Decepção.Ora ou outra ela vem.Ela é viajante. Chega geralmente quando a gente está desprevenido. E aí que vem, como um susto, um soco, uma armadilha, que a gente cai sem esperar. Às vezes se machuca, tonteia, bambeia, as pernas, os gostos, os sentimentos. Mas mesmo assim a gente vai e faz até de conta que não viu ou não sentiu, o nó na garganta, o aperto no peito e a incomodação. Porque nem sempre a gente acredita, logo, porque a gente não quer mesmo é creditar.
Outras, a gente reage impulsivamente, grita, se revolta, faz um barraco, percebendo o tamanho da cegueira, e que estava ignorando todos os sinais.
E ela vem justamente no dia quando você subiu a escada, da alegria, da paz, da confiança. Subiu um pouco mais alto, nos seus conceitos, fazendo o seu melhor ou lá junto com suas esperanças, sonhos e espectativas.
E é nesses dias que o tombo é tão mais alto, intenso e destruidor. Se a gente não subisse tão alto, nas expectativas e nos desejos. Se a gente ficasse mais perto do chão, a dor não seria tão intensa, nem tão difícil a recuperação da tal decepção.
Mas é certo, que ora ou outra ela vem. Nas suas diferentes intensidades. Expressas nas diferentes realidades da vida.
Talvez num nível que nem todo mundo pode chegar ou alcançar. De leitura, interpretação, oportunidade ou reciprocidade.
E já que você está lá, no movimento da vida, é inevitável a gente não se perder e não se decepcionar. Porque a decepção está relacionada com o que e de quem tanto se espera, e que não tem pra dar ou esperar.
A decepção é resultado de quem sobe muito e se afasta do chão da realidade. O chão é começo e também fim. Então você emudece e se fecha. Se isola e desanima. E não quer mais tentar voar.
A decepção vem na mesma altura e intensidade que os nossos sonhos, desejos e esperanças estiveram. Se manter lá não é pra qualquer um. Precisa saber voar. E bem! Imagina o tombo então. Imagina a dor e a indignação. Porque a gente se machuca, cai lá do alto das nossas ilusões. A gente anda num nível desnecessário, querendo o que não consegue alcançar. Querendo o que nem precisa. Quem vive mais perto da realidade encontra a sua amiga conhecida, a Realização.
Cladesnei Estefânia Schneider