
No dia 22/11 (sábado) o mandato do Deputado Elton Welter (PT) realizou uma plenária estadual no município de Toledo/PR. A plenária reuniu lideranças de movimentos populares e sindicais de todo o estado, como o objetivo de confraternizar, debater a política nacional e estadual e, também, festejar o aniversário do deputado que acontece no dia 23/11, um dia depois da plenária. Dos 300 municípios onde o mandato do deputado tem articulações políticas e tem colaborado com a população, se fizeram presentes representantes de 70 deles. Entre lideranças políticas como prefeitos, vereadores e lideranças populares, participaram da plenária pelo menos 1000 pessoas que lotaram o Centro de Eventos Desiré Refosco, no município de Toledo, onde aconteceu a plenária. Durante a atividade o Deputado concedeu uma entrevista exclusiva para o representante do Jornal Coluna do Meio no município de Toledo, Luciano Egidio Palagano, que segue transcrita a seguir:
Coluna do Meio: Como o senhor avalia a preparação nacional para a COP 30 no contexto do recente desastre ambiental ocorrido em Rio Bonito, e os outros dois tornados que, no mesmo dia, aconteceram na região dos Campos Gerais aqui no Paraná? Qual é a responsabilidade do Governo do Paraná, em sua visão, e quais medidas urgentes o senhor defende para conciliar desenvolvimento econômico e prevenção de tragédias ambientais no estado?
Dep. Elton Welter: A prioridade do estado brasileiro é garantir sustentabilidade ambiental, social e econômica. Exatamente nessa ordem. Todo projeto que visa buscar o desenvolvimento tem que dar a garantia de que não vai contaminar o meio ambiente, os rios. As florestas têm que ser preservadas e tem que plantar mais florestas e recuperar solos degradados, criar caminhos que a gente garanta que as gerações futuras não nos condenem. Estamos vendo o aquecimento global, estes fenômenos climáticos, essas ações extremas da natureza... estão vindo com mais frequência. Às vezes é muita chuva, às vezes é seca e às vezes esses tornados. Então todo o trabalho preventivo deve ser feito como política pública de Estado.
Coluna do Meio: E o senhor acha que o governo do Paraná tem atuado neste sentido?
Dep. Elton Welter: Muito, muito timidamente o governo do estado tem feito isso. Acho que o pessoal, às vezes, fica mais na fala só e não na prática. Então tem que ter políticas públicas de médio e longo prazo que garantem sustentabilidade.
Coluna do Meio: Como o senhor avalia a aliança entre determinados partidos do centrão, alguns com cargos no governo Lula inclusive, e a extrema-direita na Câmara dos Deputados com o objetivo de alterar o teor do texto do Projeto de Lei Antifacção encaminhado pelo governo para a Câmara? Qual a sua avaliação sobre o resultado da votação recente? O senhor acredita que o governo vai conseguir “virar o jogo”, e se não conseguir, quais as possíveis consequências para o combate ao crime organizado no país se esse projeto virar lei da forma como ele está?
Dep. Elton Welter: A saída é vetar qualquer dispositivo legal que enfraquece a força da Polícia Federal, a articulação conjunta com a Receita Federal e o COAF, para ter o controle da atividade financeira. Parece que alguns setores da sociedade, em especial o “Centrão”, não querem que se vigiem, que se acompanhem o andar de cima. Então, a legislação que foi votada não ficou boa, o processo legislativo devia aperfeiçoar o processo de integração das forças de segurança da União e dos estados para fortalecer o combate ao crime organizado. E o que o projeto quer é fragilizar, até tirou dinheiro da Polícia Federal. Achei meio absurdo isso, acho que o Senado conserta isso. E se não consertar, acho que o Lula tem que vetar esses artigos e mandar uma lei complementar, se for o caso, falando exatamente das funções da Polícia Federal que não podem ser restringidas nesse PL.
