Quando alguém falar de você. Você pode prestar atenção. Com equilíbrio. Com respeito. Com empatia. Você é só o motivo do agora. É o assunto que veio. Como um livro. Como a um filme. Você é o conteúdo mais perto. Que toca. Provoca. Mais presente. Que evocou algum sentido. Motivo. Sentimento. De incomodação. Perturbação. Constrangimento. Irritação. Ira. Admiração. Empatia. Você é o conteúdo escolhido. Que atrai. Que chama alguma atenção. Por alguma razão. O que é bom. Essa é a forma de você contribuir. Descontruir. Questionar. Tirar alguém do seu lugar. Mudar a sua visão. Desestabilizar. O que está ali latejando. Incomodando. Tirando a paz. Você é o dedo na ferida. Mesmo sem nem perceber. E nada fazer.
Se falarem de você é sobre o olhar. O que a interpretação alcançou. Do que há no coração. Da clareza. Do discernimento. Do conhecimento. Da maturidade. Do lugar de tantas falas. Das bocas. Talvez tão sujas. Agressivas. Violentas. Do que elas se alimentaram. A gente não pode controlar. Tantos corações enganosos. E tantos olhos escurecidos. Que não querem enxergar. Tantos passos vacilantes. Que não querem se encontrar.
Se falarem de você até que é bom. Basta você perceber. É revelação. De quem são. E do que há no coração. Qual é a falta. Qual é a fome. Do que precisam se alimentar. Você saberá qual é o vazio que mais grita. O que incomoda. Qual é essa fome. Se é dignidade. Proximidade. Carência. E talvez você até tenha para oferecer. Um pouco do seu tempo. Das suas palavras. Da sua presença e afeto. Do seu caminho. De maturidade. Um prato de realidade. Do seu chão. Mostrar as suas feridas. Os seus calos. E contar a sua história. Aquela que ninguém sabe. E que ninguém vê. Talvez o conhecimento seja um bom alimento. Para sarar um coração. Azedo. Amargo. Precisando de perdão.
Quando falarem de você. Você é só mais um motivo. De um pedido de socorro. De um coração que dói. Que sangra. Mas quem consegue ver?
Cladesnei Estefânia Schneider