça e da Segurança Pública (MJSP). Sua criação foi definida em reunião ocorrida nesta terça-feira (29) para tratar dos episódios de violência registrados na semana passada, quando três inocentes foram mortos durante confronto entre policiais e organizações criminosas na Avenida Brasil, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. O foco central do novo grupo de trabalho é a investigação das finanças das organizações criminosas e a retomada dos territórios.
“Nós estamos pensando agora muito mais na estruturação de uma rede de inteligência que possa entender e analisar a economia do crime em determinados territórios. E a partir daí, substituirmos essa economia pela economia do Estado, pela economia legal, que gera renda e gera também impostos para o Estado, de forma que que possamos ter uma sociedade civil organizada, que é o que todos nós pretendemos“, explicou o secretário nacional de segurança pública do MJSP, Mário Luiz Sarrubbo.
“Não se trata mais de pensar só em operação policial. Queremos saber para onde está indo esse dinheiro e de onde ele vem. Qual é o ciclo econômico que domina determinado território? Como tantos fuzis chegam ao Rio de Janeiro? Nós já sabemos o caminho, então também vamos trabalhar nesse campo. É muito fuzil para pouco metro quadrado“, acrescentou. Sarrubbo avaliou ainda que o fuzil “é um símbolo do domínio territorial” e que o cenário atual demanda um enfrentamento mais qualificado.
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