Pessoas esperam de você. Aquelas que estão bem, esperam sorrisos. Aquelas que lutam, esperam colaboração. Aquelas que estão tristes esperam um colo ou palavras de conforto. As muito tristes, já não esperam. Nada de ninguém. Se reservam em seu próprio mundo. Em silêncio.
Cada pessoa que vem. Vem de uma maneira. A sua maneira. Carregando as suas bagagens. Que não vemos. Não mostram o seu mundo. Às vezes nem conseguimos alcançar. Na imaginação ou compreensão. Mas, mesmo assim, na ânsia de entender, costuramos nossos conceitos. Com o que temos. Nosso entendimento. Nossos preconceitos. Que são construídos na realidade que vivemos. Às vezes tão distante. Onde um vale enorme divide você e o outro. Mas você quer trazer para perto. Para a sua realidade. Quem não consegue. O coração não chega. O esforço é muito grande. Precisa transpassar um abismo. Gigante. E muitas vezes sozinho. Sem auxílio. Sem empatia. Nem compreensão. Onde o outro que chega está? Qual é esse lugar? O que ele tem? Qual a distância que nos separa? De que é feito o seu coração?
Nós queremos proximidade. Nós queremos familiaridade. Queremos reciprocidade. Queremos intimidade. Onde não tem. Onde só há distância e indiferença. Porque não chega o coração. É tão longe. E tão fechado em si mesmo. Quem poderá entrar no mundo do outro? Quem terá essa habilidade? De empatia e disposição? Quem terá essa coragem? De entrar e se achegar? Se achegar no lugar do outro. Onde ele mora. No seu entendimento. E sofrimento. Só consegue aquele que faz alguma coisa para diminuir as distâncias. De querer chegar. Se colocar no lugar. Que se dispõe. Ele tem um discurso diferente. Outros pensamentos. Essa pessoa. Ela acredita que pode fazer alguma diferença. Ela se importa. Verdadeiramente. E se põe no caminho. Revela outro coração. Anda na contramão. Do mundo. Tem misericórdia. Tem compreensão. Sensibilidade. Tem um olhar mais profundo. De tudo que os olhos podem e não podem ver. Ela acredita que os abismos podem ser vencidos. Ou parte deles. As distâncias podem ser encurtadas. Já é alguma coisa. Mesmo pequena. Já é tanto. Então as palavras poderão ser ouvidas. E quem sabe logo, uma comunicação. Algum entendimento. Alguma aproximação. Para corações tão sedentos. De aceitação. De colo. De amor. Para quem quer. Para quem tiver coragem. E fé. De sair do seu lugar e ir ao encontro do outro.
Cladesnei Estefânia Schneider