Coluna do Meio: A indicação de José Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) gerou alguns debates, inclusive dentro do campo progressista. Na opinião do deputado, qual o critério político e jurídico que o senhor considera essencial para um nome ao STF neste momento? E será que o governo não perdeu uma chance nesse momento? Uma chance histórica de indicar um nome mais diretamente ligado aos movimentos sociais? Por exemplo, uma mulher negra, talvez?
Dep. Elton Welter: Então... É uma prerrogativa do presidente a indicação dessa vaga. Uma escolha pessoal do presidente Lula, o perfil do Messias é um perfil assim... um profundo conhecedor..., ele é da Advocacia Geral da União, foi muito competente durante todo esse período. E eu acho que vai fazer um bom trabalho lá. Espero que o Senado aprove o nome, é uma prerrogativa do presidente, uma escolha do presidente. Outros nomes vieram também, mas como é uma escolha pessoal do presidente, fica até difícil a gente opinar. Eu conheço o Messias, eu acho que ele é tecnicamente muito competente, ele tem uma concepção muito clara do que é o Estado Democrático de Direito e certamente vai ser um grande guardião da Constituição, se for aprovado pelo Senado.
Coluna do Meio: O modelo de terceirização da gestão administrativa e a militarização de escolas estaduais, propostas pelo Governo do Paraná, têm sido alvo de intensa crítica de sindicatos da área de educação. Ao mesmo tempo, o Paraná vivencia uma situação crítica no aumento, cada vez maior, de casos de adoecimento docente. O senhor acredita que exista uma conexão entre as políticas estaduais para a educação e o aumento nos casos de adoecimento docente no Estado? E qual a sua posição sobre essas políticas?
Dep. Elton Welter: Eu sou totalmente contra a terceirização de qualquer serviço de educação, essa questão de colocar militares nos colégios, eu sou contra, contra isso. E isso está afetando a saúde mental, sim, tanto de professores como do pessoal do quadro administrativo. Acho que a gente tem que tentar ganhar eleição para mudar esse modelo. Esse modelo não é um modelo que obedece a lógica do interesse da comunidade, é um modelo, na minha visão, retrógado e contra o interesse da democracia interna das escolas. E eu acho que atenta diretamente contra aquilo que a LDB, a lei de diretrizes de base de educação, define, que o Conselho Nacional de Educação define. Eu escuto muito essas organizações da comunidade e escuto a educação, esse modelo para mim não serve.
Coluna do Meio: Ainda na esteira do debate sobre privatização/terceirização, o governo Ratinho Júnior tem avançado com o projeto de privatizações no estado. Se somam às terceirizações nas escolas a recente privatização da Copel, empresa estratégica para o Paraná. Agora, o governo estadual avança com o projeto de privatização da Celepar, outra empresa estratégica para o Paraná, apesar de não ser tão conhecida da população. No caso da venda da Copel, passados dois anos, quais são, para o senhor, os principais prejuízos que a saída do controle estatal trouxe para o consumidor e para o desenvolvimento regional do Paraná? E no caso da Celepar, quais os riscos que a sua privatização/desmonte traz para o cidadão paranaense, uma vez que esta empresa hospeda todo o banco de dados governamental do estado, guarnecendo, desta forma, informações pessoais de todos os cidadãos do Paraná?
Dep. Elton Welter: Olha, a Copel, na minha visão, era... é uma empresa de desenvolvimento. Quando foi vendida, ela deixa de ter o caráter estratégico de fomentar o desenvolvimento do Estado. Você pode induzir o desenvolvimento a partir da energia elétrica. Então isso, agora, com a privatização ficou muito limitado. O Estado vai ter que pagar para induzir. Antes podia usar eventuais lucros da Copel, enquanto estatal, para desenvolver determinado setor. Então isso não me agradou, achei um erro, um equívoco pelo caráter estratégico que ela tem. A CELEPAR não é diferente, a CELEPAR armazena dados! Eu vejo que tem que ser de controle público e espero que a gente vença esse debate nas cortes do Judiciário.
