Ficar nos lugares onde não há reciprocidade. Não é pra qualquer um. É para os fortes. Para aqueles que tem uma visão mais apurada. Do dar e receber. Para aqueles que ainda tem a força. Que possuem a dispensa cheia de quem são e serão. Que buscam seu preenchimento em lugares improváveis. Buscam o seu alimento em fontes particulares.
Porque não há investir sem receber. Não há se esvaziar e continuar em pé. Não há dar sem receber.
Quem se dá precisa de alguma forma receber. De algum lugar. Novamente se preencher. Para continuar. De pé. E ser. Quem é. Inteira. Senão não vai. E não é. E não será. Não por muito tempo. Não sairá mais do lugar.
De alguma fonte o alimento vem. Precisa vir. Sem reciprocidade o caminho é curto. É restrito. É enfraquecido. É finito.
Não há o que esperar. Do que mesmo não tem. E não terá. O tempo terá que ser curto. Abreviado. Nem sempre quem pede poderá retornar. Nem sempre você poderá esperar. Nem sempre valerá a pena sequer se aproximar. É perigo. É cilada. É manipulação. Insistir algum fruto de uma árvore seca. Alguma sombra. Ou algum retorno.
E tem muitos lugares assim. Que gritam por atenção. Presença. Gritam de muitas fomes. Fomes até que não tem nome. De quem já não tem o que oferecer. Nem gratidão. Nem generosidade.
O caminho se faz na reciprocidade. Entre as trocas. Entre dar e receber. Senão não há caminho. Não há energia para continuar.
O carro não anda sem combustível. Sem cuidados. Sem reparos. E sem atenção o coração adoece.
De algum lugar o seu alimento deve vir. Em algum momento o retorno deveria vir. E na medida. Justa. Honesta. Para você poder continuar. Continuar inteira. No caminho. Conseguindo caminhar. Cuidado. Só fique se há reciprocidade. Respeito. Integridade. Não se afaste da fonte que te alimenta. Que te permite ser quem você é. Que te sustenta. Só fique, se há reciprocidade. Igualdade. Só fique onde você ainda continua sendo você.
Cladesnei Estefânia Schneider