Coluna do Meio: Voltando para a situação ambiental, ao tema de Rio Bonito, a população paranaense tem demonstrado bastante solidariedade no processo de reconstrução e ajuda às famílias daquele município. Aqui mesmo nessa plenária temos várias doações que serão levadas para Rio Bonito. Nesse sentido tem sido simbólica a ação do MST nesse processo. A brigada do MST tem se mostrado fundamental na reconstrução da cidade e na ajuda às pessoas atingidas pelo tornado. O senhor poderia comentar um pouco sobre esse processo de solidariedade e como os movimentos sociais se tornam vetor e motor da solidariedade coletiva nesses momentos de tragédia?
Dep. Elton Welter: A luta dos movimentos sociais, eu tiro o chapéu, eles são uma benção do ponto de vista da luta social por justiça social. E o movimento sempre se faz presente em épocas de catástrofes e grandes sinistros, não foi diferente lá no Rio Grande do Sul, o pessoal vai lá, monta suas cozinhas, manda um voluntário para ajudar a reconstruir. Está sendo muito bonito! Então, todo esse apoio ao movimento é imprescindível. Eu apoio os movimentos sociais, eu acho que o MST faz um trabalho brilhante, ele luta por justiça social e em casos como esse mostram o quanto eles são generosos do ponto de vista da solidariedade e do companheirismo para tentar amenizar a dor e a dificuldade de reconstruir as casas de quem foi atingido pelo tornado do Rio Bonito. Então estão todos de parabéns nesses movimentos, eu reconheço, ajudo muitos movimentos, também seu parceiro e acho que o Brasil está comovido com o que aconteceu em Rio Bonito. Tem ajuda estruturante da União, e do estado também, e dos municípios vizinhos, né. Mas, no trabalho do dia a dia lá, realmente o movimento social está fazendo a diferença.
Coluna do Meio: E para finalizar a nossa conversa, hoje Bolsonaro tentou fugir. O ex-presidente, ao que tudo indica, tentou fugir e acabou sendo preso. E provavelmente agora será decretada à prisão definitiva, talvez na semana que vem. O ministro Alexandre Moraes já convocou uma reunião extraordinária da Primeira Turma do STF para segunda-feira. Se o senhor quiser comentar um pouquinho sobre essa situação.
Dep. Elton Welter: Ah, sim! Eu acho que o Bolsonaro teve todo o seu direito de defesa garantido, preservado. Eu acho que o filho dele instou um movimento para fazer vigília na frente do condomínio dele e a própria Polícia Federal percebeu que isso poderia ser um artifício para atrapalhar, caso fosse decretada à prisão oficialmente pela Suprema Corte. Pelo Xandão e sua equipe lá. Eles decidiram prendê-lo preventivamente para evitar, inclusive, problemas na operação que decretasse a prisão dele. Então, eu acho que é uma medida acertada, todo o seu grupo teve o amplo direito de defesa, não conseguiram provar inocência, conspiraram contra a democracia e o crime deles é muito grave. Então, eu acho que a lei não está acima de ninguém, a lei tem que ser igual para todos, como foram condenados já muitos outros que participaram dos atos do dia 8 (tentativa de golpe do 08/01), agora chegou no andar de cima, o andar de cima foi o culpado, foi o grande artífice, tanto é que as penas foram até maiores para eles.
Coluna do Meio: Algum recado para os leitores do Brasil, de fato, que vão ler essa matéria?
Dep. Elton Welter: O Coluna do Meio, é um órgão de comunicação que defende a democracia, defende a liberdade de expressão e pensamento e reconheço isso, tenho acompanhado e lido. E certamente presta um grande serviço para o Brasil e para a democracia.
Coluna do Meio: Certo! Muito obrigado, deputado, pelo tempo disponibilizado e pela entrevista!
Texto, Entrevista e Transcrição:
Luciano Egidio Palagano















